Concordância Verbal

Igor Alves
Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

Concordância verbal é a relação de harmonia entre o sujeito e o verbo de uma oração, de forma que ambos concordem em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª).

Nesse sentido, se o sujeito estiver no singular, o verbo também deve ser conjugado no singular. Por outro lado, se o sujeito estiver no plural, o verbo deve ir para o plural.

Exemplos:

  • "Zeca gosta de passear ao pôr do sol."
  • "Gosto de passear na praia."
  • "Lucas e Ana participaram da reunião ontem."

No primeiro exemplo, o verbo "gostar" está na 3ª pessoa do singular para concordar com o sujeito singular "Zeca".

Já no segundo, o sujeito oculto "eu" exige que o verbo esteja na 1ª pessoa do singular, o que ocorre com "gosto".

Por fim, no último exemplo, o sujeito composto "Lucas e Ana" pede o verbo na 3ª pessoa do plural, o que é respeitado com "participaram".

Concordância verbal

Regras de Concordância Verbal

Concordância com sujeito composto

Quando o sujeito tem mais de um núcleo, o verbo geralmente fica no plural e concorda com a pessoa predominante:

1. Se um dos núcleos for "eu" ou "nós" (1ª pessoa), o verbo vai para a 1ª pessoa do plural:

Exemplos:

  • "Eu e minha irmã faremos o trabalho."
  • "Helena e eu decidimos ficar."

2. Se não houver 1ª pessoa, mas houver "tu" ou "vós" (2ª pessoa), o verbo vai para a 2ª pessoa do plural:

Exemplos:

  • "Tu e o professor fareis o exercício."
  • "O gerente e tu são os responsáveis."

3. Se todos os núcleos forem da 3ª pessoa (ele/ela, eles/elas), o verbo vai para a 3ª pessoa do plural:

Exemplos:

  • "O diretor e o gerente resolverão o problema."
  • "A deputada e os ministros concordam com a matéria."

Concordância de orações sem sujeito

Quando a oração não tem sujeito, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular. Isso acontece com verbos impessoais, como aqueles que indicam fenômenos da natureza ou o verbo "haver" com o sentido de "existir".

Exemplos:

  • "Choveu bastante ontem à noite."
  • "Há muitas tarefas para fazer hoje."

Concordância de locuções verbais

Nas locuções verbais, o verbo principal fica em sua forma nominal, e o verbo auxiliar é o que concorda com o sujeito.

Exemplos:

  • "Os alunos devem estudar para a prova."
  • "Eu vou viajar amanhã."

Concordância de coletivos partitivos

O verbo pode concordar tanto no singular quanto no plural quando o sujeito é um coletivo partitivo: "a maioria de", "a maior parte de", "grande número de".

Exemplos:

  • "A maioria dos alunos chegou cedo."
  • "A maioria dos alunos chegaram cedo."

Concordância de sujeitos coletivos

Quando o sujeito é um coletivo, o verbo deve ser conjugado no singular.

Exemplos:

  • "O grupo decidiu fazer uma pausa."
  • "A equipe apresentou o projeto."

Entretanto, se o coletivo vier especificado, o verbo pode concordar no singular ou no plural.

Exemplos:

  • "O grupo de turistas visitou o museu."
  • "O grupo de turistas visitaram o museu."

Concordância de nomes próprios

No caso de nomes próprios, a concordância depende da presença de artigos.

Exemplos:

  • "Os Alpes são uma famosa cadeia de montanhas."
  • "Alpes é um destino popular entre turistas."

Concordância das expressões "cerca de", "mais de" e "menos de"

O verbo concorda com o numeral que vem após as expressões "mais de", "menos de" e "cerca de".

Exemplos:

  • "Mais de um aluno não fez a tarefa."
  • "Cerca de três meses se passaram desde então."
  • "Menos de dez candidatos foram aprovados."

Quando a expressão "mais de um" indica uma ação mútua entre os elementos do grupo, o verbo vai para o plural.

Exemplos:

  • "Mais de um aluno se cumprimentaram no corredor."
  • "Mais de um país estabeleceram relações diplomáticas."

Concordância do pronome relativo "quem"

A concordância com o pronome relativo "quem" é geralmente feita na 3ª pessoa do singular, mas pode também concordar com o antecedente.

Exemplos:

  • "Fui eu quem descobriu o erro." (Concordância com a terceira pessoa do singular)
  • "Fui eu quem descobri o erro." (Concordância com o antecedente "eu")

Concordância do pronome relativo "que"

O verbo que acompanha o pronome relativo "que" concorda em número e pessoa com o antecedente desse pronome. O antecedente é o termo a que o pronome se refere.

Exemplos:

  • "Fui eu que resolvi o problema. ("resolvi" concorda com "eu")
  • "Foram eles que fizeram o bolo." ("fizeram" concorda com "eles")
  • "Foi a casa que compramos." ("compramos" concorda com "nós", sujeito oculto)

Concordância da expressão "um dos que"

No caso da expressão "um dos que", o verbo pode concordar tanto no singular quanto no plural.

Exemplos:

  • "Pedro foi um dos que mais estudou." (concordância no singular)
  • "Pedro foi um dos que mais estudaram. (concordância no plural)

Concordância da partícula "se"

A partícula "se" pode desempenhar diferentes funções na oração, e a concordância verbal varia de acordo com essa função.

1. Quando a partícula "se" indica que o sujeito da ação é indeterminado ou genérico, o verbo é sempre conjugado na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:

  • Vive-se bem nesta cidade.
  • Precisa-se de funcionários.
  • Acredita-se em milagres.

