Bullying: o que é, o que significa, causas e tipos
Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas. O termo surgiu a partir do inglês bully, palavra que significa tirano, brigão ou valentão, na tradução para o português.
No Brasil, o bullying é traduzido como o ato de bulir, tocar, bater, socar, zombar, tripudiar, ridicularizar, colocar apelidos humilhantes, entre outros. Essas são as práticas mais comuns do ato de praticar bullying. A violência é praticada por um ou mais indivíduos, com o objetivo de intimidar, humilhar ou agredir fisicamente a vítima.
O bullying geralmente é feito contra alguém que não consegue se defender ou entender os motivos que levam a tal agressão. Normalmente, a vítima teme os agressores, seja por causa da sua aparente superioridade física ou a influência que exercem sobre o meio social em que estão inseridos.
O bullying pode ser praticado em qualquer ambiente, como na rua, na escola, na igreja, em clubes, no trabalho e outros locais. Muitas vezes é praticado dentro da própria casa da vítima, ou seja, pelos seus próprios familiares.
Na justiça brasileira, a Lei 13.185 de 2016 estabelece o Programa de Combate a Intimidação Sistemática. O programa é responsável por tipificar o bullying e o cyberbullying.
Também propõe uma série de ações educativas a fim de conscientizar as pessoas sobre o tema, formar pais e educadores capacitados para identificar e solucionar o problema, além de fornecer apoio psicológico para vítimas e agressores.
Bullying na escola
Uma das formas mais comuns de bullying é o que acontece no ambiente escolar. Trata-se de um problema universal — ou seja, ocorre em todo o mundo.
As formas de agressão entre os alunos podem acontecer em todos os níveis da fase escolar, desde o primário até os últimos anos do ensino médio.
O bullying escolar não tem uma motivação única. Uma criança ou adolescente pode sofrer bullying no ambiente escolar por diversas razões: um aspecto físico considerado fora do padrão, um traço de personalidade menosprezado pelos demais, um jeito de pensar que não é aceito, e muitas outras.
Por exemplo: um aluno ou uma aluna pode sofrer bullying pelo seu peso, pela cor da sua pele, pelo fato de ser estudioso, por ser tímido, por querer prestar atenção na aula, por não compactuar com certas atitudes de um grupo dominante, entre outros.
De modo geral, o bullying escolar envolve menosprezo e intimidação, seja por parte de um “valentão” ou por parte do grupo de “valentões”. O bullying atrapalha a aprendizagem do aluno, além de afetar o seu comportamento fora da escola, segundo os psicólogos.
Bullying escolar no Brasil
De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o Brasil é um dos piores países em termos de bullying escolar no mundo. Segundo os dados de 2018, o bullying nas escolas do Brasil é duas vezes maior que a média dos outros países.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura a toda criança e adolescente no Brasil o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. Portanto, para que essa norma se cumpra, é preciso que o bullying seja devidamente enfrentado.
Leia mais sobre o Bullying Escolar.
Causas do bullying
Busca pela popularidade ou status social, reforço da identidade do grupo (e consequente exclusão daqueles que não fazem parte do grupo) e afirmação de poder são algumas das razões que podem motivar um autor de bullying a praticá-lo.
Não há uma única razão para a prática do bullying, e não é fácil determinar o que leva uma alguém a humilhar constantemente outra pessoa.
No entanto, é possível apontar algumas motivações e algumas situações típicas. Em todas elas, há sempre uma relação desigual de poder entre os envolvidas. O “valentão” é aquele que quer afirmar o seu poder a qualquer custo, e para isso se utiliza sistematicamente da agressão verbal ou física para rebaixar a outra pessoa.
Nas escolas, a formação de grupos fechados, as chamadas “panelinhas”, podem funcionar como um mecanismo de exclusão. Ao mesmo tempo em que os membros do grupo reforçam seus laços de amizade, podem excluir aqueles que, por alguma razão, não se adéquam às expectativas do grupo. Esse mecanismo de exclusão pode gerar situações de bullying.
