Filosofia contemporânea: principais características e filósofos
A filosofia contemporânea é definida como o pensamento filosófico construído do século XIX até os dias atuais, como consequência dos marcos históricos da Revolução Francesa e da Revolução Industrial.
O pensamento filosófico contemporâneo é caracterizado principalmente pela fenomenologia e hermenêutica (ou estudos da significação).
Dentre as correntes filosóficas mais importantes também estão o positivismo, o materialismo histórico-dialético, a filosofia analítica, o niilismo de Nietzsche, o existencialismo, a teoria crítica da escola de Frankfurt e o pós-estruturalismo.
Não há consenso entre os estudiosos sobre quem seriam os principais filósofos desse período.
Essa falta de consenso acontece, principalmente, devido à diversidade de pensamentos desenvolvidos na contemporaneidade, com escolas e correntes filosóficas distintas coexistindo e ainda se expandindo.
Muitos pensadores contemporâneos são considerados essenciais para entender a filosofia e as demais ciências hoje.
Auguste Comte, Karl Marx, Edmund Husserl, Bertrand Russel, Friedrich Nietzsche, Jean-Paul Sartre, Max Horkheimer e Michel Foucault são alguns deles.
Características das principais escolas filosóficas
Positivismo
A filosofia contemporânea é iniciada com o positivismo de Comte e o materialismo histórico-dialético de Marx no século XIX. Esses dois conceitos dão o pontapé inicial para o que viria depois na construção do pensamento filosófico atual.
No positivismo, o pensamento científico é o único considerado válido. Comte abandonou completamente as noções anteriores da filosofia, que ainda adotavam pensamentos sobre a metafísica e o transcendentalismo. Inspirando-se no iluminismo.
Dessa forma, o racionalismo e o cientificismo são características importantes do positivismo, e que influenciaram de forma significativa a maneira de se pensar e fazer a ciência.
Comte também via a sociedade como um sistema com progressão natural. Mantendo-se a ordem, naturalmente se alcançaria a evolução e o progresso. Acontecimentos históricos posteriores, passados no século XX, colocaram em causa esse aspecto do positivismo.
Materialismo histórico-dialético
A industrialização das sociedades conduziu Marx e Egels a refletir sobre o que seria o materialismo histórico-dialético. Com o materialismo-histórico, os filósofos se opuseram às crenças iluministas, vendo a sociedade como resultado do seu nível de produção e da sua economia.
Para Marx e Egels não eram os ideais (como acreditavam os iluministas) que colocavam uma sociedade em um caminho de progresso, mas sim as suas transformações materiais e econômicas. Dessa forma, as mudanças econômicas e as transformações nos modelos de produção definiriam o caminho histórico que uma sociedade teria.
A história deixou de ser pensada como meros acontecimentos, para ser vista como uma ordem de fatos que se passaram devido às alterações no modelo econômico e produtivo.
Como exemplo, pode-se dizer que a mudanças históricas trazidas pela Revolução Industrial estão diretamente relacionadas com as alterações econômicas que as provocaram. Logo, a transformação econômica foi o que influenciou a transformação social, como a migração do campo para a cidade, a luta por direitos trabalhistas, entre outros. Construindo a história.
No materialismo histórico, a evolução social vem do confronto. Da chamada luta de classes.
O materialismo-dialético é contrário ao idealismo. Por meio dessa teoria, Marx e Egels afirmam que ao se estudar um objeto, é necessário observá-lo na totalidade, como algo inserido em um contexto maior.
Portanto, o estudo de determinada questão não pode ser feito sem considerar tudo o que cerca a questão, inclusive o que for visto como contraditório.
Fenomenologia
Também avessa a ideias positivistas, a fenomenologia de Husserl propunha que era necessário repensar a construção filosófica se afastando de convicções cientificistas.
Para Husserl, o conhecimento seria produzido a partir da forma como a consciência humana interpreta os fenômenos. Como fenômeno, pode-se entender qualquer acontecimento ou manifestação, qualquer coisa que se coloque diante de um indivíduo.
Portanto, na fenomenologia, o conhecimento sobre determinado assunto ou objetivo é construído através interpretação, ou seja, de uma leitura feita pela consciência humana. Com tal afirmação, Husserl tira o protagonismo do pensamento filosófico do objeto e passa para a pessoa/sujeito, que detém a consciência capaz de interpretá-lo.
