As 7 principais características do Barroco (explicadas)

Carolina Marcello
Revisão por Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

O Barroco surge como uma resposta artística à Reforma Protestante, reafirmando os ideais teocêntricos e a devoção religiosa, com o apoio do clero e da nobreza. Suas obras promovem uma dualidade entre os prazeres terrenos e a espiritualidade, refletindo o dilema entre o mundano e o divino.

Esse conflito se expressa nos contrastes entre sombras e luzes que reforçam o dramatismo e o tom sombrio das criações. Uma estética marcada pela exuberância de detalhes e decorações, sua expressividade exagera as emoções. Um dos principais traços do movimento é a valorização das emoções acima da própria razão.

1. É uma ferramenta da Contrarreforma

Barroco

O movimento barroco emergiu como forma de oposição à Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero em meados do seculo XVI.

Seu principal objetivo foi ajudar a preservar os ideais teocentristas (Deus como centro do Universo) que eram fortes durante a Idade Média, mas que se opunham à lógica defendida pelo Renascimento.

Com o patrocínio do clero e dos monarcas, os artistas barrocos começaram a criar obras sacras onde a temática estava quase sempre direcionada para as emoções humanas e sua espiritualidade. Em suma, representava a relação que este mantinha com o divino, através do ponto de vista da Igreja Católica.

2. Dualidade entre os prazeres do corpo e a espiritualidade

as meninas velasquez

O constante conflito entre os "prazeres mundanos" defendidos pelos renascentistas e a devoção divina pregada pela Contrarreforma estava sempre presente nas obras dos artistas barrocos.

Segundo o Barroco, as pessoas não podiam viver em equilíbrio entre as vontades de Deus e do homem. Era preciso escolher um lado. Isso fazia com que um sentimento de grande angústia se acomodasse nos artistas barrocos, que gozavam dos prazeres mundanos, mas depois procuravam, desesperadamente, o perdão de Deus.

Essa dualidade é retratada em várias obras desse estilo, principalmente em esculturas e pinturas. A representação de episódios de passagens bíblicas e o cotidiano da nobreza (principal financiadora do movimento) são alguns exemplos de temáticas recorrentes.

3. Sombras e luzes: a valorização do contraste

caravaggio

Na artes plásticas, o movimento barroco é caracterizado pela presença do contraste criado entre sombra e luz. Esse jogo de cores contrastantes reforça a ideia do dualismo presente nas temáticas abordadas pelo barroco: o bem e o mal, Deus e o Diabo, o corpo e o espírito, etc.

O contraste nas obras barrocas ainda ajudava a acentuar o realismo e o tom dramático, sombrio e, por vezes, pessimista que estas possuíam. Além disso, essas técnicas surtiam efeitos ilusórios na obra, que serviam como um reforço para o propósito de transmitir emoções.

4. Obras rebuscadas e ricas em detalhes

igreja de são francisco - salvador

Outra particularidade da estética barroca é a riqueza de detalhes, principalmente nas esculturas e trabalhos arquitetônicos. Formas curvilíneas, colunas retorcidas e diversos pormenores decorativos são comuns nas obras inseridas no movimento barroco.

A expressividade dramática é outra característica deste estilo artístico, marcado porfeições exageradamente emocionadas, transmitindo principalmente a sensação de tristeza e sofrimento.

A arte barroca, com destaque para a arquitetura, é marcada essencialmente pela complexidade. Elementos simbólicos e alegóricos, com relevos, curvas e traços com movimentos exagerados também são marcas do estilo.

Entre os materiais explorados para a confecção das obras barrocas, pode se destacar o ouro, mármores coloridos e outras pedras decorativas.

5. Emoção sobre a razão

barroco

A arte barroca prioriza a ênfase nas feições, destacando ou exagerando a transmissão das emoções. Desta forma, a partir da teatralidade dos movimentos espetaculosos, cria-se o dramatismo que é típico deste movimento artístico.

Um dos objetivos dos pintores barrocos era despertar emoções em quem contemplasse as suas obras. Este meio era alcançado justamente através do sobrecarregamento dramático dado aos trabalhos.

6. Cultismo e Conceptismo

Estas são duas características estilísticas do barroco literário, representando os principais formatos de construções estéticas das obras.

O Cultismo (também conhecido por Gongorismo) é caracterizado por reunir um vocabulário rebuscado, extravagante e culto. Além disso, também apresenta um grande apelo as figuras de estilo (com destaque para as metáforas complexas e as hipérboles) e aos jogos de palavras.

O poeta Gregório de Matos (1636 - 1696) é um dos principais exemplos de artistas da literatura barroca que adotava a estética cultista em seus textos poéticos.

O Conceptismo (ou Quevedismo), por sua vez, caracteriza-se pela construção textual lógica, focada na retórica, com o propósito de ensinar ou convencer o leitor por meio de argumentos racionais.

Este estilo é mais comum nas prosas e é marcado pelo jogo de ideias e conceitos, enquanto o Cultismo é usado em poesias e se caracteriza pelo "jogo das palavras".

O escritor Padre Antônio Vieira (1608 - 1697) é tido como o principal representante da prosa conceptista.

7. Valorização estética

Por fim, destaca-se a predominância da valorização dada ao aspecto estético da obra, sendo o seu conteúdo menos significativo do que a sua aparência, em alguns casos.

Preocupada em transparecer uma riqueza de detalhes e exageros, a arte barroca, nos seus diversos campos, pode não apresentar esse mesmo nível de complexidade no que diz respeito ao conteúdo das obras.

Ao contrário da prosa conceptista da literatura barroca, as demais obras eram direcionadas para o despertar das emoções através do rebuscamento visual. Não há a necessidade de desenvolver uma lógica racional no trabalho barroco, visto que este desejava alcançar a fé do observador por meio da emoção.

Saiba mais sobre o Barroco.

Carolina Marcello
Revisão por Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
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