6 exemplos de movimentos sociais ao redor do mundo
Os movimentos sociais podem acontecer em território local, nacional ou até mesmo global. São organizações coletivas que lutam por uma determinada causa.
Abaixo listamos alguns dos movimentos sociais mais conhecidos ao redor do mundo:
1. Movimento Feminista
O movimento feminista, também conhecido como o movimento pelo direito das mulheres, tem por característica ser um movimento estrutural, ou seja, que busca desconstruir a longo prazo o machismo, um aspecto presente na estrutura social. Esse movimento teve seu início no período da Revolução Francesa.
Os movimentos feministas da primeira onda do século XIX e início do século XX se concentravam nos direitos legais das mulheres, especialmente no direito ao voto.
Nos anos 1960 e 1970, a segunda onda feminista, surgida nos Estados Unidos, buscava direitos e oportunidades iguais entre homens e mulheres e a maior liberdade pessoal para as mulheres.
Essa segunda onda tocou em todas as áreas da vida pessoal e social das mulheres - incluindo política, trabalho, família e sexualidade.
O ativismo organizado por e em nome das mulheres continua até os dias atuais, espalhando-se globalmente. Seu maior objetivo é acabar com a desigualdade entre os gêneros.
Um exemplo do manifestação do movimento feminista é a Marcha das Vadias, que se iniciou em Toronto, no ano de 2011, e se espalhou pelo mundo inteiro.
No Brasil, a Marcha das Vadias ganhou força em 2014, e tinha o foco em protestar pelo direito da mulher usar roupa e se comportar da maneira que quiser.
2. Movimento Negro
O movimento negro é a organização que luta contra o racismo e pela melhoria da qualidade de vida das pessoas negras. Apesar de estar presente de forma global, o movimento negro norte-americano, também conhecido como o movimento dos direitos civis americanos, é o mais conhecido.
Foi um movimento de protesto em massa contra a segregação racial e a discriminação no sul dos Estados Unidos, que ganhou proeminência na década de 1950.
Esse movimento teve suas raízes nos escravos africanos e seus descendentes, e tinha por objetivo resistir e combater à opressão racial e abolir a instituição da escravidão, por isso tem como forte característica ser um movimento estrutural.
Por meio de protestos não-violentos, o movimento dos direitos civis dos anos 1950 e 1960 quebrou o padrão de instalações públicas que promoviam a segregação por “raça” no Sul dos Estados Unidos. Assim, alcançaram um importante avanço na legislação de direitos iguais para afro-americanos.
Embora a aprovação da legislação dos direitos civis tenha sido vitoriosa para o movimento, militantes negros começaram a entender a sua luta como um movimento de liberdade.
Por isso, não buscavam apenas reformas dos direitos civis, mas enfrentavam a duradoura crise econômica, política e social, e as consequências culturais da opressão racial do passado.
Por se tratar de um movimento estrutural, as manifestações contra o racismo continuam em várias partes do mundo. Em maio de 2020, após a morte de George Floyd, um norte-americano negro morto por policiais, milhares de protestos se espalharam pelos Estados Unidos e pelo mundo.
No Brasil, assim como nos Estados Unidos, o movimento negro remonta o período da escravidão e foi responsável pela conquista de muitos direitos para a população negra. Uma das principais bandeiras do movimento, atualmente, é o fim da violência policial.
Protestos no Brasil, com o mesmo cunho dos que aconteceram por Floyd, exigiram o fim da violência após a morte de João Alberto Silveira, morto por um segurança de uma grande rede de supermercados.
Veja também Os 5 momentos mais importantes na luta contra o preconceito e o racismo e Black Power: significado e história do movimento.
3. Movimento Estudantil
O ativismo estudantil é o caminho utilizado por alunos em prol de mudanças políticas, ambientais, econômicas ou sociais. Embora muitas vezes focados em questões das escolas e universidades, grupos de estudantes sempre influenciaram grandes eventos políticos.