A fenomenologia acaba sendo vista por muitos estudiosos como uma espécie de método para o pensamento filosófico.
Hermenêutica e Teoria da Significação
Ainda no contexto da interpretação, a hermenêutica é uma importante característica da filosofia contemporânea. Pois é a filosofia de interpretar e compreender a significação, a produção de sentido ou a semântica.
Pode-se dizer que as disciplinas-chave para entender filosofia atual são a fenomenologia e a hermenêutica.
A filosofia contemporânea tem uma grande preocupação com os estudos linguísticos, das teorias da significação.
A filosofia analítica tem também como base as teorias da significação. Um dos seus nomes mais importantes foi Russel.
Com a filosofia analítica, parte-se do princípio de que as pessoas são seres linguísticos, e que é por meio da linguagem que se transmite e se constrói conhecimento. Portanto, essa corrente de pensamento propõe uma análise lógica da linguagem.
A filosofia deixa de pensar sobre objetos ou o conhecimento em si, e passa a estudar a linguagem com a qual se compartilha conhecimento.
A filosofia contemporânea também tem uma forte característica niilista. Baseada, principalmente, nos pensamentos de Nietzsche. O niilismo de Nietzsche influenciou na construção do existencialismo e do pós-estruturalismo.
Niilismo de Nietzsche
O niilismo é uma filosofia que afirma não existir nenhum tipo de certeza na qual se possa basear o conhecimento. A partir do niilismo de Nietzsche, tem-se as concepções de morte de deus e da libertação do sujeito.
Nesses conceitos, o ser humano deixa de ser regido pela moral, pela cultura ou pela religião. Afinal, no niilismo, nenhuma dessas crenças podem ser considerada uma certeza na qual se deve seguir ou construir conhecimento sobre.
Dessa forma, o ser humano passa a ser livre, pois a vida não teria qualquer tipo de sentido ou essência. Essa é a base do pensamento existencialista.
Existencialismo
O existencialismo tem como nomes importantes Satre, Beauvoir e Camus. Esse pensamento filosófico declara a falta de sentido para a vida humana. Assim a vida não teria qualquer significado maior, o indivíduo simplesmente existe e cabe unicamente a ele construir e guiar a sua existência. Construindo a sua condição humana.
Teoria Crítica
Com base marxista, a Escola de Frankfurt sugeria uma nova leitura dos conceitos de Marx. Os pensadores de Frankfurt se opunham ao positivismo e ao iluminismo, pois consideravam que com a ascensão dos movimentos fascistas e nazistas na Europa havia acontecido uma severa regressão social.
A Escola de Frankfurt surgiu na Alemanha no século XX e durante a II Guerra Mundial se mudou para os Estados Unidos. Os filósofos, entre eles, Horkheimer e Adorno, desenvolveram a Teoria Crítica.
A Teoria Crítica visava a transformação social. Não se colocava como uma conceito neutro, o que era comum nas conceituações anteriores, mas propunha um pensamento crítico e que provocasse mudança.
A indústria cultural é conceito da Teoria Crítica, que surge a partir da análise dos meios de comunicação. A indústria cultural se refere a um sistema de "fabricação" de bens culturais que serviriam como mecanismo de geração de lucro e de controle social, mantendo as pessoas alienadas.
Pertencentes à indústria cultural estariam filmes, novelas, programas de rádio e televisão, livros e todo bem artístico-cultural resultado da chamada cultura de massa.
A cultura de massa seria uma mistura da cultura erudita com a cultura popular. Esses bens seriam produzidos com o objetivo de manter a ordem social e econômica vigente.
Outro conceito presente na Teoria Crítica é o da razão instrumental. A razão instrumental seria quando a razão ou conhecimento se tornam instrumentos de dominação e controle social.
Com a razão instrumental, a ciência deixaria de ser um modelo para o conhecimento e a liberdade, e passaria a ser um meio para alcançar o poder, tornando-se exploratória e dominadora.
Pós-estruturalismo
Um dos principais nomes da corrente pós-estruturalista é o filósofo Michel Foucault. O pós-estruturalismo é uma corrente de pensamento filosófico que critica as bases do estruturalismo, por considerá-las deterministas e não levarem em consideração os contextos históricos.
