Exercício para interpretação de texto
A interpretação de texto consiste em ler e compreender textos escritos.
Confira a seguir 4 exercícios de interpretação textual desenvolvidos e comentados por nossos professores especialistas.
Questão 1
Entrou pelo cano!
Quando a gente pensa que não tem mais nada para se inventar, você liga a TV no meio da madrugada insone e “pow” – surge ela: a fantástica máquina de cozinhar macarrão que não vai no fogo e nem usa energia elétrica. Como assim?
A propaganda é hilária: você vai colocar a massa na panela comum e cai tudo fora. Na hora de escorrer, o espaguete cai na pia, você se queima: um “fuá” na sua triste cozinha da idade da pedra. “Mas não se desespere: seus problemas acabaram!” Com esse novo “utensílio” você despeja água quente sobre o macarrão e assiste o seu cozimento pelo tubo transparente. Vira o tubo na pia e a água sai pelos furinhos, como um saleiro gigante: é a salvação da dona de casa moderna!
A cozinheira, atrevida, ainda joga um pedaço de manteiga dentro do tubo quente, algumas ervas e sacode feliz da vida antes de virar o tubo na travessa e servir os nhoques fumegantes. Além de servir para cozinhar e agregar o molho à massa, o “tubo” ainda pode ser usado para guardar o macarrão no armário. Demais? Mas se era tão simples assim, como ninguém pensou nisso antes?
Fiquei curioso, não consigo imaginar a massa cozinhando sem as ondas de água fervente girando na panela. Será que funciona mesmo? Será que não gruda tudo ou fica empapado? Pensei até em simular utilizando uma garrafa térmica, mas achei meio insano. Se alguém já testou ou comeu macarrão feito no “tubo”, que atire a primeira pedra!
(Disponível em: http://marcelokatsuki.folha.blog.uol.com.br)
A partir da leitura do texto “Entrou pelo cano!”, compreende-se que seu propósito comunicativo é:
a) Descrever cuidadosamente uma fantástica máquina de cozinhar feijão.
b) Divulgar um moderno e prático utensílio doméstico.
c) Alertar o telespectador sobre a má qualidade dos programas da televisão brasileira.
d) Criticar as propagandas enganosas comumente veiculadas pela televisão.
e) Promover uma relação harmoniosa entre o consumidor e as novas tecnologias.
O texto utiliza um tom humorístico e irônico para criticar a maneira exagerada como certos produtos são apresentados em propagandas televisivas, destacando como soluções "revolucionárias" podem ser questionáveis ou até absurda
Questão 2
O inimigo dos Games
Como um advogado católico, fã de Frank Zappa, tornou-se o mais temível algoz da indústria dos videogames nos Estados Unidos? Os fanáticos jogadores de videogame definitivamente odeiam Jack Thompson. Camisetas com os dizeres "Tenho ódio de Jack Thompson’’ e um game chamado “Um simulador do Assassinato de Jack” são vendidos na Internet. E, por US$ 5,95, é possível comprar um rolo de papel higiênico com o nome dele impresso nas folhas. Conheça os jogos que já entraram na mira de Thompson:
HALLO: Depois da polêmica causada pelos atentados de Washington, em 2002, Thompson alegou que o jogo de tiro da Microsoft foi usado como ferramenta de treinamento para um dos assassinos.
DOOM: O pai de todos os games violentos. Thompson tem perseguido Doom e sua produtora (Id Software) desde que o adolescente Michael Carneal executou um tiroteio numa escola em West Paducah, no Kentucky, em 1997.
BULLY: O quebra-pau que acontece no pátio da escola virtual provocou a ira de Thompson um ano antes de ser lançado. O advogado persuadiu uma escola em Miami a denunciar o game antes de chegar às lojas.
GRAND THEFT AUTO: O alvo favorito de todos os tempos. Thompson já enfrentou múltiplos processos, alegando que a série gera violência na vida real.
