Ponto e vírgula (;)
O ponto e vírgula (;) é um sinal de pontuação que indica uma pausa intermediária entre a vírgula e o ponto. É utilizado para indicar uma pausa mais longa do que a vírgula, mas menos marcante do que o ponto.
Devido a essa imprecisão da duração do intervalo do ponto e vírgula, sua utilização depende consideravelmente do contexto. Contudo, existem algumas regras gerais para sua utilização, que enumeraremos a seguir.
Segundo as regras gramaticais, a letra que vem depois do ponto e vírgula deve ser minúscula. Isso ocorre porque o ponto e vírgula não encerra uma frase, mas apenas indica uma pausa maior do que a da vírgula.
Quando usar ponto e vírgula
1. Para separar orações em um período
O ponto e vírgula é utilizado para separar, num período, orações com certa extensão.
Exemplos:
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"Numa manhã chuvosa levantei-me; a melancolia tomou conta de mim."
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"Joana não sabe contar mentiras; é toda gentileza e carinho."
2. Para separar partes do período com vírgulas internas
O sinal de pontuação tem a função de separar partes de um período (orações), tendo, pelo menos uma delas, vírgulas internas.
Exemplos:
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"Chamo-me Pedro; ele, Leandro."
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"Era tarde da noite; mas, depois que todos foram dormir, saí pela rua afora."
3. Para separar itens de uma enumeração
Utiliza-se ponto e vírgula para separar itens de uma enumeração simples ou de documentos oficiais, como leis, decretos, portarias, regulamentos, etc.
Exemplos:
Para o passeio de amanhã, é necessário levar:
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guarda-chuva ou capa de chuva;
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galochas;
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documento de identificação;
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lanche;
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dinheiro trocado para o ônibus.
Lei de diretrizes e base da educação nacional (LDB)
Art. 3º: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais;
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
4. Para prolongar a pausa antes de conjunções adversativas
O sinal de pontuação pode ser utilizado para prolongar a pausa antes de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, etc.), substituindo a vírgula.
Exemplos:
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"Ele era talentoso; porém, não alcançou o reconhecimento que merecia."
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"Estudamos bastante; contudo, não conseguimos resolver todos os problemas."
5. Para separar, num período, orações simétricas
Exemplo:
"Não é o clássico da língua; não é o mestre da frase; não é o árbitro das letras; não é o filósofo do romance; não é o mágico do conto; não é o joalheiro do verso, o exemplar sem rival entre os contemporâneos da elegância e da graça, do aticismo e da singeleza no conceber, e no dizer; é o que soube viver intensamente da arte, sem deixar de ser bom." (Rui Barbosa)
6. Para separar orações coordenadas adversativas quando o verbo precede a conjunção
Exemplos:
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"Lúcia pediu comida pelo aplicativo; chegou, porém, com atraso."
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"Amava os pais mais que tudo; partiu, contudo, sem lhes dizer adeus."
7. Em orações de caráter distributivo
Exemplo:
"As tarefas foram distribuídas da seguinte forma: Ana e Eduardo organizarão os documentos na sala de reuniões; Carla e Marcos cuidarão das reservas de hotel; Luana verificará os voos disponíveis; João ficará responsável por preparar a sala para a apresentação."
8. Em comparações e contrastes
Exemplo:
"Os estudantes apresentaram desempenhos distintos na prova: alguns se destacaram pela precisão nas respostas; outros, no entanto, evidenciaram uma habilidade notável na interpretação de textos."
Diferença entre ponto e vírgula (;) e vírgula (,)
Vírgula e o ponto e vírgula são sinais de pontuação que indicam pausas na leitura. A vírgula indica uma pausa curta, enquanto o ponto e vírgula indica uma pausa maior, entre a vírgula e o ponto.
A vírgula é empregada para separar elementos de uma mesma oração, como vocativo, adjunto adverbial ou oração reduzida de gerúndio.
O ponto e vírgula, por sua vez, é empregado para separar elementos de uma mesma oração já estão separados por vírgulas, para separar orações coordenadas e para separar itens em enumerações.
Diferença entre ponto e vírgula (;) e dois pontos (:)
O ponto e vírgula (;) e os dois pontos (:) são sinais de pontuação que desempenham funções distintas na língua portuguesa.
Enquanto o ponto e vírgula é utilizado para indicar uma pausa mais longa do que a vírgula e mais curta que o ponto, os dois pontos são empregados para introduzir uma explicação, uma enumeração, uma citação, ou uma conclusão.
Os dois pontos sinalizam que o que segue tem uma relação específica com o que foi anteriormente mencionado, indicando uma espécie de continuação ou elaboração. Exemplo: "Existem três cores que gosto muito: azul, verde e vermelho."
Curiosidades sobre o ponto e vírgula
Acordo ortográfico e a mudança na grafia
Até poucos anos atrás, a grafia do sinal de pontuação era "ponto-e-vírgula". No entanto, quando o último acordo ortográfico entrou em vigor (2016), a grafia sofreu modificações, removendo os hifens ("ponto e vírgula").
Tatuagem
O símbolo do ponto e vírgula tem sido adotado por pessoas que enfrentam problemas de saúde mental como um símbolo de esperança e resiliência.
Foi escolhido pelo Projeto Semicolon, uma organização americana fundada em 2013 para promover a conscientização sobre a saúde mental.
O ponto e vírgula é um símbolo de pausa, mas não de fim. Na vida, assim como em uma frase, as dificuldades podem nos fazer parar, mas não devem nos fazer desistir.
A tatuagem de ponto e vírgula, portanto, é um lembrete de que a vida é cheia de possibilidades, e que sempre há tempo para continuar a escrever nossa história.
Bibliografia:
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BECHARA, Evanildo. Gramática Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2009.
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CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro, Lexikon, 2013.
Veja também: