Conjuntos numéricos

Rafael C. Asth
Revisão por Rafael C. Asth
Professor de Matemática e Física

Conjuntos numéricos são grupos de números que compartilham características comuns e são classificados em categorias específicas para facilitar o estudo e a compreensão das propriedades e das relações entre eles.

Estes conjuntos são essenciais na matemática, pois permitem organizar diferentes tipos de números e suas operações de maneira lógica. Os principais conjuntos numéricos são:

  • Conjunto dos números naturais (): inclui todos os números inteiros não negativos, usados principalmente para contagem. Geralmente, começa do zero ou do um, dependendo da definição. Exemplo: chaveta esquerda 0 vírgula 1 vírgula 2 vírgula 3 vírgula reticências horizontais chaveta direita.
  • Conjunto dos Números Inteiros (): abrange todos os números naturais, seus opostos (números negativos) e o zero. Por exemplo, chaveta esquerda menos 3 vírgula menos 2 vírgula menos 1 vírgula 0 vírgula 1 vírgula 2 vírgula 3 vírgula reticências horizontais chaveta direita
  • Conjunto dos números racionais (): formado por números que podem ser expressos como uma fração a sobre b onde a e b são inteiros e b ≠ 0. Por exemplo, chaveta esquerda 1 meio vírgula espaço numerador menos 3 sobre denominador 4 fim da fração vírgula espaço 5 chaveta direita.
  • Conjunto dos números irracionais (I): inclui números que não podem ser escritos como frações exatas, pois possuem infinitas casas decimais não periódicas. Exemplos: raiz quadrada de 2, pi.
  • Conjunto dos números reais (): formado por todos os números racionais e irracionais, ou seja, todos os números que podem ser representados em uma reta numérica. Exemplo: chaveta esquerda menos 2 vírgula espaço 3 sobre 5 vírgula espaço raiz quadrada de 7 espaço fim da raiz vírgula espaço pi chaveta direita.
  • Conjunto dos números complexos (): abrange números que possuem uma parte real e uma parte imaginária. São representados na forma de a mais b i, onde a e b são números reais e i é a unidade imaginária parêntese esquerdo i ao quadrado igual a menos 1 parêntese direito.

Ilustração representando cada conjunto numérico em diferentes cores e com exemplos.

Esses conjuntos são organizados de forma hierárquica, onde os números naturais estão contidos nos inteiros, que estão contidos nos racionais, e assim por diante.

Conjunto dos números naturais (ℕ)

O conjunto dos números naturais (ℕ) é formado pelos números inteiros não negativos e é amplamente utilizado para contagem e ordenação. Ele inclui os números 0, 1, 2, 3 e assim por diante, seguindo infinitamente sem incluir números negativos ou frações.

Todos os elementos deste conjunto são maiores ou iguais a zero, o que significa que ele não inclui números como -1, -2 ou qualquer outro valor abaixo de zero. Além disso, os números naturais são inteiros, ou seja, não têm partes fracionárias ou decimais, sendo apenas números completos como 0, 1, 2, 3, e assim por diante.

As operações de adição e multiplicação têm uma propriedade especial entre os números naturais chamada de fechamento. Isso significa que, ao somar ou multiplicar dois números naturais, o resultado será sempre outro número natural.

No entanto, a subtração e a divisão entre dois números naturais nem sempre resultam em um número natural. Por exemplo, 5 espaço menos espaço 7 resulta em menos 2 (um número inteiro, mas não natural), e espaço 4 espaço dividido por espaço 3 resulta em uma fração, que também não é um número natural.

reto números naturais igual a chaveta esquerda 0 vírgula 1 vírgula 2 vírgula 3 vírgula 4 vírgula 5 vírgula 6 vírgula 7 vírgula 8 vírgula 9 vírgula 10 vírgula reticências horizontais chaveta direita

Conjunto dos números inteiros ()

O conjunto dos números inteiros (ℤ) é uma extensão do conjunto dos números naturais que inclui todos os números inteiros positivos, os números inteiros negativos e o zero.

Representado pela letra ℤ (do alemão Zahlen, que significa "números"), esse conjunto abrange tanto números positivos quanto negativos, formando uma linha infinita de números inteiros para ambos os lados do zero.

O conjunto dos números inteiros é composto por números completos, sem partes decimais ou fracionárias, ou seja, todos os números inteiros são valores absolutos. Há fechamento para as operações de adição, subtração e multiplicação, ou seja, o resultado dessas operações entre números inteiros será sempre outro número inteiro.