MANHUNT: Thompson classificou este – no qual você incorpora um personagem que é caçado por assassinos – e outros games semelhantes de ‘’simuladores de assassinato’’, mas , ao contrário do que se diz, ele não entrou com nenhum processo nesse caso. (Fonte: Rolling Stone Brasil, novembro de 2006)
Após a leitura do texto acima, é possível afirmar que:
a) Todos os jogos selecionados pela revista Rolling Stone, no intuito de elucidar a causa de Jack Thompson, foram causadores diretos de catástrofes ocorridas com os adolescentes, fato ilustrado com o game Doom.
b) Apesar de todos os games serem violentos, segundo Jack Thompson, não existe qualquer relação – por parte dos exemplos usados na matéria da revista – entre os jogos e as catástrofes ocorridas nos EUA.
c) Jack Thompson alega – através de seus processos contra as criadoras e/ou distribuidoras dos games – que os jogos violentos podem causar influência no comportamento do adolescente, em virtude disso, sua luta para que eles não sejam distribuídos.
d) Todos os jogos selecionados pela Rolling Stone fazem parte de processos movidos contra Jack Thompson, daí o fato de eles terem sido escolhidos para ilustrar a matéria.
e) Somente os pais dos adolescentes americanos acabam por concordar com o posicionamento de Jack Thompson acerca dos games considerados violentos.
Jack Thompson ficou conhecido por sua cruzada contra videogames violentos, argumentando que eles influenciavam negativamente o comportamento dos jovens e contribuíam para a violência. A alternativa "c" captura essa essência.
Questão 3
A Momolândia
Não sei se vocês já leram ou ouviram alguma coisa sobre Momolândia, um país que afundou no oceano Atlântico, há milhares e milhares de anos. Ninguém sabe ao certo como seu povo foi dizimado. Entre os documentos encontrados no cofre de um banco arrombado, há um que fala sobre uma terrível epidemia chamada salarite minimus, que quase dizimou todo o seu povo – salvou-o o Rhum Creostado.
Outra grave moléstia, que frequentemente ataca o sistema nervoso momolandiano, era a chamada politicomielite, causadora da devastadora paralisia estatal. Mas a saúde do povo era uma preocupação constante das autoridades, que instituíram a ‘’medicina de grupo’’. Tanto que, pela manhã, ficavam grupos de doentes nas filas esperando pelos médicos.
A justiça de Momolândia era implacável: quem cometia um crime era preso e assim ficava até o dia do julgamento, quando era posto em liberdade.
Na Momolândia, todos nascem iguais perante a lei, mas esse problema eles conseguiram resolver. As leis proibiam também que os naturais da terra carregassem dinheiro – só os estrangeiros podiam carregar o dinheiro dos momolandianos. A poligamia era severamente proibida. Só era permitida a monogamia, regime no qual um homem podia ter várias esposas, sendo que, sua mesma, só uma.
A fauna de Momolândia tinha apenas 25 bichos, que, à tarde, subiam pelos postes. Mas há uma lenda de um tipo de tubarão, perigosíssimo, que, em vez de viver no mar, vivia no comércio da terra.
Uma das maiores riquezas do país era o petróleo. Sua procura era uma verdadeira obsessão. Por isso, havia enormes buracos em todas as ruas e em todas as estradas.
Apesar de ser um povo muito religioso, o momolandiano não frequentava igrejas. Preferia rezar nos supermercados. Olhava para os preços super-remarcados e orava: ‘’Ave Maria! Nossa Senhora! Meu Jesus! Santo Deus!’’. A santa padroeira da Momolândia era a Santa Paciência.
Engenheiros da Momolândia puseram em prática um engenhoso plano rodoviário: abriram uma grande estrada , no meio de uma densa floresta, para que as pessoas pudessem passar por ela de avião.
O momolandiano era um povo pacífico, de boa índole, nada vingativo. Quando alguém o explorava, ele não pagava na mesma moeda. Pagava em dólar. E era um povo muito sensível: quando encontrava uma galinha preta atravessada numa encruzilhada, acendia logo uma vela.
Tudo na Momolândia tinha um lado bom, a não ser as mulheres, que tinham dois. A educação é que era um problema: as escolas caríssimas, o material escolar pela hora da morte. Basta dizer que o material escolar mais barato era o professor.
O solo da Momolândia era extremamente montanhoso, sendo que o maior era o monte Inflação, cujo pico era muito alto.