Entenda mais sobre o estruturalismo.
Os filósofos pós-estruturalistas consideram a realidade uma construção social e de caráter subjetivo. O pós-estruturalismo também tende a negar posições binárias, como os conceitos de "bom ou mal" ou "homem ou mulher".
O pensamento pós-estruturalista está presente em estudos semânticos e de significação, nos estudos de gênero, na análise literária e em muitos outros. O pós-estruturalismo tem como base os conceitos de Nietzsche e o anti-positivismo.
Alguns estudiosos consideram o pós-estruturalismo como uma corrente filosófica característica da pós-modernidade.
Compreenda o que é a pós-modernidade.
Resumo das principais características
- Positivismo.
- Racionalismo.
- Cientificismo.
- Materialismo histórico.
- Materialismo dialético.
- Fenomenologia.
- Hermenêutica.
- Estudos linguísticos - Filosofia Analítica.
- Niilismo.
- Existencialismo.
- Liberdade.
- Crítica social - Escola de Frankfurt.
- Pós-estruturalismo.
- Subjetividade.
- Desconstrução.
Principais filósofos da contemporaneidade
Auguste Comte
Comte é o fundador do positivismo. Essa corrente filosófica tinha como base os ideais iluministas e acreditava que a ciência era a única forma válida de conhecimento. Sendo responsável por explicar tanto a natureza, quanto as realidades sociais.
Logo, o positivismo tem influência do cientificismo. Apesar de conceitos filosóficos posteriores terem fortemente questionado o positivismo, a importância dessa corrente filosófica está por ter sido a primeira a elaborar um estudo social de forma sistemática.
Isto é, definindo um objeto de estudo, adotando um método de pesquisa e compondo conceitos.
Além disso, o positivismo via a sociedade como um mecanismo que evoluiria naturalmente. Mantendo-se a ordem, organicamente o caminho seria o progresso.
Comte teve grande importância na construção da identidade nacional no período da instauração do Brasil república. A maioria dos militares envolvidos na mudança de regime governamental era positivista. Auguste Comte era francês, nascido no ano de 1798 e faleceu em 1857. É considerado o pai da sociologia.
Conheça mais sobre o positivismo e sua influência no Brasil.
Karl Marx
Marx é considerado uns dos mais importantes filósofos da contemporaneidade. Junto com Friedrich Engels foi o responsável por conceitos filosóficos relevantes, como a luta de classes, o materialismo histórico-dialético e o socialismo científico.
Marx foi um grande crítico do capitalismo industrial. Dessa forma, dividiu a sociedade em duas grandes classes: o proletariado, composto pelos trabalhadores, em sua maioria pertencentes ao mundo operário das fábricas, e a burguesia, que seria uma classe elitizada, proprietária das indústrias, ou seja, dona dos meios de produção.
Marx afirmava que essas duas classes antagônicas estariam sempre em disputa, a luta de classes. Enquanto a burguesia pretendia manter seus status através do poder econômico e político, o proletariado estaria em busca de uma mudança social através de melhores condições de vida.
Ainda dentro do contexto fabril, o filósofo abordava o conceito de mais-valia, no qual o produto final construído sempre valeria mais do que o valor dado como remuneração ao trabalhador.
A burguesia seria a classe exploradora, enquanto o proletariado, a classe explorada. Nesse cenário, o filósofo também aborda os conceitos de alienação e ideologia. Neles, a condição real do indivíduo seria camuflada. As pessoas pertencentes ao proletariado não teriam acesso ao conhecimento do que realmente viviam, perdendo de certa forma a sua identidade.
Um dos métodos de camuflagem, que faria com que o indivíduo perdesse a sua identidade, seria o fato de os trabalhadores das fábricas não conhecerem o produto final do que fabricavam, pois estavam envolvidos somente em uma parte do processo fabril.
Para Marx, somente com a luta de classes (quando o proletariado entendesse o seu poder e os seus direitos) é que seria possível alcançar uma verdadeira transformação social.
No materialismo histórico, o pensador vê as transformações históricas de uma sociedade sendo impulsionadas pelo seu nível de produção e pela sua economia. Para Marx seria a luta de classes, determinada a partir do modelo de produção e econômico vigentes, que fariam a história.
