O que é alienação para Karl Marx

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Para o filósofo alemão Karl Marx, a alienação é uma espécie de mecanismo social capaz de deslocar o trabalhador do seu lugar de produtor para o de consumidor.

Assim, o trabalhador deixa de se identificar com o produto final que constrói, sem o reconhecer.

E abandona a ideia de que o que foi produzido lhe pertence. Possibilitando a manutenção da exploração do trabalho.

A alienação do trabalho aconteceria devido ao modelo de produção capitalista.

Conceito de alienação

A definição de alienação pode variar conforme a disciplina ou o teórico que a estuda. No senso-comum também é usual a utilização do termo para caracterizar alguém que "vive fora da realidade".

A palavra alienado tem origem no latim e significa "o que é de fora", "que pertence ao outro" ou "o que não sou eu/meu".

Entretanto, o conceito na teoria marxista se difere. Está principalmente relacionado à exploração do trabalho e à luta de classes.

Para Marx, uma sociedade dividida em classes sociais será um espaço em que existe a exploração do trabalho. Da mesma forma, em uma sociedade de classes, as ideias predominantes serão as que pertencem às classes dominantes.

Segundo o pensador, as classes dominantes fariam com que os seus ideais fossem considerados naturais ou a verdade plena, para não serem contestados.

A classe dominante e também exploradora seria a burguesia, enquanto os explorados seriam o proletariado (trabalhadores).

Nessa dinâmica social, a burguesia teria tomado do proletariado os seus meios de produção.

A partir da apropriação dos meios de produção, a burguesia passa a ser a dona dos meios e do que é produzido, dando ao proletariado, como retribuição (pagamento) pela sua força de trabalho, somente uma pequena parte.

Mais-valia

Para Marx, seria chamado mais-valia, a parte do que foi produzido e não foi entregue ao trabalhador. Essa parte é alienada (retirada) do proletariado pelos donos dos meios de produção.

Ou seja, dessa maneira, o trabalhador sempre receberá um pagamento mais baixo do que o valor verdadeiro do seu trabalho.

Segundo o filósofo, foi durante a Modernidade, no século XV, que se iniciou a apropriação dos meios de produção pela burguesia. Enquanto, antes, o trabalhador era o produtor e dava (em forma de tributo ou impostos) uma porção do que produzia para a realeza ou o estado.

A partir do século XV, o trabalhador deixa de ser o dono do que produz e passa a receber a menor porção do foi produzido. A burguesia passa a ser a dona dos produtos e também dos meios de produção.

Como meios de produção, pode-se exemplificar, desde um rio onde é feita a atividade da pesca, uma fazenda produtora ou até uma fábrica. O espaço, a estrutura e o material capaz de possibilitar a produção, quando associadas às forças de trabalho.

Portanto, para Marx, existe uma alienação no momento em que o trabalhador deixa de se reconhecer como o produtor. A divisão do trabalho também faz com que o trabalhador não consiga se identificar com o produto final.

Por fazer somente uma das várias tarefas que compõe um processo de produção, o trabalhador não conseguiria se enxergar como o produtor do que foi construído. E se tiver interesse no produto final, terá de o adquirir como consumidor, pagando por meio do mercado econômico.

Alienação social e alienação econômica

Seria chamado alienação social, quando o trabalhador passa a se ver somente como consumidor, pagando pelo que produz. Trocando com o mercado o seu próprio trabalho.

O filósofo também afirma que a alienação econômica é a base de todo o fenômeno da alienação em uma sociedade capitalista. E está estabelecida sobre a apropriação dos meios de produção, transformados em propriedade privada da burguesia.

A alienação em Marx é uma conceituação que está relacionada à exploração do trabalho, a divisão do trabalho, o consumo e a economia capitalista.

Entenda mais sobre os conceitos de mais-valia e propriedade privada.

Fontes bibliográficas:

  • GRESPAN, J. Marx: uma introdução. Boitempo Editorial, São Paulo, 2021.
  • MÉSZÁROS, I. A teoria da alienação em Marx. Boitempo Editorial, São Paulo, 2017.
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