Na Momolândia, tanto o trânsito como os refrigerantes eram engarrafados. Sendo o povo de espírito altamente inventivo, os momolandianos inventaram, entre outras coisas, o automóvel sem vaga, o telégrafo sem troco e policiamento sem soldados. Cultivavam o diálogo: podia-se falar com qualquer pessoa, menos com o motorista e nunca explicavam o porquê. O problema da empregada doméstica não existia. Existia, sim, o problema da patroa, que não achava empregada de jeito nenhum.
Afirmam os pesquisadores da Momolândia que, um dia, um rei, vindo de longe, resolveu decretar a abertura dos portos às nações amigas, permitindo assim a invasão de uísques relógios, cigarros, perfumes, carros e filmes pornográficos, com graves prejuízos para a indústria do país.
Politicamente, a Momolândia era dividida em estados: estados menores e estados maiores. E o estado que mandava era sempre o Estado-maior.
Diz a história que a Momolândia ficou independente no dia 7 de setembro de 1822. Mas isso é história...
(Max Nunes, “Uma Pulga na Camisola”)
No primeiro parágrafo, Max Nunes faz referência a uma das possíveis causas da dizimação do povo momolandiano, o salarite minimus. A respeito do uso dessa expressão, é possível afirmar que:
a) Como o autor teve licença poética, o uso da expressão – visivelmente latina – foi permitido. Caso o texto apresentasse qualquer ligação com a realidade – uma produção de opinião, por exemplo – essa inclusão de estrangeirismo não seria possível.
b) Houve desvio por parte do autor. Um texto poético pode ser apresentado somente em forma de versos, como está explicitado em ‘’Momolândia’’, no momento em que a educação entra como foco da discussão (10° parágrafo).
c) A expressão salarite minimus foi utilizada no intuito de descrever os diferentes processos evolutivos de uma determinada língua: o arcaico pode, perfeitamente, conviver com o novo. Tanto é que o termo é largamente usado no cotidiano dos falantes do idioma lusitano no Brasil.
d) Salarite minimus é, na verdade, um neologismo (palavra nova) criado pelo autor. Com intenção humorística, visa a satirizar o salário mínimo nacional, apontando-o como uma das causas da dizimação do povo momolandiano.
e) Como o texto trata de um país fictício, todos os vocábulos utilizados deveriam estar no sentido conotativo para dar maior literariedade à produção.
A expressão "salarite minimus" é um exemplo de neologismo com inspiração em termos latinos. O autor, Max Nunes, utiliza o termo com um tom humorístico e irônico, estabelecendo uma crítica ao salário mínimo, ao associá-lo de forma exagerada e fictícia à dizimação de um povo. A intenção é satirizar situações reais por meio de um contexto fictício, comum em textos que usam humor para provocar reflexões.
Questão 4
Ainda sobre o texto da questão anterior, “A Momolândia”, o autor faz relação entre politicomielite e paralisia estatal. Tendo por base essa ligação, pode-se inferir que:
a) O governo federal é o único responsável pela falência econômica existente em Momolândia, daí o termo ‘’paralisia estatal’’.
b) A terminologia ‘’medicina de grupo’’ representa uma maneira exagerada de descrever a situação da saúde na Mofolândia. Em momento algum há crítica a esse setor social no texto.
c) Politicomielite é a causadora da paralisia estatal. A ligação feita entre ‘’poliomielite’’ e ‘’político’’, um neologismo, demonstra um humor crítico no intuito de mostrar a opinião do autor através de uma nova roupagem.
d) Politicomielite é, na verdade, uma moléstia causada pela justiça de Momolândia, já que os culpados por crimes ficavam detidos somente até o dia do julgamento.
e) Uma vez que o nível de linguagem de todo o texto é coloquial, os neologismos são permitidos. Caso o texto fosse grafado na norma culta, apenas as palavras dicionarizadas poderiam estar presentes.
O termo "politicomielite" é um neologismo humorístico criado por Max Nunes, que associa a palavra "poliomielite" (uma doença que causa paralisia) ao sistema político de Momolândia. A ideia de "paralisia estatal" é uma crítica velada ao funcionamento ineficiente ou ao bloqueio das ações governamentais no país fictício, apresentando um humor crítico que caracteriza o texto.
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