Já no materialismo-dialético, o filósofo traz a noção de que para se estudar um objeto é necessário pensá-lo como um todo, portanto o estudo de um objeto ou temática não pode ser pensado de forma isolada, mas sim levando em consideração os contextos que estão ao redor dele.
Saiba mais sobre o materialismo histórico e o materialismo dialético.
Os conceitos de luta de classes, mais-valia, divisão do trabalho, entre outras, estão incluídas no que se chama de socialismo científico ou socialismo marxista.
A principal obra do socialismo científico foi O Capital, de 1867, que criticava o capitalismo. O Manifesto Comunista, de 1848, também abordavam esses conceitos e propuseram objetivos de mudança. Karl Marx era um filósofo alemão, de ascendência judia. Nascido em 1818 e falecido em 1883.
Edmund Husserl
Husserl foi o principal nome da fenomenologia. Para o filósofo, a realidade seria um fenômeno que precisaria ser interpretada e revelada.
A consciência humana seria a responsável por realizar essa interpretação. Husserl também afirmava que a consciência é sempre uma consciência de algo. Portanto, a consciência não seria vazia, estaria sempre relacionada a alguma coisa, seja uma pessoa, um objeto ou uma situação.
Essa consciência também seria considerada plástica, ou seja, teria a capacidade de mudança, sendo aberta para transformações e se adaptando.
Entretanto, a consciência também teria a particularidade da temporalidade. Assim, a forma da consciência humana de interpretar fenômenos poderia variar de acordo com o tempo histórico em que o indivíduo vive.
Para o filósofo, o conhecimento também possuiria características de intencionalidade. Quando um indivíduo volta sua atenção para um fenômeno existente, sempre há intenção em fazê-lo.
Edmundo Husserl era alemão, nasceu em 1859 e faleceu em 1938. Outro nome importante dentro da fenomenologia foi Friederich Hegel.
Bertrand Russel
Russel foi um filósofo pertencente a corrente de pensamento da filosofia analítica. A filosofia analítica se dedicava aos estudos dos enunciados linguísticos, isto é, era um ramo da filosofia que pensava o ser humano como um ser linguístico, e que a linguagem era o meio pelo qual se construiria e se transmitiria o conhecimento.
Por ser também matemático, Russel traz para a filosofia uma forma lógica de se analisar a linguagem. A análise lógica da linguagem seria o caminho para entender e se pensar a filosofia.
Para os filósofos analíticos, a análise lógica da linguagem era a maneira de superar os problemas da filosofia metafísica.
Russel nasceu no Reino Unido em 1872. Pertenceu a aristocracia britânica, assumindo o título de conde.
Foi um homem considerado progressista para a sua época, posicionando-se politicamente contra as duas Grandes Guerras e se mostrando a favor do voto feminino. Em 1950, ganhou o Nobel de Literatura. Morreu em 1970.
Friedrich Nietzsche
Nietzsche foi um dos mais importantes filósofos da contemporaneidade. Com seus pensamentos, influenciou muitas correntes filosóficas posteriores, como o existencialismo e o pós-estruturalismo.
No início de seus estudos filosóficos, Nietzsche sofreu influência do importante filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Friedrich Nietzsche era um crítico da filosofia socrática, afirmava que os pensamentos metafísicos de Sócrates haviam retirado dos indivíduos o que chamou de forças apolíneas e forças dionísicas.
As forças apolíneas seriam características como a racionalidade, a beleza e ordem. Já as dionísicas, seriam a paixão, a intensidade, o medo, entre outros. Para o filósofo, negar essas forças seria negar a própria vida.
Nietzsche constrói o conceito de moral de escravo e moral de senhor. A moral de escravo seria aquela em que o indivíduo se submete à crenças e valores que o subjugariam, como a religião. A moral de senhor seria quando o indivíduo não segue qualquer valor imposto, sendo o senhor da sua própria moral.
Nietzsche afirma que deus está morto, portanto o ser humano deveria ser o senhor de sua própria moral. O indivíduo que conseguisse se libertar dos valores impostos pela religião e pela cultura, seria o super-homem (do alemão: "Übermensch").