No entanto, a divisão entre números inteiros nem sempre resulta em um número inteiro. Por exemplo, 7 dividido por 2 igual a 3 vírgula 5, que não pertence ao conjunto dos inteiros.

O zero é o elemento neutro da adição no conjunto dos inteiros, pois, ao somar zero a qualquer número inteiro, o valor inicial permanece inalterado. O zero também age como o ponto central desse conjunto, separando os valores positivos dos negativos.

reto números inteiros igual a chaveta esquerda... vírgula menos 3 vírgula menos 2 vírgula menos 1 vírgula 0 vírgula 1 vírgula 2 vírgula 3... chaveta direita

Conjunto de números racionais (ℚ)

O conjunto dos números racionais (ℚ) é formado por todos os números que podem ser escritos como uma fração, na forma a sobre b, onde a e b são números inteiros e b não igual 0. Esse conjunto é representado pela letra ℚ (de "quociente") e inclui, portanto, tanto números inteiros quanto frações e números decimais finitos ou infinitos periódicos. Exemplos de números racionais incluem numerador 1 espaço sobre denominador 2 espaço fim da fração vírgula espaço menos 3 vírgula espaço 4.75 vírgula espaço 0.333...

Uma das características dos números racionais é que eles abrangem uma gama maior de valores que os números inteiros, permitindo representar quantidades que não são inteiras, como partes de um todo ou divisões exatas. Eles incluem os números inteiros, já que qualquer número inteiro pode ser escrito como uma fração (por exemplo, 5 igual a 5 sobre 1).

O conjunto dos números racionais é fechado para as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão (exceto divisão por zero). Ao realizar qualquer uma dessas operações entre dois números racionais, o resultado será outro número racional. Por exemplo, somando 1 meioe 3 sobre 4, obtemos 5 sobre 4, que é um número racional. Assim, os números racionais são úteis para expressar divisões exatas e relações proporcionais.

Os números racionais são muito usados em situações cotidianas, como medir comprimentos, representar notas decimais e descrever divisões precisas entre elementos. Eles formam uma base importante para os números reais, dos quais fazem parte junto com os números irracionais.

O conjunto dos números racionais permite que as operações e representações matemáticas se expandam para além dos valores inteiros, abordando assim uma variedade mais ampla de situações práticas e teóricas.

reto números racionais espaço igual a chaveta esquerda... vírgula espaço numerador menos 3 sobre denominador 2 fim da fração vírgula espaço menos 1 vírgula espaço numerador menos 1 sobre denominador 2 fim da fração vírgula espaço 0 vírgula espaço 1 meio vírgula espaço 1 vírgula espaço 3 sobre 2 vírgula espaço 2 vírgula espaço... chaveta direita

Conjunto de números irracionais (I)

O conjunto dos números irracionais é formado por todos os números que não podem ser expressos como uma fração da forma a sobre b, onde a e b são números inteiros e b não igual 0. Ou seja, os números irracionais não têm uma representação exata como quociente entre dois inteiros.

Em outras palavras, esses números apresentam uma representação decimal infinita e não periódica, ou seja, suas casas decimais se estendem para sempre sem formar um padrão repetitivo. Esse conjunto é geralmente representado pela letra I.

Os números irracionais incluem valores como raiz quadrada de 2 vírgula espaço reto pi e e (a base do logaritmo natural). Um exemplo clássico é raiz quadrada de 2 que possui uma representação decimal infinita, aproximadamente 1 vírgula 4142135..., e não apresenta um padrão regular nas suas casas decimais.

Da mesma forma, reto pi, que representa a razão entre a circunferência e o diâmetro de um círculo, também é irracional, com um valor decimal ( 3 vírgula 1415...) que se estende infinitamente sem periodicidade. Esses exemplos ilustram a característica que define os números irracionais: sua impossibilidade de serem expressos como frações exatas entre dois inteiros.

Os números irracionais possuem algumas propriedades únicas. Uma de suas características é a representação decimal infinita e não periódica, o que os distingue dos números racionais, que possuem uma representação decimal finita ou periódica. Os irracionais também não podem ser exatamente escritos na forma a sobre b. Embora possam ser aproximados por frações, como reto pi quase igual 22 sobre 7, essas frações não representam o valor exato do número irracional, sendo apenas aproximações úteis em cálculos práticos.

Em termos de aplicação, os números irracionais são fundamentais em diversas áreas da matemática e das ciências. Por exemplo, raízes quadradas não exatas, como raiz quadrada de 3 e raiz quadrada de 5, são irracionais e surgem em cálculos geométricos e trigonométricos. Constantes matemáticas como reto pi e e são essenciais em cálculos de áreas de círculos, crescimento exponencial e em muitas fórmulas da física e da engenharia.

