As 8 principais características do Dadaísmo (explicadas)
O Dadaísmo foi uma vanguarda artística, criada no começo do século XX, que tinha como propósito "destruir a arte", repudiando todos os modelos tradicionais.
Entre as principais características do movimento, destaca-se a adoção de uma estética de desordem e nonsense, utilizando objetos do cotidiano, colagens e figuras fantásticas para chocar e questionar o valor da arte como mercadoria.
Com forte crítica ao capitalismo e ao nacionalismo, o Dadaísmo foi precursor do Surrealismo, influenciando movimentos posteriores com sua abordagem inovadora e subversiva.
1. Repúdio aos modelos tradicionais e clássicos da arte
O dadaísmo surgiu em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), como um grito de protesto contra o modo como o mundo capitalista estava configurado.
Decepcionados com o estado racional e institucionalizado da arte, os artistas dadaístas buscavam desconfigurar as normas que regiam o "fazer arte".
O objetivo era chocar a burguesia e forçar um questionamento sobre as interpretações dadas ao valor artístico vigente. Ou seja, questionar o fato do objeto artístico ser considerado uma mercadoria pertencente às classes mais ricas.
Por este motivo, o movimento dadaísta pode ser considerado uma contra-arte, pois não tinha o propósito de agregar nada de novo, mas sim destruir a arte como era conhecida até então.
2. Ênfase no nonsense
As figuras no dadaísmo tinham uma natureza mais voltada ao poético do que ao "mecânico". Isso significa que as representações passavam longe de retratarem cenas corriqueiras ou literais, mas sim apologias a episódios deloucura, aberrações e outras imagens sem sentido.
O artista buscava construir as suas obras a partir da mesclagem de reinterpretações bizarras da realidade. Para isso, usavam de figuras fantásticas e cenas alucinógenas para criar imagens de caráter subjetivo.
Era usual a presença de representações de máquinas, como uma alusão às indústrias (capitalismo), de figuras antropomórficas e de aspectos sexuais em várias obras.
3. Desconstrução e desordem da imagem
O dadaísmo é uma arte de desordem. Os artistas desse movimento não estavam preocupados com a beleza estética de seus trabalhos ou em conquistar a admiração da sociedade burguesa. Muito pelo contrário.
Os dadaístas desejavam chocar os burgueses, provocando desconforto e forçando-os a refletir sobre o verdadeiro significado da arte.
Com a missão de caminhar em oposição às regras clássicas, os dadaístas renegavam as técnicas, formas e temáticas entendidas como padrão nas artes daquele período.
4. Uso de objetos do cotidiano nas obras
Era comum o uso de diversos materiais do cotidiano nas obras dadaístas. As pinturas eram fundidas com outros elementos, como colagens de papel ou inserção de garrafas, metais, peças de automóveis, etc.
Os dadaístas priorizavam o uso de objetos incomuns de serem associados à arte e criavam as suas obras com base na experimentação e improvisação. Dessa forma, visavam chocar o público e os críticos.
Um notório exemplo é a obra A Fonte (1917), de Marcel Duchamp. Este trabalho consistia simplesmente na exposição de um urinol de porcelana, um objeto do cotidiano, inicialmente desatribuído de natureza artística.
Ready Made de Marcel Duchamp
O episódio da exposição do urinol representou o início do conceito de ready made, ou seja, a escolha de um objeto aleatório do cotidiano ao qual se atribui uma interpretação artística.
Assim, não há a necessidade de criar ou fazer qualquer tipo de intervenção sobre a peça, visto que esta já seria uma expressão perfeita da arte.
Precisamos lembrar que para o dadaísmo a arte não se limitava ao estético, mas apenas ao campo das ideias e conceitos que eram atribuídos aos objetos.
5. Uso de colagens
Entre as várias formas de expressar a irracionalidade, a colagem foi eleita uma das mais utilizadas entre os artistas dadaístas.
Alguns artistas, como o pintor alemão Max Ernst, por exemplo, recortavam imagens de catálogos em pedaços e depois reconstruía a figura seguindo uma ordem totalmente ilógica.
Na literatura, também era comum o recorte de palavras aleatórias de um jornal ou revista que, depois, eram misturadas e usadas para construir poemas totalmente incoerentes e sem contexto.
Receita para fazer um poema dadaísta, por Tristan Tzara
“Pegue um jornal. Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco. Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público”.
6. Oposição ao nacionalismo e materialismo
As obras dadaístas expressavam uma intensa crítica ao sistema capitalista, assim como ao populismo extremista que fervilhava na Europa naquela época.
Esse nacionalismo exacerbado aliado ao capitalismo era responsável pelo estouro das guerras que assolavam o continente, segundo os defensores do dadaísmo.
Assim, como forma de protesto, os artistas assumiam um papel anárquico e irracional, criticando o materialismo e consumismo da sociedade capitalista.
Toda essa frustração e revolta que os dadaístas sentiam sobre a sociedade burguesa era refletida nas obras, que expressavam uma natureza agressiva e instável.
7. Uso de desordem e agressividade verbal
Essa é uma das principais características literárias do dadaísmo. Assim como nas artes plásticas, o propósito é desconstruir o modelo padrão.
Para isso, os autores criavam poesias com base em palavras desordenadas, construções de frases sem sentido, incoerência textual e palavras inventadas, entre outras particularidades que conferiam uma falta de lógica e racionalismo ao texto.
8. Inspiração para o Surrealismo
Com o estopim da Segunda Guerra Mundial o movimento dadaísta começa a entrar em declínio, principalmente pelo receio e pressão que os artistas da vanguarda sofriam.
No entanto, vários das suas ideias foram transmitidas para movimentos artísticos futuros, como o Surrealismo e a própria Arte Contemporânea.
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