O super homem de Nietzsche seria um modelo que deveria ser buscado pela humanidade, para a obtenção da liberdade.
A vontade de potência seria o que impulsionaria os indivíduos livres da moral de escravo a construir uma trajetória para a sua existência.
Nietzsche pode ser considerado um filósofo niilista justamente porque nega a existência de uma certeza ou uma essência que sirva como base para a criação do conhecimento ou da moral. Porém o conceito de vontade de potência mostra um niilismo ativo, onde o super-homem está livre para construir uma vida sem amarras.
Friedrich Nietzsche nasceu na Prússia, atual Alemanha, em 1844. Além de filósofo, também foi filólogo, poeta, compositor e crítico cultural. Faleceu em 1900.
Jean-Paul Sartre
Sartre é o maior representante do existencialismo. O filósofo teve como principais inspirações a fenomenologia de Husserl, o niilismo de Nietzsche e o materialismo histórico de Marx.
A partir desses conceitos, Sartre pensou o existencialismo ateu, mais uma vez abandonado uma filosofia metafísica. Segundo o filósofo, o ser humano estava condenado à liberdade, pois não existiria nenhuma força superior ou um significado maior para a vida humana.
Dessa forma, os indivíduos sempre seriam completamente livres para escolher como construir a sua existência. Essa escolha seria o que criaria a condição humana. Ou seja, a partir das escolhas feitas durante a sua vida é que um indivíduo construiria a sua essência enquanto ser humano.
Ao contrário dos filósofos clássicos, que pensavam o ser humano com uma essência ou uma natureza especial, Sartre diz que a essência do indivíduo será formada durante a vida a partir das escolhas feitas diante da liberdade. Para Sartre, a existência vem antes da essência.
Com influência do materialismo histórico e dialético de Marx, o filósofo também pensou um existencialismo em um contexto social. Sartre tinha fundamentos marxistas, mas realizou uma releitura dos conceitos do pensador alemão.
Para Sartre, conforme os indivíduos vão fazendo escolhas para as suas vidas, acabam também fazendo escolhas para a humanidade em geral, projetando suas escolhas para toda a comunidade.
O ser humano ao fazer escolhas olhando para si, estaria também optando pelo que seria para o outro. Assim, associa-se também o existencialismo às pautas políticas e sociais.
Simone de Beauvoir, esposa de Sartre, foi uma grande filósofa existencialista e referência nas teorias feministas. Jean-Paul Sartre nasceu na França em 1905 e faleceu em 1980.
Entenda mais sobre o feminismo.
Max Horkheimer
Horkheimer foi um dos mais prestigiados membros da escola de Frankfurt. Uma das maiores correntes filosóficas do século XX, influenciando a filosofia e sociologia. Também compõem a escola de Frankfurt, pensadores como Walter Beijamin, Theodor Adorno e Jürgen Habermas.
A escola de Frankfurt iniciou seus estudos na Universidade de Frankfurt, em 1924, e construiu pensamentos filosóficos sobre vários temas, como estética, comunicação, linguística, entre outros.
Tendo origem judia, a escola de Frankfurt passou a existir na clandestinidade por volta dos anos de 1930, tendo depois que mudar sua localização para os Estados Unidos, durante o regime nazista.
Propondo uma releitura do marxismo, a escola de Frankfurt também tinha perfil antipositivista, e inspiração no existencialismo e na psicanálise de Sigmund Freud.
Horkheimer foi um dos pensadores base para a Teoria Crítica. A Teoria Crítica é um conceito guarda-chuva para diversos pensamentos importantes desenvolvimentos dentro da Escola de Frankfurt, entre eles, a indústria cultural e a razão instrumental.
A indústria cultural seria a produtora da cultura de massa. Portanto, a indústria cultural iria produzir, assim como em uma fábrica, bens ou produtos culturais.
Esses bens da cultura, que poderiam ser filmes, novelas, peças de teatro, séries de tv, etc., assim como em uma indústria são feitos em série e com os objetivos de gerar lucro e promover o controle social.
Os filósofos da escola de Frankfurt apontavam ser danoso que a indústria cultural fosse a fonte de informação e o guia de vida das pessoas. Esse aspecto "educativo" da indústria cultural poderia influenciar padrões e comportamentos.
