Anarquismo
Anarquismo é um sistema político que defende a anarquia e busca o fim do Estado e da sua autoridade. O anarquismo pretende a extinção das estruturas de hierarquia presentes na sociedade atual.
O termo anarquismo tem origem na palavra grega anarkhia, que significa "ausência de governo". Representa uma sociedade centrada no bem coletivo como resultado da livre associação entre as pessoas.
Uma pessoa anarquista é compreendida como aquela que luta contra todas as formas de opressão e, por consequência, recusa e não reconhece como legítimo o poder exercido pelo Estado.
Nesse sistema a constituição, o direito e as leis deixam de ter razão de existir, pois, as relações baseiam-se na autonomia dos indivíduos e grupos e no mutualismo.
O anarquismo recusa a reforma progressiva como meio de desenvolvimento do Estado. Para os anarquistas, a transformação da sociedade deverá ser fruto da destruição radical da ordem estatal através da ação direta, da luta e da resistência como princípio revolucionário.
O anarquismo foi desenvolvido pelo clérigo dissidente inglês William Goldwin e pelo jovem Proudhon e recebeu uma base filosófica da parte de Max Stirner.
Encontrou os seus seguidores mais importantes entre os primeiros russos social-revolucionários. Os seus principais representantes foram Bakunin e o príncipe Kropotkine, com Tolstói na sua vertente religiosa.
Face ao problema da propriedade dos meios de produção, há duas correntes: a individualista e coletivista. Relativamente à sua organização, há uma corrente anarcocoletivista (bakuninista) e outra anarcocomunista (kropotkiana).
Características do Anarquismo
- Busca o fim do Estado;
- Rejeita o poder estatal;
- Rejeita o autoritarismo;
- Livre associação entre as pessoas;
- Crítica ao capitalismo;
- Crítica a todas as formas de opressão;
- Crítica às diferenças entre as classes sociais e econômicas;
- Não nega a ordem social ou o desenvolvimento, mas sem a influência de um governo;
- Valorização de instituições econômicas e sociais que sejam formadas por membros voluntários;
- Contra a monopolização da propriedade (privada e pública);
- Exigência de um grande senso ético das pessoas para poder funcionar.
Tipos de Anarquismo
Apesar de a ideia central ser a mesma, o anarquismo divide-se em duas correntes diferentes. Isso acontece, pois alguns anarquistas têm opiniões distintas relativamente a um mesmo tema.
As principais correntes anarquistas são o anarquismo individualista e o anarquismo coletivista.
O anarquismo individualista se opõe ao anarquismo coletivista, pois crê que a coletividade pode acabar resultando em autoritarismo. Ele considera que, quando um grupo de indivíduos se une, esse grupo pode acabar exercendo alguma autoridade sobre os demais.
Por outro lado, o anarquismo coletivista se opõe ao anarquismo individualista, pois julga que o individualismo pode resultar na mesma lógica do capitalismo. Nesse caso, o poder ficaria centralizado, por exemplo, se um indivíduo acabasse por se destacar mais do que os demais em determinada atividade.
Diferenças entre o Anarquismo, Socialismo e Comunismo
O anarquismo se diferencia do socialismo e comunismo por ser o único movimento inimigo absoluto do estado. Contudo, o anarquismo compartilha com o socialismo e comunismo muitas das suas hipóteses e objetivos. Apesar disso, o anarquismo amadureceu bastante menos que o socialismo e comunismo, e não atua unitariamente em pontos importantes.
Os três movimentos são opostos à mentalidade e economia capitalista, mas têm formas bastantes diferentes de oposição.
Enquanto o socialismo e comunismo pretendem alterar o Estado, dando poder ao proletariado e tornando as propriedades coletivas, o anarquismo defende que o estado deve ser completamente abolido.
Para o anarquismo, qualquer forma de Estado, mais cedo ou mais tarde, se transformaria em um regime autoritário, opressor e de exclusão.
Anarquismo no Brasil
O anarquismo teve o seu início por volta de 1850 graças à influência de imigrantes vindos da Europa. Atingiu o seu ponto mais alto no século XX, pois era uma doutrina muito apreciada entre as classes operárias, o que gerou as grandes greves em São Paulo e Rio de Janeiro, em 1917, 1918 e 1919. O partido Comunista Anarquista ficou menos influente com a criação do Partido Comunista em 1922.
Apesar de ainda existirem no Brasil, alguns movimentos anarquistas, este não possuem a mesma relevância de outros tempos.
Bibliografia:
- COSTA, Caio Túlio. O que é anarquismo. São Paulo: Brasiliense, 2004.
-
PREPOSIET, Jean. História do Anarquismo. Coimbra: Edições 70, 2007.
Veja também: