Lendas folclóricas brasileiras
As lendas folclóricas são um conjunto de histórias e contos de folclore, passadas de geração em geração por meio da oralidade. As lendas estão presentes no imaginário coletivo há séculos e retratam a história e cultura dos povos.
Lendas folclóricas brasileiras são narrativas tradicionais sobre histórias fantásticas que refletem a cultura, os valores e as crenças do povo brasileiro. No Brasil, devido à grande miscigenação, o folclore está entre os mais ricos do mundo.
As lendas brasileiras têm origem indígena, africana e europeia e, em alguns casos, originam-se da interação entre essas diferentes culturas.
As lendas nacionais apresentam elementos sobrenaturais, seres fantásticos, personagens perigosos e eventos extraordinários, que geralmente trazem alguma moralidade ou exploram algum costume. São exemplos: a lenda do Saci-pererê, da Iara, da Cuca e do Boto.
Conheça algumas das mais conhecidas lendas folclóricas brasileiras:
Lenda do Saci-pererê
É uma das lendas mais famosas do Brasil e data do século XVIII. O saci pererê é um menino negro de uma perna só, que fuma cachimbo e usa uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos. Segundo a narrativa, quem conseguir tirar sua carapuça tem o direito de realizar um desejo.
O saci é um menino travesso e brincalhão e em alguns lugares é considerado maldoso. Ele gosta de fazer brincadeiras e travessuras e adora aprontar na cozinha. O saci faz o leite derramar, coloca sal nos alimentos e também queima as comidas no fogão.
Reza a lenda que seria possível capturar o saci pererê jogando uma peneira dentro do seu redemoinho. E para aqueles que estiverem sendo perseguidos por ele, a dica seria jogar uma corda com nós para o saci, pois ele iria parar para desatá-los — sendo o momento ideal para fugir.
Acredita-se que o saci teria nascido de um broto de bambu e que quando morre, ele se torna um cogumelo venenoso.
Saiba mais sobre o Saci-pererê.
Lenda do Curupira
O curupira é uma criatura de cabelo vermelho, com os pés virados para trás. A origem dessa lenda é tupi-guarani e existem relatos sobre ele desde o período colonial.
Curupira é um protetor da flora e da fauna brasileira, ele castiga todos os que fazem algum mal à natureza. Seus pés seriam invertidos justamente para confundir aqueles que desejam o seguir.
Lenda da Mula Sem Cabeça
A mula sem cabeça é um monstro com corpo de mula e no lugar da sua cabeça está uma chama de fogo. Segundo a lenda, a mula seria uma mulher que se envolveu com um padre e como castigo recebeu essa maldição.
Acredita-se que todas as noites de quinta para sexta ela iria até uma encruzilhada e então se transformaria na besta, que percorre povoados, assustando animais e pessoas.
Ao encontrar uma mula sem cabeça, seria importante deitar-se no chão virado para baixo e esconder as mãos, pois se a mula encontrar uma pessoa, ela chupa seus olhos, unhas e dedos.
Dizem que é comum escutar a mula sem cabeça chorando e que seu choro se pareceria com o de uma mulher.
Lenda da Iara
Segundo essa lenda, Iara era uma indígena muito bonita, que despertava a inveja de muitos, até mesmo de seus irmãos. Por isso, seus irmãos decidiram levar Iara até a floresta para matá-la.
Entretanto, ela conseguiu se salvar, mas acabou matando seus irmãos e como castigo foi jogada no encontro das águas do Rio Negro e Rio Solimões. A partir de então, Iara se tornou uma sereia — seu nome, em tupi, significa "senhora das águas".
Iara é seria uma sereia linda, que atrairia os pescadores para matá-los. Eles ficariam hipnotizados com seu canto e seu olhar, e muitos acabariam morrendo afogados no rio quando vão ao seu encontro.
Lenda do Boitatá
Boitatá é uma lenda de origem tupi-guarani e significa "cobra de fogo". O boitatá é uma enorme serpente que vive no fundo do rio e que protege as matas e os animais. Foram encontrados relatos dessa lenda em 1560, escritos por José Anchieta.
Essa serpente, apesar de viver em baixo da água, seria coberta por fogo. Acredita-se que a origem da lenda se deva ao fenômeno do fogo-fátuo, que permite a liberação de faíscas na superfície de pântanos e lagos, decorrente do gás metano liberado na decomposição de animais mortos e vegetais. Diz-se que quem olhar diretamente para o boitatá, poderá ficar cego.
Lenda do Boto
A lenda folclórica do boto é originária da região amazônica. Segundo a narrativa, nas noites de festa junina, o boto sairia da água e se transformaria em um homem muito charmoso. Chegando à festa, ele escolheria uma moça para conquistar e levá-la ao fundo do rio, deixando-a grávida.
Por conta dessa lenda, é comum que os filhos com paternidade desconhecida na região Norte sejam chamados de "filho do boto".
Entenda melhor o que é o folclore e o folclore brasileiro.
Lenda do Negrinho do pastoreio
O negrinho do pastoreio é uma lenda afro-cristã do sul do Brasil e era contada por aqueles que defendiam o fim da escravidão. A lenda é sobre menino negro e escravizado, que após perder acidentalmente um cavalo, teria sido maltratado pelo senhor das terras.
Após chicotear o menino, o senhor o teria amarrado em um formigueiro. No dia seguinte, para a surpresa do senhor, o menino estava em pé, ileso e ao seu lado estava a Virgem Maria e o cavalo perdido. O menino então teria beijado a mão da santa, subido no cavalo e ido embora.
Veja também o que é uma lenda.
Lenda do Lobisomem
O lobisomem é uma lenda de origem europeia. Esse personagem é um monstro com metade do corpo na forma de lobo e a outra metade na forma de homem. Ele se alimentaria de sangue e costumaria aparecer nas noites de lua cheia.
Lenda da Cuca
A cuca é uma velha malvada com cara de jacaré. É uma história com origem portuguesa e se assemelha ao conto do bicho-papão. Segundo a lenda, a cuca pegaria as crianças desobedientes e que não querem dormir.
É por conta da lenda que existe a canção de ninar: "nana neném, que a cuca vem pegar, papai foi para a roça, mamãe foi trabalhar".
Lenda do Chico Rei
A lenda do Chico Rei é originada na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. A narrativa conta que Francisco, Chico, um rei africano trazido à força ao Brasil para ser escravizado.
Chico teria sido rei do Congo e foi forçado ao trabalho nas minas de Ouro Preto, sob condições muito difíceis. Chico Rei teria sido um homem sábio e carismático que, apesar das dificuldades, conseguiu reunir dinheiro suficiente para comprar sua alforria (liberdade) de seus companheiros escravizados.
A figura de Chico Rei também está ligada à construção da Igreja de Santa Efigênia dos Pretos, em Ouro Preto, onde se diz que ele teria escondido uma grande quantidade de ouro. Chico Rei é celebrado todos os anos da festa folclórica da Congada.
Lenda do Uirapuru
É lenda menos conhecida, sobre um pássaro mágico da Amazônia. A lenda conta que um indígena era apaixonado por uma mulher casada, a esposa do cacique (líder indígena) da aldeia.
Entristecido por seu amor impossível, o indígena pediu ajuda ao deus Tupã para que colocasse fim ao seu sofrimento. Tupã transformou o indígena em um pássaro, o uirapuru, que canta uma bela melodia.
Assim, o indígena poderia se aproximar da sua amada e maravilhá-la com sua melodia. O verdadeiro pássaro uirapuru é um símbolo de boa sorte.
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