Os "frankfutianos" também elaboraram o conceito de razão instrumental, que seria quando a ciência e/ou a razão passam a ser utilizadas como instrumento de dominação e exploração econômico e social. Max Horkheimer nasceu na Alemanha em 1895 e morreu em 1973.
Michel Foucault
Foucault é um dos filósofos fundamentais para entender o pensamento filosófico atual. Muitas vezes visto como um pensador de revolucionou as ciências humanas.
O filósofo é o grande nome do pós-estruturalismo, no qual retomou os pensamentos de Nietzsche e se inspirou no existencialismo de Sartre. Também apoiando os ideias antipositivistas.
Foucault elaborou conceitos sobre o poder, o discurso, a domesticação dos corpos, a história da sexualidade, a história da construção do conhecimento ocidental e também da loucura, abordando a psiquiatria.
Por ser um grande crítico do mundo contemporâneo, Foucault ficou conhecido como o filósofo da desconfiança. A expressão faz referencia à pratica do pensador analisar as instituições sociais e defender um atitude de desconstrução da realidade, típica dos chamados pós-estruturalistas.
Dentre as várias conceituações, destacam-se os pensamentos sobre o poder e a domesticação dos corpos. Foucault se afastou do pensamento marxista clássico que pensava o poder como uma posição majoritariamente ligada ao fator econômico.
Foucault não via o poder como uma posição, mas como algo que poderia ser exercido. O poder seria algo que poderia ser executado. E sempre seria exercido de maneira desequilibrada, isto é, por mais sutil que possam ser, as relações de poder são sempre desiguais.
Nenhum indivíduo poderia estar fora dessas relações. Por menor que a execução de poder seja, ele sempre estará presente no cotidiano de todos.
Como exemplo, essas relações de poder podem ficar evidente nas relações familiares, entre pais e filhos, ou mesmo entre irmãos. Na escola, entre professores e estudantes; entre trabalhador e empregado; entre os policiais e os cidadãos civis; entre amigos ou em situações maiores, como entre as instituições jurídicas e a população comum.
O poder não necessariamente é exercido em uma relação de dualidade, o poder se ramifica em toda a sociedade e tem como uma de suas principais característica a de ser assimétrica.
O poder também não é algo que se exerce eternamente, as dinâmicas das relações de poder são mutáveis. Transformando-se com o decorrer do tempo, mas nunca deixando de existir.
Outra característica do poder seria a capacidade de atuar sobre os corpos dos indivíduos. Nessa conceituação, Foucault elabora o pensamento sobre a domesticação dos corpos. O que faria com que os corpos dos indivíduos fossem transformados para que pudessem entregar o máximo possível.
Ou seja, os corpos deveriam ser domesticados ao ponto máximo de rendimento. O filósofo afirmava que essa domesticação poderia ser vista nos espaços, como no militarismo ou nas escolas.
A domesticação criaria uma espécie de disciplina, que formam regras e comportamentos a fim de explorar ao máximo o tempo e o corpo. Michel Foucault é francês, nasceu no ano de 1926 e faleceu em 1984.
Momento histórico da filosofia contemporânea
O contexto histórico que permeou a construção da filosofia contemporânea começou a partir da Revolução Francesa e também da Revolução Industrial.
Esses dois eventos históricos mudaram a estruturação econômica e social em todo mundo. Inicialmente na Europa e depois, gradativamente, no restante do globo.
A Revolução Francesa, inspirada nos ideais do Iluminismo, levou a queda da monarquia na França e consequentemente a desvalorização do regime político em todo o mundo. Após a revolução, a república, como sistema político, ganhou força e a burguesia passou a ter, além de poder econômico, também poder político.
A partir do final do século XVII, os avanços tecnológicos possibilitaram grandes mudanças na dinâmica social, especialmente no trabalho. A tecnologia modificou o processo de produção, que era praticamente artesanal, para a confecção com máquinas.
As máquinas a vapor, a utilização do carvão para gerar energia, a descoberta de novos químicos, entre outros avanços, aumentaram a produtividade das fábricas. Produzindo mais e em menos tempo. O lucro dos proprietários dos empreendimentos, pertencentes a burguesia, disparou.
