Pleonasmo

Igor Alves
Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

O pleonasmo ocorre quando repetimos a mesma ideia com palavras diferentes. Quando é usado intencionalmente para reforçar um pensamento ou sentimento, é uma figura de linguagem. Quando ocorre sem intenção, é um erro gramatical ou vício de linguagem.

A classificação do pleonasmo como figura de linguagem ou erro gramatical depende da intenção comunicativa da mensagem.

Veja os exemplos de pleonasmo:

Exemplo Explicação

"Vi com meus próprios olhos."

Neste exemplo, o pleonasmo ocorre porque "vi" e "com meus próprios olhos" têm o mesmo significado. "Vi" já mostra que o sujeito presenciou algo, e "com meus próprios olhos" apenas reforça isso, propositalmente. Aqui, temos uma figura de linguagem.

"Repita de novo."

No exemplo, o pleonasmo está na repetição desnecessária. "Repita" já significa fazer algo novamente, então "de novo" é redundante, pois não acrescenta nada à mensagem. Isso é um vício de linguagem.

Tipos de pleonasmo

O pleonasmo pode ser usado de propósito para reforçar uma ideia, mas às vezes acontece sem intenção, resultando em redundância. Existem, portanto, dois tipos de pleonasmo: o literário e o vicioso.

1. Pleonasmo literário

O pleonasmo literário é uma figura de linguagem usada de propósito para dar ênfase a uma ideia, aumentando a expressividade do texto.

Exemplos:

"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!"

(Fernando Pessoa)

No fragmento acima, o poeta repete intencionalmente a ideia de salgado com palavras diferentes: "mar", "salgado", "sal" e "lágrimas". Não é um erro gramatical, mas um recurso expressivo para reforçar a ligação emocional e histórica entre o mar e o povo português.

"Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma."
(Machado de Assis, "Don Casmurro")

A expressão "vencer-se" já significa superar suas próprias dificuldades. Adicionar "a si mesma" repete a ideia. O pleonasmo destaca o esforço pessoal e a profundidade da luta emocional de Capitu.

2. Pleonasmo vicioso (redundância)

Pleonasmo vicioso é a repetição não intencional de ideias, uma redundância considerada um erro gramatical ou um vício de linguagem.

Exemplos de pleonasmo vicioso:

  • "Sai pra fora, João!"
  • "Carlinhos entrou pra dentro de casa às pressas."
  • "Todos seguimos pelo caminho, só a Ana que voltou para trás."
  • "O que estás fazendo deitado na cama?"
  • "A pasta não quer sair de dentro do tubo".
  • "Marcos ia indo para o trabalho."

Nos exemplos acima, as palavras "sai", "entrou", "voltou", "deitado", "sair" e "ia" já trazem o significado completo, sem necessitarem, portanto, de repetição. Quando ocorre acidentalmente a redundância, temos o pleonasmo vicioso.

Abaixo, listamos alguns exemplos dos pleonasmos viciosos mais comuns da língua portuguesa:

Subir para cima Conviver junto
Descer para baixo Outra alternativa
Entrar para dentro Criar novos
Sair para fora Repetir de novo
Gelo frio Elo de ligação
Viúva do falecido Surpresa inesperada
Ver com os olhos Adiar para depois
Hemorragia de sangue Encarar de frente
Monopólio exclusivo Metades iguais
Panorama geral Continua a seguir

Quadro explicativo do pleonasmo

Objeto pleonástico

O objeto pleonástico acontece quando o objeto direto ou indireto é repetido na frase usando um pronome oblíquo. Essa repetição, apesar de redundante, permite destacar a importância do objeto na frase. Acompanhe os exemplos:

"A casa, eu a comprei."

Aqui, "a casa" é repetida pelo pronome oblíquo "a", criando um objeto direto pleonástico.

"Ao João, eu lhe dei um presente."

Neste caso, "ao João" é repetido pelo pronome oblíquo "lhe", formando um objeto indireto pleonástico.

"A mim não me enganas tu."

Neste exemplo, "a mim" é repetido pelo pronome oblíquo "me", formando um objeto indireto pleonástico.

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Igor Alves
Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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