Exemplos de Figuras de linguagem
As figuras de linguagem são recursos linguísticos utilizados para enriquecer, dar mais beleza e intensidade à expressão.
Existem muitos tipos de figuras de linguagem. Para compreendê-las melhor, vamos conhecer alguns exemplos das figuras mais utilizadas:
Metáfora:
- Mas que doce surpresa.
- As esperanças murchavam pouco a pouco.
- Leila é um anjo.
- Aquele indivíduo é um jumento.
A metáfora é uma figura de linguagem em que se usa uma palavra em substituição a outra pela semelhança de significado que elas possuem.
Leia também o significado de metáfora e veja outros exemplos de metáfora.
Comparação:
- Leila é bondosa como um anjo
- Aquele indivíduo é tão ignorante quanto um jumento.
- A explicação deixou tudo claro como um domingo de sol.
- "A vida vem em ondas como o mar". (Nelson Mota)
A comparação ocorre quando um elemento é comparado a outro a partir de uma característica comum, por meio de partículas de comparação ("como", "tal qual", etc.)
Saiba mais sobre a comparação.
Metonímia:
- Gosto muito de ler Vinícius de Moraes. (o autor pela obra)
- Tomei uma garrafa de café. (o continente pelo conteúdo)
- Floriano é um bom garfo. (o instrumento pela pessoa que o utiliza)
- Joana usa Bombril para arear as panelas. (a marca pelo produto)
A metonímia ocorre quando há a substituição de uma palavra por outra relacionada.
Saiba mais sobre metonímia.
Catacrese:
- A receita leva três dentes de alho.
- A sopa estava tão quente! Queimei o céu da boca.
- Cuidado! O pé da mesa está quebrado.
- Escrevo numa folha de papel.
- Explodiu a cauda do avião.
Catacrese é o uso de uma palavra com o significado diferente do usual. A palavra é utilizada por falta de um termo mais adequado.
Conheça mais sobre a catacrese.
Eufemismo:
- Ele foi convidado a se retirar da empresa.
- O cachorrinho dela foi para o céu.
- João foi punido pela mãe porque faltou com a verdade.
- Frederico entregou a alma ao Criador.
- Ela sofria de mal de Hansen.
No eufemismo, utiliza-se uma expressão para dar mais suavidade à informação que se deseja transmitir. A figura de linguagem é frequentemente utilizada em situações negativas, quando se deseja diminuir o impacto da informação.
Veja o artigo sobre eufemismo e conheça outros exemplos de eufemismo.
Disfemismo:
- Ele foi expurgado da empresa em que trabalhava.
- Ele é um ser desprezível.
- É um compositor medíocre, um poetastro.
- Juquinha era um demônio em forma de criança.
O disfemismo é a figura de linguagem oposta ao eufemismo. Nela, opta-se pelo emprego de termos mais impactantes para o reforço de uma mensagem negativa.
Personificação:
- O mar me disse que caminho tomar.
- "As ondas lambem minhas pernas, o sol abraça o meu corpo..." (Lulu Santos)
- "Meu cachorro me sorriu latindo." (Roberto Carlos)
- Os sinos convidam para a missa.
- A morte roubou-lhe o filho menor.
A personificação ou prosopopeia é a atribuição de características ou ações humanas a coisas inanimadas.
Saiba mais sobre personificação ou prosopopeia.
Sinestesia:
- Era a primeira vez que eu sentia o sabor da solidão.
- A dança era quente e empolgou os espectadores.
- Sinto o cheiro da vitória!
- "Alga marinha vá na maresia/ Buscar ali um cheiro de azul" (Djavan)
Sinestesia é o nome dado à figura de linguagem relacionada a associação dos sentidos (tato, olfato, paladar, visão e audição).
Saiba mais sobre sinestesia.
Ironia:
- Estudou tanto que não acertou nenhuma questão do exame.
- Fiquei muito feliz com o seu atraso.
- Cheguei no aeroporto e perdi meu voo. Era tudo o que eu queria!
- É um aluno aplicadíssimo. Chega sempre no final da aula.
- Você está linda! Onde escondeu a vassoura que a transportou até aqui?
Na ironia, usam-se palavras com um sentido diferente do que se deseja expressar. Nessa figura de linguagem, as palavras utilizadas indicam o oposto daquilo que realmente significam.
Para entender melhor, leia sobre ironia e veja outros exemplos de uso da ironia.