2. Quando a partícula "se" torna o sujeito paciente (aquele que sofre a ação), o verbo concorda com esse sujeito.

Exemplos:

  • "Vendem-secasas." (sujeito paciente: "casas", o verbo concorda no plural)
  • "Aluga-se apartamento." (sujeito paciente: "apartamento", o verbo concorda no singular)
  • "Consertam-se carros." (sujeito paciente: "carros", o verbo concorda no plural)

Concordância de sujeitos ligados por "ou"

A concordância verbal com sujeitos ligados por "ou" pode variar conforme o sentido da oração:

1. Quando a ação verbal se aplica a todos os elementos do sujeito, o verbo concorda com eles no plural.

Exemplos:

  • "Pizza ou lasanha agradam a todos."
  • "Café ou chá são bebidas quentes."

2. Quando a conjunção "ou" é usada para retificar ou corrigir uma informação anterior, o verbo concorda com o último elemento do sujeito.

Exemplos:

  • "O carro ou a moto foi roubada."
  • "O livro ou os livros foram encontrados."

3. Quando a ação verbal se aplica a apenas um dos elementos do sujeito, o verbo permanece no singular.

Exemplos:

  • "João ou Pedro ganhará o prêmio."
  • "O gato ou o cachorro latiu para o carteiro."

Concordância de sujeito formado por diferentes pessoas gramaticais

Quando o sujeito de uma oração é composto por núcleos de pessoas gramaticais diferentes (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas), o verbo concorda com a pessoa de maior hierarquia, seguindo a ordem:

  1. 1ª pessoa do plural (nós)
  2. 1ª pessoa do singular (eu)
  3. 2ª pessoa do plural (vós)
  4. 2ª pessoa do singular (tu).

A 3ª pessoa (ele/ela, eles/elas) tem menor hierarquia.

Exemplos:

  • "Eu, tu e ele viajaremos juntos."
  • "Tu e eu resolveremos o problema."
  • "Tu e eles irão ao cinema."
  • "Ele e eu estudaremos para a prova."

Caso especial: Quando o sujeito composto está posposto ao verbo, é comum a concordância se fazer com o núcleo mais próximo. Exemplo: "Fomos eu e ele ao mercado."

Concordância de verbos no infinitivo impessoal

Verbos no infinitivo impessoal não são flexionados nas seguintes situações:

1. Quando funcionam como substantivos.

Exemplos:

  • "Comer é saudável."
  • "Ler e escrever são habilidades essenciais."

2. Quando têm sentido imperativo.

Exemplos:

  • "Vá descansar!"
  • "Pare de reclamar e comece a trabalhar!

3. Quando são o verbo principal de uma locução verbal.

Exemplos:

  • "Vamos sair logo."
  • "Eles iam viajar quando o tempo piorou."

d) Quando vêm após preposição.

Exemplos:

  • "Começou a cantar."
  • "Jonas saiu para passear."

Concordância de verbos no infinitivo pessoal

O infinitivo pessoal, por sua vez, pode ser flexionado para concordar com o sujeito da oração. Essa flexão ocorre quando queremos destacar o sujeito da ação expressa pelo infinitivo.

Exemplos:

  • "Quero que eles estudem mais."
  • "Ouvi-os discutirem sobre o assunto."

Concordância de datas

O verbo deve concordar com a indicação numérica da data.

Exemplos:

  • "Hoje são 10 de julho."
  • "Amanhã é 1 de março."

O verbo também pode concordar com a palavra "dia".

Exemplos:

  • "Hoje é dia 10 de julho."
  • "Ontem foi dia 5 de janeiro."

Concordância de verbos impessoais

Os verbos impessoais "haver" (com sentido de existir", "fazer" (com sentido de tempo decorrido", e verbos que manifestam fenômenos naturais sempre ficam na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:

  • "Havia muitas pessoas na festa."
  • "Fez muito frio hoje."
  • "Choveu muito ontem."

Concordância Verbal e Nominal

A concordância verbal, como visto acima, estabelece uma relação de dependência entre o verbo e o sujeito da oração. Ou seja, o verbo deve concordar em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito a que se refere.

Exemplos:

  • "A criança (singular) brinca (singular) no parque."
  • "Pedro e Maria (plural) estudam (plural) juntos."

concordância nominal ocorre entre o substantivo e seus determinantes (artigos, adjetivos, numerais e pronomes adjetivos). Esses termos devem concordar em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural).

Exemplos:

  • "As meninas (feminino, plural) são muito bonitas (feminino, plural)."
  • "O carro (masculino, singular) é rápido (masculino, singular)

Execícios

1. Assinale a alternativa correta em relação à concordância verbal:

a) Fazem dois anos que não nos vemos.

b) Havia muitas opções na mesa.

c) Os alunos estava estudando para a prova.

d) A maioria dos alunos gostaram da aula.

2. A forma correta do verbo na seguinte frase: "Nem eu nem meu irmão _______ ao cinema ontem" é:

a) vai

b) vão

c) fomos

d) foi

3. Marque a alternativa que apresenta uma concordância verbal correta

a) Mais de um aluno falharam na prova.

b) Faz cinco dias que não o vejo.

c) A maioria das pessoas não se importam com isso.

d) A dupla de cantores são famosos.

RESPOSTAS: 1 b), 2 c), 3 b)

Bibliografia:

  • BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 1999.
  • CEREJA, William; COCHAR, Thereza. Português Linguagens 9º ano. Sâo Paulo: Atual, 2014.
  • CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Edições João Sá da Costa, 1991.

Veja também:

Igor Alves
Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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