Tipos de bullying
Bullying verbal
O bullying verbal talvez seja o mais comum. Consiste numa série de atos intencionais de violência psicológica — xingamentos, ofensas, provocações, ameaças, intimidações e humilhações. Esses insultos, quando são frequentes e dirigidos contra um alvo específico, podem ser considerados bullying verbal.
Bullying físico
Pode acontecer da intimidação ultrapassar a fase verbal e descambar para a agressão física. Também pode acontecer da agressão verbal e física serem praticadas simultaneamente. Seja como for, o bullying físico é definido como uma sequência de ações intencionais que visem machucar a vítima.
Chutar, bater, arranhar, empurrar, morder, beliscar, fazer tropeçar de propósito... Todos esses atos se encaixam na definição de bullying físico.
Bullying indireto
Tanto o bullying verbal quanto o físico são diretos. O que define o bullying indireto é o fato da vítima estar ausente. Sabe aquela pessoa que fala mal pelas costas, espalha boatos, intrigas, a fim de prejudicar alguém? Isso se encaixa na definição de bullying indireto.
Grupos que excluem uma pessoa, promovendo seu isolamento, também praticam bullying indireto.
Cyberbullying
Cyberbullying são atos de intimidação intencionais e repetidos praticados por meio de dispositivos eletrônicos, como computadores e celulares.
O cyberbullying pode ocorrer através de redes sociais, e-mail, mensagem de texto, chat e sites. Se o assédio virtual for intencional, sistemático e tiver o objetivo de difamar outra pessoa, pode ser caracterizado como cyberbullying.
Podemos citar alguns exemplos de cyberbullying: a exposição de fotos de outra pessoa nas redes sociais com a finalidade de humilhá-la ou causar constrangimento. Formação de grupos em determinada rede social com o objetivo de humilhar alguém.
Ou ainda o ato de espalhar boatos e fofocas comprometedoras e ofensivas na internet. A divulgação de vídeos abusivos contra alguém, seja por e-mail ou nas redes sociais. O ato de se fazer passar por outra pessoa na internet, o que pode ocorrer inclusive com o uso do login dessa pessoa.
Saiba mais sobre Cyberbullying e outros Tipos de Bullying.
Consequências do bullying
O bullying afeta de maneira profunda e complexa a vida de quem sofre a violência. As consequências do bullying são gravíssimas, podendo conduzir a problemas de saúde, de relacionamento e caráter emocional até na vida adulta.
Entre elas, estão as dificuldades nas interações sociais, de confiança e baixo autoestima. Assim como questões de saúde mais graves: distúrbio do sono, dores de cabeça, depressão, transtorno de ansiedade, transtornos alimentares, doenças do coração, de estômago e autoimunes descadeadas por estresse.
Há ainda, em casos mais severos, problemas psicológicos como pensamentos destrutivos. As vítimas de bullying devem ter acesso a tratamentos psicológicos, como sessões terapias, para amenizar e superar as marcas deixadas pela agressão.
Sendo um problema tão grave e com consequências tão duradoras, é fundamental que seja encarado com a maior seriedade. É importante conscientizar sobre os traumas que o bullying pode causar, assim como prevenir e travar casos de bullying.
Como identificar casos de bullying
Pais e professores devem sempre estar atentos às atitudes de seus filhos e alunos, principalmente as alterações de comportamento que podem estar relacionadas com bullying.
Algumas atitudes que podem indicar que alguém está sendo vítima de bullying são:
- Queda no desempenho escolar;
- Falta de vontade ou medo de ir à escola;
- Isolamento social;
- Baixa autoestima;
- Hematomas no corpo;
- Objetos pessoais destruídos, como roupas rasgadas ou mochilas danificadas;
- Alteração nos hábitos alimentares e de sono;
- Agressividade.
Um dos obstáculos ao enfrentamento do bullying ainda é a aceitação de que certos comportamentos agressivos são “normais” entre crianças e jovens. Bullying é violência e não pode ser considerado mera “zoação”.
Ao se identificar uma vítima é de extrema importância que a pessoa seja acolhida pela família e pela escola, não seja colocada em situações de exposição diante de seus agressores e receba apoio psicológico.
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