Paradoxo (oxímoro):
- "Um silêncio tão doente do vizinho reclamar" (Chico Buarque)
- Eles dedicaram a vida a essa guerra santa.
- "Eu tô te explicando pra te confundir, eu tô te confundindo pra te esclarecer." (Tom Zé)
- "Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo." (Carlos Drummond de Andrade)
Paradoxo ou oxímoro é uma figura de linguagem que expressa ideias que possuem uma contradição interna de difícil ou impossível solução, o que faz com que a frase não possua uma lógica aparente.
Saiba mais sobre oxímoro.
Perífrase:
- O Imperador marcou o gol da seleção na final da Copa América. (o jogador Adriano)
- "Detalhes" é a minha música preferida do Rei. (Roberto Carlos)
- Tiradentes foi condenado à morte. (Joaquim José da Silva Xavier)
- A cidade das mangueiras é cheia de encantos. (Belém do Pará)
- O rei dos animais está na jaula. (leão)
A perífrase, ou antonomásia, é a substituição de um nome por um apelido ou uma alcunha.
Saiba mais sobre perífrase.
Pleonasmo:
- Quando encontrar a escada, é só subir pra cima.
- Vou dividir a melancia em duas metades iguais.
- Ela disse que a entrega foi adiada para depois.
- "Eu nasci há dez mil anos atrás". (Raul Seixas e Paulo Coelho)
No pleonasmo existe redundância, ou seja, são usadas duas ou mais palavras que possuem o mesmo significado e transmitem uma ideia já explicitada no texto.
Leia mais sobre o pleonasmo.
Antítese:
- Tristezas e alegrias fazem parte da nossa vida.
- Ele pensava sobre o assunto dia e noite.
- Joana vai todos os dias à aula, faça chuva ou faça sol.
- "Abaixo vai a terra, abismo em treva!/ Acima, o firmamento em luz!" (Castro Alves)
Na antítese são usadas palavras que possuem sentidos opostos, ou seja, termos com significados contrários entre si. O uso da antítese pode ajudar a destacar uma ideia de contraste desejada pelo autor.
Conheça mais sobre a antítese.
Hipérbole:
- Eu passei o dia todo morrendo de sono.
- Ela ficou horas esperando para encontrar uma vaga de estacionamento.
- Seu choro fez um vale de lágrimas.
- Já expliquei um milhão de vezes e você ainda não entendeu.
A característica da hipérbole é a expressão de exagero intencional, para dar mais destaque à ideia transmitida.
Veja mais sobre a hipérbole e o que é sarcasmo?
Gradação:
- No início do ano, eu prometi melhorar; no meio do ano, já estava satisfeito se não piorasse; agora, no final, me contento em conseguir terminar o ano mesmo.
- O dia, que era para ser entediante, se tornou emocionante e acabou como o dia mais insano de toda a minha vida.
- Entrei e pedi a atenção da turma, falei alto para tentar me fazer ouvir, quando percebi, estava berrando pedindo silêncio.
- “Oh, não aguardes, que a madura idade/ Te converta em flor, essa beleza/ Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.” (Gregório de Matos)
Gradação é o nome dado à figura de linguagem que explora a evolução de uma ideia, atingindo um clímax ou anticlímax.
Anáfora:
- "É ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer". (Luís de Camões)
- Ela não foi à aula ontem, ela estava viajando.
- "Quero inventar o meu próprio pecado. Quero morrer do meu próprio veneno. Quero perder de vez tua cabeça. Minha cabeça perder teu juízo." (Chico Buarque)
- "Tudo, tudo parado; parado e morto." (Mário Palmério)
A anáfora é uma figura de linguagem que usa a repetição de termos. Nessa figura de linguagem, a palavra é retomada ao longo do texto para destacar a ideia da mensagem, deixando-a em evidência.
Veja mais sobre o significado de anáfora.
Apóstrofe:
- Valha-me, Nossa Senhora!
- Ó, meu Deus!
- Ai, Jesus!
- "Ó Deus! Onde estás que não respondes?" (Castro Alves)
Apóstrofe é a invocação de algo ou alguém enfaticamente.
Elipse:
- Somos estudiosos (omissão de "nós")
- Na terra, tanta guerra (omissão de "há")
- "Abri a porta, apareci." (Dominguinhos) (omissão de "eu")
- "Vieste na hora exata, com ares de festa e luas de prata." (Ivan Lins) (omissão de "tu")
Elipse é a omissão de termos de uma sentença que não foram citados anteriormente, mas que podem ser facilmente identificados pelo contexto.