Esses números possibilitam que matemáticos e cientistas realizem cálculos e descrições de fenômenos que não podem ser precisamente representados com frações, mostrando-se indispensáveis na compreensão do mundo físico e na construção de teorias matemáticas.

I espaço igual a chaveta esquerda raiz quadrada de 2 vírgula espaço raiz quadrada de 3 vírgula espaço reto pi vírgula espaço reto e vírgula espaço... chaveta direita

Conjunto dos números reais (ℝ)

O conjunto dos números reais (ℝ) é formado pela união dos números racionais e dos números irracionais, abrangendo todos os tipos de números que podem ser representados em uma linha numérica contínua. Isto é, os números reais incluem todos os números que podem ser expressos de forma decimal, sejam finitos, infinitos periódicos (racionais) ou infinitos não periódicos (irracionais).

Os números reais podem ser divididos em dois grandes subconjuntos: os números racionais e os irracionais. Uma característica importante desses números é que eles preenchem a reta numérica de maneira contínua. Ou seja, entre dois números reais quaisquer, sempre existe um número real intermediário, o que define a densidade desse conjunto.

Graças a essa propriedade, o conjunto dos números reais é utilizado em cálculos de medidas, distâncias, áreas e em outras representações matemáticas que exigem valores contínuos. A utilização dos números reais é importante para a análise matemática, cálculo e muitas áreas da física e engenharia, onde se trabalha com intervalos contínuos e grandezas mensuráveis.

reto números reais igual a chaveta esquerda... vírgula espaço menos raiz quadrada de 2 vírgula espaço menos 1 vírgula espaço 0 vírgula 1 vírgula espaço reto pi vírgula espaço 2 vírgula espaço 3.5 vírgula espaço reto e vírgula espaço... chaveta direita

O conjunto dos números reais é geralmente representado pela letra ℝ. A representação acima mostra que o conjunto dos reais inclui tanto números racionais (como menos 1 vírgula espaço 0 vírgula espaço 1 vírgula espaço 2 vírgula espaço 3.5) quanto irracionais (como raiz quadrada de 2 vírgula espaço reto pi vírgula espaço reto e), formando um conjunto contínuo e completo ao longo da reta numérica.

Conjunto dos números complexos (ℂ)

O conjunto dos números complexos (ℂ) é composto por todos os números que podem ser escritos na forma a espaço mais b i, onde a e b são números reais e i é a unidade imaginária, definida como i igual a raiz quadrada de menos 1 fim da raiz. Essa notação permite que os números complexos representem tanto números reais (quando b igual a 0), quanto números puramente imaginários (quando a igual a 0), e combinações entre eles.

A existência dos números complexos expande o sistema numérico para incluir soluções de equações que não têm solução no conjunto dos números reais, como a raiz quadrada de números negativos. Os números complexos são divididos em duas partes: a parte real a e a parte imaginária b.

O termo "imaginário" surgiu inicialmente por se tratar de uma extensão abstrata dos números reais, mas, na prática, os números complexos têm aplicações importantes em áreas como física, engenharia elétrica e análise matemática. Por exemplo, circuitos elétricos e ondas são modelados usando números complexos, pois eles permitem representar tanto a magnitude quanto a fase de um sinal.

Uma propriedade essencial dos números complexos é que eles formam um sistema fechado para as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão (exceto divisão por zero). Isto é,qualquer operação entre números complexos resulta em outro número complexo, possibilitando cálculos completos dentro desse conjunto.

Esse fechamento torna os números complexos uma ferramenta poderosa para resolver equações e problemas que não podem ser abordados apenas com números reais. O conjunto dos números complexos é representado pela letra ℂ e inclui todos os números reais e imaginários.

reto números complexos igual a chaveta esquerda... vírgula espaço menos 2 vírgula espaço mais 3 i vírgula espaço menos 1 vírgula espaço 0 vírgula espaço 1 mais i vírgula espaço 2 vírgula espaço 3 menos i vírgula espaço 4 i... chaveta direita

Essa representação mostra que o conjunto dos números complexos inclui números puramente reais (como menos 1 vírgula espaço 0 vírgula espaço 2) e números com partes imaginárias (como 1 mais i vírgula espaço 3 menos i espaço e 4 i), formando um conjunto abrangente que estende o conceito de número para além da reta numérica, representando-os em um plano bidimensional.

Intervalos numéricos

O intervalo na matemática é um conjunto de números reais que estão entre dois valores específicos, chamados de limites. Intervalos são representados usando colchetes e parênteses para indicar quais limites estão incluídos ou excluídos. Eles são uma maneira prática de definir uma faixa contínua de números em que todos os valores entre os limites são parte do conjunto.

