Pleonasmo
O pleonasmo ocorre quando repetimos a mesma ideia com palavras diferentes. Quando é usado intencionalmente para reforçar um pensamento ou sentimento, é uma figura de linguagem. Quando ocorre sem intenção, é um erro gramatical ou vício de linguagem.
A classificação do pleonasmo como figura de linguagem ou erro gramatical depende da intenção comunicativa da mensagem.
Veja os exemplos de pleonasmo:
Exemplo | Explicação |
---|---|
"Vi com meus próprios olhos." |
Neste exemplo, o pleonasmo ocorre porque "vi" e "com meus próprios olhos" têm o mesmo significado. "Vi" já mostra que o sujeito presenciou algo, e "com meus próprios olhos" apenas reforça isso, propositalmente. Aqui, temos uma figura de linguagem. |
"Repita de novo." |
No exemplo, o pleonasmo está na repetição desnecessária. "Repita" já significa fazer algo novamente, então "de novo" é redundante, pois não acrescenta nada à mensagem. Isso é um vício de linguagem. |
Tipos de pleonasmo
O pleonasmo pode ser usado de propósito para reforçar uma ideia, mas às vezes acontece sem intenção, resultando em redundância. Existem, portanto, dois tipos de pleonasmo: o literário e o vicioso.
1. Pleonasmo literário
O pleonasmo literário é uma figura de linguagem usada de propósito para dar ênfase a uma ideia, aumentando a expressividade do texto.
Exemplos:
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!"
(Fernando Pessoa)
No fragmento acima, o poeta repete intencionalmente a ideia de salgado com palavras diferentes: "mar", "salgado", "sal" e "lágrimas". Não é um erro gramatical, mas um recurso expressivo para reforçar a ligação emocional e histórica entre o mar e o povo português.
"Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma."
(Machado de Assis, "Don Casmurro")
A expressão "vencer-se" já significa superar suas próprias dificuldades. Adicionar "a si mesma" repete a ideia. O pleonasmo destaca o esforço pessoal e a profundidade da luta emocional de Capitu.
2. Pleonasmo vicioso (redundância)
Pleonasmo vicioso é a repetição não intencional de ideias, uma redundância considerada um erro gramatical ou um vício de linguagem.
Exemplos de pleonasmo vicioso:
- "Sai lá pra fora, João!"
- "Carlinhos entrou pra dentro de casa às pressas."
- "Todos seguimos pelo caminho, só a Ana que voltou para trás."
- "O que estás fazendo deitado na cama?"
- "A pasta não quer sair de dentro do tubo".
- "Marcos ia indo para o trabalho."
Nos exemplos acima, as palavras "sai", "entrou", "voltou", "deitado", "sair" e "ia" já trazem o significado completo, sem necessitarem, portanto, de repetição. Quando ocorre acidentalmente a redundância, temos o pleonasmo vicioso.
Abaixo, listamos alguns exemplos dos pleonasmos viciosos mais comuns da língua portuguesa:
Subir para cima | Conviver junto |
Descer para baixo | Outra alternativa |
Entrar para dentro | Criar novos |
Sair para fora | Repetir de novo |
Gelo frio | Elo de ligação |
Viúva do falecido | Surpresa inesperada |
Ver com os olhos | Adiar para depois |
Hemorragia de sangue | Encarar de frente |
Monopólio exclusivo | Metades iguais |
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Objeto pleonástico
O objeto pleonástico acontece quando o objeto direto ou indireto é repetido na frase usando um pronome oblíquo. Essa repetição, apesar de redundante, permite destacar a importância do objeto na frase. Acompanhe os exemplos:
"A casa, eu a comprei."
Aqui, "a casa" é repetida pelo pronome oblíquo "a", criando um objeto direto pleonástico.
"Ao João, eu lhe dei um presente."
Neste caso, "ao João" é repetido pelo pronome oblíquo "lhe", formando um objeto indireto pleonástico.
"A mim não me enganas tu."
Neste exemplo, "a mim" é repetido pelo pronome oblíquo "me", formando um objeto indireto pleonástico.
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