Estrofe e verso: o que são, exemplos e diferenças
O verso e a estrofe são elementos do texto poético. Cada linha de um poema representa um verso, já a estrofe é o conjunto de versos.
Tomemos como exemplo a primeira parte do poema Vou-me embora pra Pasárgada, de Manuel Bandeira:
"Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei"
Neste caso, a frase "Vou-me embora pra Pasárgada" é um verso, assim como "Lá sou amigo do rei" é outro verso, e assim por diante. O conjunto dos quatro versos formam uma estrofe.
O que é verso?
Um verso é uma única frase em uma composição poética. É o elemento que define a poesia, em oposição à prosa. Um conjunto de versos com sentido completo chama-se “estrofe”.
Os versos dão ritmo, melodia e métrica a uma poesia. Eles podem ser classificados quanto ao número de sílabas métricas, ou sílabas poéticas, que são diferentes das sílabas gramaticais.
Para exemplificar os versos e estrofes, vamos utilizar o poema Canção de exílio, de Gonçalves Dias. Cada linha desse poema representa um verso.
Minha terra tem palmeiras, (primeiro verso)
Onde canta o Sabiá; (segundo verso)
As aves, que aqui gorjeiam, (terceiro verso)
Não gorjeiam como lá. (quarto verso)
Tipos de versos
De acordo com o número de sílabas poéticas dos versos, temos a seguinte classificação:
- Monossílabo: uma sílaba poética
- Dissílabo: duas sílabas poéticas
- Trissílabo: três sílabas poéticas
- Tetrassílabo: quatro sílabas poéticas
- Pentassílabo ou Redondilha Menor: cinco sílabas poéticas
- Hexassílabo: seis sílabas poéticas
- Heptassílabo ou Redondilha Maior: sete sílabas poéticas
- Octossílabo: oito sílabas poéticas
- Eneassílabo: nove sílabas poéticas
- Decassílabo: dez sílabas poéticas
- Hendecassílabo: onze sílabas poéticas
- Dodecassílabo ou Alexandrino: doze sílabas poéticas
- Verso Bárbaro: verso com mais de doze sílabas poéticas
O que é estrofe?
Na poesia, uma estrofe é uma unidade dentro de um poema, sendo formada por versos. Nas estrofes, os conjuntos de versos são ordenados de maneira a apresentar uma correspondência métrica com outras estrofes.
Cada conjunto de versos, separados pelas linhas pontilhadas, é uma estrofe. O poema abaixo possui 5 estrofes:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.----------------------------------------
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.----------------------------------------
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.----------------------------------------
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar sozinho, à noite
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.----------------------------------------
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Tipos de Estrofe
Segundo o número de versos presentes em cada estrofe, temos:
- Monóstico: estrofe de 1 verso
- Dístico: estrofe de 2 versos
- Terceto: estrofe de 3 versos
- Quarteto ou Quadra: estrofe de 4 versos
- Quintilha: estrofe de 5 versos
- Sextilha: estrofe de 6 versos
- Septilha: estrofe de sete versos
- Oitava: estrofe de 8 versos
- Nona: estrofe de 9 versos
- Décima: estrofe de 10 versos
- Irregulares: estrofe com mais de 10 versos
E o que é a rima?
Outro elemento do texto poético é a rima. Voltando ao poema Canção de exílio, o segundo verso e o quarto verso de todas as estrofes possuem a terminação das palavras com sons parecidos, como “sabiá” e “lá”, e “flores" e "amores”.
As rimas são essas combinações de palavras que apresentam semelhança de som, tornam a poesia mais musical e sonora.
No caso acima, a rima era utilizada no fim dos versos, chamada de rima externa, mas ela também pode ser usada no interior, sendo a rima interna. O uso de determinados tipos de rima varia conforme a intenção do autor e do efeito que ele deseja.
Tipos de rima
Rima alternada ou cruzada (ABAB)
“O poeta é um fingidor. (A)
Finge tão completamente (B)
Que chega a fingir que é dor (A)
A dor que deveras sente.” (B)(Trecho do poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa)
Nesse trecho, a rima ocorre entre versos pares e ímpares, onde o 1º verso rima com o 3º, e o 2º verso rima com o 4º.
Rima intercalada ou oposta (ABBA)
“Hoje, voltas-me o rosto, se ao teu lado (A)
passo. E eu, baixo os meus olhos se te avisto. (B)
E assim fazemos, como se com isto, (B)
pudéssemos varrer nosso passado.” (A)(Trecho do poema Indiferença, de Guilherme de Almeida)
No exemplo acima, a rima é encontrada entre o 1º e o 4º verso, e entre o 2º e 3º verso.
Rima emparelhada (AABB)
“Aos que me chamam de deputado (A)
Quando nem mesmo sou jurado, (A)
Aos que, de bons, se babam: mestre! (B)
Inda se escrevo o que não preste.” (B)(Trecho do poema Obrigado, de Carlos Drummond de Andrade)
No trecho desse poema, as rimas são encontradas entre os versos 1º e o 2º e entre o 3º e 4º.
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