Saiba mais sobre elipse.
Zeugma:
- Ele estudava matemática e ela, física. (omissão de "estudava")
- Pedro era pedreiro e José, lavador de carros. (omissão de "era")
- Maria acordou, tomou café e foi para o trabalho. (omissão de "Maria")
- "A onda que me carrega é a mesma que me traz." (Paulinho da Viola) (omissão de "onda").
- "Meu coração só pede teu amor/ Se não me deres, posso até morrer." (Gilberto Gil) (omissão de "teu amor")
Zeugma ocorre quando há a omissão de um termo citado anteriormente.
Saiba mais sobre zeugma.
Silepse:
- Vossa senhoria foi muito atencioso. (silepse de gênero)
- A turma corria e gritavam por socorro. (silepse de número)
- Os brasileiros somos simpáticos e solidários, gostamos de ajudar. (silepse de pessoa)
- O grupo, ao perceber que as reivindicações não seriam atendidas, optaram por manter a greve. (silepse de número)
Silepse ocorre quando a concordância é transmitida pelo sentido da mensagem, não pela regras gramaticais.
Saiba mais sobre silepse.
Polissíndeto:
- "e tudo acabou, e tudo fugiu, e tudo mofou, e agora, José?" (Carlos Drummond de Andrade)
- Nem a Guanabara. Nem o Corcovado. Nem o Pão de Açúcar. Nada disso é trabalho nosso. (Viriato Correia)
- E trabalha, e estuda, e sua, e passa no concurso.
Polissíndeto é a repetição de conectivos (por exemplo, "e", "ou" e "nem) em uma sentença.
Assíndeto:
- Entrei, pedi, veio, comi, paguei, fui embora.
- Entrou correndo, não falou com ninguém, pegou as coisas e saiu.
- Trabalha, estuda, sua, passa no concurso.
Ao contrário do polissíndeto, o assíndeto é a omissão dos conectivos de uma sentença.
Anacoluto:
- Tu, acho até que já podias ter ido.
- “O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”. (Rubem Braga).
- Eu, meu dinheirinho voa antes do final do mês.
- Este livro, Deus me ajudou muito.
Anacoluto representa uma mudança repentina, uma interrupção, na estrutura de uma frase.
Saiba mais sobre anacoluto.
Hipérbato:
- "De dois grandes namorados, de duas grandes paixões sem freio, nada mais havia ali, vinte anos depois..." (Machado de Assis)
- "De muito gorda a porca já não anda. De muito usada a faca já não corta." (Chico Buarque)
- Que o juízo final há de chegar, não duvido.
- Inocente ele pode dizer que é, mas eu não acredito.
O hipérbato, ou inversão, é a mudança da ordem direta de uma oração.
Onomatopeia:
- "No tic tic tac do meu coração renascerá." (Timbalada)
- "Plunct Plact Zum! Não vai a lugar nenhum! (Raul Seixas)
- "Splish splash fez o beijo que eu dei/ Nela dentro do cinema" (Roberto Carlos)
A onomatopeia é uma figura de linguagem sonora que consiste na imitação de um som.
Saiba mais sobre onomatopeia.
Aliteração:
- "Paramos pensamos profundamente. Por que pobre pesa plástico, papel, papelão pelo pingado, pela passagem, pelo pão?" (GoG)
- "Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela. Será que ela mexe o chocalho ou chocalho é que mexe com ela? (Chico Buarque)
- “Chove chuva, chove sem parar” (Jorge Bem Jor)
A aliteração é a utilização reiterada de um som consonantal (som produzido por consoantes).
Saiba mais sobre aliteração.
Assonância:
- “Minha foz do Iguaçu, polo sul, meu azul, luz do sentimento nu." (Djavan)
- "O olho tosco, o rosto, sopro, gosto ruim. O dado, o olho tosco, o rosto, solto ruim." (Otto)
- "E no dia lindo vi que vinhas vindo, minha vida." (Guilherme de Almeida)
A assonância é semelhante à aliteração, no entanto, ocorre com a utilização reiterada de um som vocálico (som de vogal) das sílabas tônicas.
Paronomásia:
- "Vistes as diferentes cores dos homens, as diferentes dores dos homens." (Carlos Drummond de Andrade)
- "Quem com ferro fere com ferro será ferido." (Dito popular)
- "Quem casa quer casa." (Dito popular)
A paronomásia consiste na utilização em uma mesma frase de palavras de sons iguais ou semelhantes.