Sua maior característica é ser um movimento de transformação, por reivindicar novas regras e feitos. O ativismo estudantil é constantemente associado à política de esquerda, já que os movimentos estudantis de direita não são comuns. Grandes grupos de estudantes lutaram contra o apartheid na África do Sul, por exemplo.
O ativismo estudantil em nível universitário é quase tão antigo quanto a própria universidade. Estudantes em Paris e Bolonha, por exemplo, organizaram ações coletivas no início do século XIII, principalmente sobre questões da própria cidade.
Nos Estados Unidos, a inquietação estudantil adquiriu conotações políticas durante a Revolução Americana (1765 - 1783). No final do século XIX, muitos estudantes americanos abraçaram as novas teorias do socialismo e do comunismo e passaram a colocar estes postulados em seus movimentos.
Já no Brasil, o movimento estudantil ganhou maior força na década de 1970, com os grêmios de estudantes contra o regime militar.Os estudantes brasileiros fizeram parte de grandes manifestações contra o sistema e decisões políticas.
Uma das mais famosas foi a manifestação conhecida como Caras-pintadas, em 1992. Um grande movimento estudantil que pedia o impeachment do então presidente Fernando Collor.
Os estudantes e movimentos estudantis brasileiros têm o apoio de grandes organizações não governamentais como o DCEs (Diretórios Centrais Estudantis), as UEEs (Uniões Estaduais dos Estudantes) e a UNE (União Nacional dos Estudantes).
4. Movimento Operário (ou trabalhista)
O movimento operário começou no século XIX, quando houve um grande aumento no número de desemprego e da marginalização social, um conjunto de consequências da Revolução Industrial. Por isso, é um movimento tradicional, que luta pelas classes.
Foi em contexto da precarização das condições trabalhistas, que surgiram os primeiros movimentos sociais dos operários. No século XIX, os principais movimentos foram:
- Ludismo ou Movimento Ludista: por acreditarem que as máquinas estavam tirando o emprego dos homens, os trabalhadores criaram o movimento ludista, uma destruição em massa das máquinas. Esse movimento demonstrava descontentamento dos operários com as máquinas, que passaram a substituir boa parte dos trabalhos manuais.
- Cartismo: conhecido também como "Carta do Povo", o cartismo tem sua origem na Inglaterra. Seu objetivo foi reivindicar um espaço político no Estado para os interesses dos trabalhadores, além do aumento salarial e boas condições de trabalho.
- Sindicalismo: o maior objetivo desse movimento é demonstrar que os sindicatos devem defender e governar os direitos dos trabalhadores frente ao poder político. Esse movimento durou do século XIX até o século XX.
Para reivindicar seus interesses e direitos, os trabalhadores se manifestaram por meio de greves. Esse recurso trabalhista é utilizado até hoje para tentar conquistar melhorias trabalhistas.
No Brasil, uma das maiores manifestações do movimento operário foi a greve de 1917, em que milhares de trabalhadores exigiam melhores condições de trabalho e aumento salarial.
5. Movimento Ambientalista
Também conhecido como Movimento Ecológico ou Movimento Verde, está caracterizado nos chamados "novos movimentos sociais" e compõem diferentes correntes em prol da preservação do meio ambiente.
Sua maior reivindicação é a proteção ambiental para promover uma vida sustentável e de qualidade. É caracterizado por ser um movimento de transformação, que visa melhorar a relação das pessoas e empresas com o meio ambiente.
Em 1970, o ambientalismo se disseminou rapidamente pelo mundo inteiro, fazendo surgir inúmeros grupos influentes como o Movimento Chipko na Índia e o Greenpeace, fundado no Canadá em 1971.