A Revolução Industrial iniciou na Inglaterra, por volta de 1760, e rapidamente ganhou a Europa e também os Estados Unidos. A substituição da força humana pelo maquinário mudou o estilo de vida da população. Consolidando o capitalismo como modelo econômico-social.
A exaltação da racionalidade e da ciência, iniciadas com o Iluminismo, e os avanços tecnológicos a partir do fim do século XVIII fizeram pensar a sociedade como uma estrutura histórica e que progredia naturalmente. Concepção que deu base para o positivismo de Comte.
Em contra-partida aos avanços tecnológicos da Revolução Industrial, transformações sociais problemáticas ocorreram, como a forte migração das populações das zonas rurais para as cidades, em busca de trabalho nas fábricas (o êxodo rural). Também houve uma acentuação das desigualdades sociais, que eram notórias devido às más condições de trabalho nas fábricas, moradias precárias e a falta de direitos trabalhistas.
A necessidade das populações em conquistar direitos trabalhistas e melhores condições de vida abriu caminho para conceituações como a luta de classes de Karl Marx e o feminismo, com o movimento sufragista. O movimento lutava pelo direito feminino ao voto.
Diante das desigualdades sociais consequentes ao estabelecimento do capitalismo, outros modelos sociais e econômicos passaram a ser pensados, como o socialismo, o comunismo e a anarquia.
Entenda mais sobre os conceitos de socialismo, comunismo e anarquia.
Além das mudanças sociais negativas, o ideal de progresso natural firmado pelo positivismo foi colocado em causa com a tomada do poder por governos totalitários no século XX. Tanto de direita, como o nazismo e o fascismo, como de esquerda, o stalinismo.
Hannah Arendt foi uma importante filósofa alemã, perseguida pelo regime nazista. Arendt era judia e foi a responsável por um renomado estudo sobre regimes totalitários, e elaborou conceitos como o da banalidade do mal.
Saiba mais sobre as características do totalitarismo.
A partir desses fenômenos, especialmente a ascensão do nazismo na Alemanha, passou-se a valorizar ainda mais o pensamento crítico. A chamada escola de Frankfurt, que durante a guerra teve de se mudar para os Estados Unidos, tinha uma base marxista, mas procurava ir além das noções de Karl Marx.
Eram contrários ao positivismo e foram influenciados pelo existencialismo e pela psicanálise. A sua base de pensamento filosófico estava nas teorias críticas ao capitalismo e na emancipação social.
É também na escola de Frankfurt que surge o conceito de indústria cultural. A indústria cultural seria um mecanismo capitalista de transformar a cultura em uma mercadoria e em um meio de controle social.
No fim do século XX começa, na França, um movimento baseado nas concepções de Nietzsche. Embora o movimento pós-estruturalista não tenha assim se autodenominado, ficou dessa forma conhecido por pensar a sociedade como uma construção e negar o binarismo presente nos estudos estruturalistas.
Além de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Judith Blutter são importantes nomes da filosofia contemporânea.
Apesar de ser possível traçar uma linha temporal sobre os acontecimentos históricos que influenciaram e foram influenciados pela filosofia contemporânea, também é notória que a filosofia praticada nos últimos dois séculos é diversa.
Percebem-se correntes de pensamento que se relacionam (seja como uma releitura ou como uma negação da escola anterior) ou que praticamente não conversam, estando somente no mesmo campo temático.
Para alguns estudiosos condensar a filosofia contemporânea em um molde histórico/temporal não seria o ideal. Primeiramente devido à diversidade das correntes filosóficas, que faz com que não exista uma uniformidade dos conceitos durante o recorte temporal definido.
E também existe a dificuldade inerente de interpretar e categorizar um conhecimento que é recente, e ainda está sendo produzido. Porém, pode-se pensar que a principal preocupação da filosofia atual é significação.
Fontes bibliográficas:
- CHAUI, M. Convite à filosofia. Ed. Ática, São Paulo. 2000
- FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Editora Forense Universitária, Rio de Janeiro, 2008.
- FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Edições Loyola, São Paulo, 1996.
- PORTO, M. A Filosofia a partir de seus problemas. Edições Loyola. 3d. São Paulo, 2007
- RUSSEL, B. História da filosofia ocidental. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2015.
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