  • Intervalo fechado parêntese recto esquerdo a vírgula b parêntese recto direito - neste intervalo, ambos os limites a e b estão incluídos no conjunto. A notação com colchetes indica essa inclusão. Por exemplo, o intervalo parêntese recto esquerdo 2 vírgula espaço 5 parêntese recto direito inclui todos os números entre 2 e 5, incluindo os próprios 2 e 5.
  • Intervalo aberto parêntese esquerdo a vírgula espaço b parêntese direito - os limites a e b não fazem parte do conjunto, mas todos os números entre eles estão incluídos. Esse intervalo é indicado por parênteses. Por exemplo, parêntese esquerdo 2 vírgula espaço 5 parêntese direito inclui todos os números entre 2 e 5, mas exclui os próprios valores 2 e 5.
  • Intervalo semiaberto ou semifechado parêntese recto esquerdo a vírgula espaço b parêntese direito ou parêntese esquerdo a vírgula espaço b parêntese recto direito - esse tipo de intervalo inclui apenas um dos limites. A notação parêntese recto esquerdo a vírgula espaço b parêntese direito indica que o limite inferior a está incluído, mas o superior b não está. Por outro lado, parêntese esquerdo a vírgula espaço b parêntese recto direito inclui b, mas não a. Por exemplo, parêntese recto esquerdo 2 vírgula espaço 5 parêntese direito, inclui o número 2 mas não 5, enquanto parêntese esquerdo 2 vírgula espaço 5 parêntese recto direito inclui 5, mas não 2.
  • Intervalo infinito - usado para descrever conjuntos que não têm um limite superior ou inferior. Um intervalo pode se estender até o infinito, como parêntese esquerdo menos infinito vírgula espaço 3 parêntese recto direito , que representa todos os números reais menores ou iguais a 3. Da mesma forma, parêntese recto esquerdo 4 vírgula espaço mais espaço infinito parêntese direito representa todos os números reais maiores ou iguais a 4.

Intervalos são amplamente utilizados na matemática e na física, especialmente em cálculo e análise. Eles permitem definir domínios de funções, delimitar o escopo de integrações e indicar as soluções de desigualdades.

Os intervalos também são uma ferramenta para indicar a faixa de valores onde uma variável pode atuar, tornando-os indispensáveis em áreas que envolvem limites numéricos.

Relação entre os conjuntos numéricos

Os conjuntos numéricos formam uma hierarquia, onde cada conjunto engloba o anterior. Iniciando pelos naturais e passando pelos inteiros e racionais que, junto aos irracionais, determinam os reais. Por sua vez, o conjunto dos reais está contido no conjunto dos complexos.

Os números naturais (ℕ) são os números que usamos para contar: chaveta esquerda 0 vírgula 1 vírgula espaço 2 vírgula espaço 3... chaveta direita. Eles são a base de todos os conjuntos numéricos e representam os valores não negativos.

O conjunto dos números inteiros (ℤ) inclui todos os números naturais, seus opostos negativos e o zero. Ele expande os números naturais ao incluir os negativos: chaveta esquerda... vírgula espaço menos 3 vírgula espaço menos 2 vírgula espaço menos 1 vírgula espaço 0 vírgula espaço 1 vírgula espaço 2 vírgula espaço 3 vírgula espaço... chaveta direita.

Os números racionais (ℚ) abrangem todos os valores que podem ser expressos como uma fração de dois inteiros, a sobre b com b não igual 0. Incluem frações e decimais periódicos, formando um conjunto que cobre valores entre os inteiros.

Os números irracionais são aqueles que não podem ser representados como frações de inteiros, como raiz quadrada de 2 e reto pi. Esses números possuem uma expansão decimal infinita e não periódica, representando valores que completam os números reais sem repetir ou formar padrões.

Os números reais (ℝ) combinam todos os números racionais e irracionais, abrangendo toda a linha numérica. Finalmente, os números complexos (ℂ) incluem todos os números reais e os números imaginários, como i espaço igual a espaço raiz quadrada de menos 1 fim da raiz.

Eles são escritos na forma a espaço mais b i, onde a e b são reais, permitindo resolver equações que os números reais não podem resolver, especialmente aquelas envolvendo raízes de números negativos.

Veja também:

Rafael C. Asth
Revisão por Rafael C. Asth
Professor de Matemática licenciado, pós-graduado em Ensino da Matemática e da Física e Estatística. Atua como professor desde 2006 e cria conteúdos educacionais online desde 2021.
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