A partir da década de 1980, o ambientalismo se multiplicou e consagrou a importância da educação ambiental para uma mudança geral de hábitos. Além de lutar contra os desafios ambientais já bem conhecidos, como:
- poluição;
- uso intensivo de agrotóxico;
- desmatamento;
- a perda da biodiversidade;
- a caça excessiva e o comércio ilícito de espécies selvagens;
- urbanização descontrolada;
- esgotamento dos recursos hídricos;
- manipulação genética, aquecimento global.
No Brasil, o movimento ambientalista ganhou força em 1950 e passou a ganhar apoio de ONGs, como a União Protetora do Ambiente Natural e a Fundação Brasileira para Conservação da Natureza. Atualmente, a principal bandeira ambientalista brasileira é a preservação da Floresta Amazônica.
Veja também as 7 formas de ajudar a preservar o meio ambiente.
6. Movimento LGBTQIA+
O movimento social LGBTQIA+ (sigla que significa: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexual e mais) surgiu na Europa, ainda no século XX. É um movimento estrutural, que luta contra a homofobia e pela garantia dos direiros dos homossexuais e casais LGBTQI+.
No Brasil, o movimento nasceu no final de 1970, predominantemente formado por homens homossexuais. Em sua pauta, o movimento luta pelos direitos civis que defende a igualdade de direitos para toda a comunidade LGBT.
Alguns dos principais objetivos do movimento são:
- Eliminação das leis que proíbem atos homossexuais entre adultos que consentiram;
- Luta contra a homofobia e violência contra homossexuais;
- Fim da discriminação contra gays e lésbicas no emprego;
- Liberação de empréstimos de crédito, habitação, acomodações públicas e outras áreas da vida que são proibidas em diversos países;
- Criminalização da homofobia.
O que são os movimentos sociais?
Os movimentos sociais são ações coletivas de um grupo de indivíduos que defende e luta por alguma causa ou por um objetivo em comum, seja para transformar ou buscar a manutenção de algo dentro de uma sociedade.
Essa ação tem uma demanda política ou social, podendo ser contra ou a favor do Estado. Independente de qual seja o movimento, ele sempre tem uma pauta, ou seja, um propósito para defender.
Os movimentos sociais surgiram como consequência da Revolução Francesa e da Revolução Industrial, ainda no século XIX. Com o aumento do desemprego, das baixas condições salariais e da marginalização, grupos de operários passaram a reivindicar direitos trabalhistas.
Os movimentos sociais da época eram então compreendidos como o proletariado contra a burguesia. Porém, após a segunda metade do século XX, os ditos "novos movimentos sociais" passaram a surgir para reivindicar modelos diferentes de mudanças sociais.
Saiba mais sobre o que são os movimentos sociais.
Tipos de movimentos sociais
Os movimentos sociais podem agir em diversos âmbitos. Os mais conhecidos são o trabalhista, ambiental, político, racial, gênero, entre outros.
Ou seja, qualquer grupo de pessoas que defenda, lute e corrobora para uma causa é considerado um movimento social. Porém, os movimentos sociais podem ser caracterizados em maneiras diferentes:
- Movimento de transformação: são criados para modificar algum aspecto político ou social através de reivindicações;
- Movimento de conservação: esse tipo de movimento social surge para manter algum aspecto político ou social;
- Movimentos tradicionais: ocorridos principalmente no século XIX, após a Revolução Industrial, esses movimentos possuem temas voltados para classes sociais, com uma grande luta entre o proletariado e a burguesia;
- Movimentos novos: são aqueles que têm em sua luta questões de classes, porém sua maior pauta é de cunho identitário, ou seja, são minorias que pedem representatividade e voz dentro da sociedade;
- Movimento conjuntural: são aqueles que aparecem em uma conjuntura. É um movimento que se organiza e se estrutura de acordo com uma demanda instantânea, em uma situação específica;
- Movimento estrutural: é aquele que tem demandas e objetivos que serão conquistados em longo prazo. Ou seja, demanda uma alteração completa na estrutura social. Um exemplo de movimento estrutural é o movimento negro, contra o racismo.