Determinismo Geográfico

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O que é o determinismo geográfico:

O determinismo geográfico é a crença de que o ambiente determina os padrões da cultura humana de um determinado local e seu desenvolvimento social.

Neste caso são levados em consideração principalmente os fatores físicos, como formas de relevo e clima.

Os especialistas que acreditam no determinismo geográfico afirmam que somente os fatores ecológicos, climáticos e geográficos são responsáveis pelas culturas humanas e decisões individuais.

Além disso, eles afirmam que as condições sociais praticamente não têm impacto sobre o desenvolvimento cultural.

O argumento usado para o determinismo geográfico

O principal argumento para o determinismo geográfico é de que as características físicas de uma área, como o clima, têm um impacto essencial e direto na vida dos habitantes do local.

Essa perspectiva afirma que isso ajuda a definir o comportamento geral e a cultura de uma sociedade. Por exemplo, foi dito que as áreas nos trópicos de câncer e capricórnio eram menos desenvolvidas do que as latitudes mais altas.

Essa justificativa se deu pelo clima continuamente quente que, segundo alguns geógrafos, facilitava a sobrevivência e, portanto, as pessoas que moravam ali não trabalhavam tanto para garantir sua sobrevivência.

Outro exemplo de determinismo geográfico seria a teoria de que as nações insulares (formadas por uma ilha ou um conjunto delas) têm características culturais únicas, devido ao seu isolamento das sociedades continentais.

Determinismo geográfico conforme a geografia antiga

Há muitos anos se notam escritos sobre determinismo geográfico.

Fatores climáticos, por exemplo, foram usados por Platão e Aristóteles para explicar porque os gregos eram mais desenvolvidos do que outras sociedades em climas muito mais quentes ou muito mais frios.

Além disso, Aristóteles criou seu sistema de classificação climática para explicar porque as pessoas estavam limitadas ao assentamento em certas áreas do globo.

Outros estudiosos também usaram o determinismo geográfico para explicar não apenas a cultura de uma sociedade, mas as razões por trás das características físicas do povo.

Al-Jahiz, um escritor da África Oriental, por exemplo, citou fatores ambientais como a origem de diferentes cores de pele.

Ele acreditava que a pele mais escura de muitos africanos e vários pássaros, mamíferos e insetos era um resultado direto da prevalência de rochas de basalto negro na Península Arábica.

Determinismo geográfico e a teoria de Friedrich Ratzel

O determinismo geográfico chegou ao seu ápice na geografia moderna, a partir do final do século XIX, quando foi ressuscitado pelo geógrafo alemão Friedrich Ratzel. Assim, acabou por se tornar a teoria central da disciplina.

A teoria de Ratzel surgiu seguindo a Origem das Espécies de Charles Darwin em 1859 e foi fortemente influenciada pela biologia evolutiva e pelo impacto que o ambiente de uma pessoa tem na sua evolução cultural.

ratzelFriedrich Ratzel, geólogo alemão.

A teoria de Ratzel afirma que, além do homem ser fruto do meio ambiente e geográfico que vive, o Estado é como um organismo vivo que trabalha para se expandir e defender seu próprio espaço.

Assim, as sociedades mais avançadas teriam um espaço maior, conseguindo se expandir com mais velocidade e facilidade.

Foi a partir desse pensamento que o geólogo alemão originou o conceito de espaço vital, que relaciona grupos humanos com as unidades espaciais onde eles se desenvolvem.

Muitos especialistas da geografia moderna põem em cheque a teoria de Ratzel e afirmam que ela foi, de algum modo, propulsora para o acontecimento do Nazismo.

Crítica e declínio do determinismo geográfico

Apesar de seu sucesso no início de 1900, a popularidade do determinismo geográfico começou a declinar na década de 1920.

Além disso, os críticos passaram a alegar que a afirmação era racista e perpetuava o imperialismo.

Carl Sauer, por exemplo, afirmou que o determinismo geográfico generalizou prematuramente a cultura de uma área. Assim, não permitiu resultados baseados em observação direta ou outras pesquisas.

Como resultado de suas críticas e de outras, os geógrafos desenvolveram a teoria do possibilismo ambiental para explicar o desenvolvimento cultural.

O possibilismo ambiental e o determinismo geográfico

O possibilismo ambiental foi estabelecido pelo geógrafo francês Paul Vidal de la Blanche e afirmou que o ambiente estabelece limitações para o desenvolvimento cultural, mas não define totalmente a cultura.

Em vez disso, a cultura é definida pelas oportunidades e decisões que os humanos tomam em resposta ao lidar com tais limitações.

Na década de 1950, o determinismo geográfico foi quase inteiramente substituído na geografia pelo possibilismo ambiental, efetivamente deixando de ser a teoria central da disciplina.

Independentemente do seu declínio, no entanto, o determinismo geográfico era um componente importante da história geográfica, uma vez que representava inicialmente uma tentativa dos primeiros geógrafos de explicar os padrões que viam em desenvolvimento em todo o mundo.

Veja também: determinismo, espaço geográfico e imperialismo.

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