Idade Média

Revisão por Frank Arellano

Professor de História e Mestre em Linguística

A Idade Média é um período histórico que se inicia no século V, com a queda do Império Romano, e se estende até século XV.

Também chamada de "era medieval", durou 977 anos e teve como modelo político, econômico e social o feudalismo, que tinha como base a servidão.

A Idade Média foi dividida em Alta Idade Média e Baixa Idade Média, em que os primeiros séculos (de V a X) são marcados pela alta presença das características medievais, e entre os séculos XI e XV acontece a baixa, ou seja, o enfraquecimento desses aspectos.

Considerada a "idade das trevas" por alguns intelectuais, devido ao limitado desenvolvimento cientifico e intelectual, a Idade Média é um extenso período cujos acontecimentos moldaram a sociedade ocidental.

Resumo da história da Idade Média

Para entender o início da Idade Média, é preciso lembrar o que estava acontecendo antes do século V. Nesse momento, boa parte da Europa e também partes da Ásia e da África faziam parte do Império Romano.

O Império Romano se iniciou em 27 a.C. e se tornou uma das maiores civilizações da história. Durante séculos, exerceu seu poder na região, com uma organização administrativa poderosa, exércitos e estruturas viárias que interligavam o território.

A partir do século II, povos chamados pelos romanos de "bárbaros" começaram a invadir e ocupar a região, estabelecendo o seu poder.

Durante as invasões, esses povos realizavam saques nas cidades, o que provocava medo na população, que passou a fugir para o campo. Assim se inicia a ruralização, que vai determinar o modo de produção feudal que se estabelece durante a Idade Média.

Em 476 d. C, os hérulos - de origem germânica - invadem Roma e depõe o último Imperador, Rômulo Augústulo. Essa deposição marca a queda do Império Romano do Ocidente e o início da Alta Idade Média.

Vale lembrar que o Império Romano havia se dividido em dois: ocidental e oriental. O início da Idade Média corresponde à queda do Império Romano do Ocidente, o Império Romano do Oriente mantém seu poder e cairá somente no final da Idade Média.

Alta e Baixa Idade Média

A Alta Idade Média se inicia com a queda do Império Romano do Ocidente e vai até o fim do século X. O início da Idade Média é marcado pela ida das pessoas ao campo, que fugiam das invasões bárbaras nos territórios romanos.

Para se proteger, formavam núcleos fortificados em torno de propriedades, onde o proprietário exercia o poder e oferecia terras em troca de proteção contra invasores. Dessa organização surgem os feudos e o modo de produção feudal, que foi predominante.

No feudalismo, os senhores feudais ofereciam parte das terras para outros nobres em troca de serviços e proteção. Esse sistema era conhecido como suserania e vassalagem, no qual o suserano era quem oferecia terras e o vassalo aquele que recebia. Além disso, existiam os servos, que viviam nas terras e deviam impostos e serviços ao senhor feudal.

Dentro das propriedades, as pessoas viviam em modo de subsistência, isto é, produziam o que precisavam para viver. As atividades comerciais que eram comuns no Império Romano perderam importância.

A organização política feudal era descentralizada, isso significa que não havia um rei ou imperador de toda uma extensão territorial. Haviam os senhores de terra, que exerciam poder apenas dentro de seus territórios, onde podiam cobrar taxas e impostos.

A instituição mais poderosa da Idade Média foi a Igreja Católica. Apesar de ter surgido durante o Império Romano, foi no período medieval que seu poder se consolidou e foi a partir desse poder que ela iria, séculos mais tarde, exercer o poder sobre boa parte do mundo ocidental.

A partir do século XI, no entanto, algumas mudanças na sociedade europeia levaram ao início da crise do sistema feudal, que marca o começo da Baixa Idade Média:

• O desenvolvimento de novas técnicas agrícolas leva ao aumento da produção;
• Crescimento demográfico e excedente populacional.

Nesse momento, a Igreja Católica convoca as Cruzadas, que foram expedições organizadas com o objetivo declarado de libertar a terra santa (Jerusalém e a Palestina) do domínio muçulmano.

Sabe-se, no entanto, que haviam outros interesses em realizar as Cruzadas. Um deles era o deslocamento do excedente populacional da Europa, já que havia um desequilíbrio entre a produção de alimentos e o crescimento populacional.

Outro objetivo também era a conquista de terras no oriente, especialmente por aqueles nobres que haviam perdido suas terras no território europeu. E por fim, haviam interesses comerciais entre ocidente e oriente, que provocariam um renascimento comercial.

Os produtos trazidos do oriente eram comercializados na Europa e é nesse momento que surgem as feiras, que se localizavam especialmente em cidades próximas ao mar mediterrâneo. Gênova e Veneza foram as cidades que mais se destacaram nesse tipo de atividade.

Com o fortalecimento do comércio, os moradores dos feudos se deslocaram para as cidades e formaram os burgos. Os burgos são o início da reurbanização e é desses lugares que irá surgir, anos mais tarde, a nova classe social chamada burguesia, composta por artesões, banqueiros e comerciantes.

Fim da Idade Média

Além do crescimento do comércio e da vida nas cidades durante a Baixa Idade Média, outros acontecimentos foram importantes para o fim da era medieval: a peste negra e a Guerra dos Cem Anos.

A peste negra foi uma doença transmitida por pulgas de ratos que dizimou um terço de toda a população europeia. Acredita-se que a praga tenha sido trazida da Ásia em 1331 nos navios e se espalhou pela Europa a partir de seus portos.

Os servos que sobreviveram a peste passaram a enfrentar o aumento dos impostos dos senhores feudais, em uma tentativa de compensar o número de trabalhadores mortos. A alta dos tributos fez com muitos servos escolhessem abandonar os feudos para viver nas cidades.

A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) foi travada entre França e Inglaterra e teve um alto poder destrutivo. Além de muitas mortes, a guerra devastou as produções agrícolas da França, fazendo com que morar nas cidades passasse a ser a melhor opção.

Esse contexto favorecia a mudança nas estruturas da sociedade europeia, enfraquecendo o regime feudal e abrindo caminho para a próxima fase da história: a Idade Moderna.

Considera-se, oficialmente, o fim da Idade Média no ano de 1453, quando os turco-otomanos conquistam a cidade de Constantinopla e derrubam o Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino. O ano de 1492, com a chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano, também é considerado um marco para fim da era medieval.

Com o fim da Idade Média, uma nova ordem mundial se iniciou. Houve consolidação da burguesia, a construção do capitalismo como modelo econômico e social, a criação dos estados-nações governados por monarquias absolutistas e a valorização da racionalidade (com o Renascimento no século XV).

Entenda mais sobre a queda do Império Romano e as Cruzadas.

Características da Idade Média

Sociedade Medieval

A sociedade medieval era divida em estamentos, um tipo de segmentação bastante inflexível, em que a mobilidade social é quase impossível. Os principais estamentos medievais eram os nobres, o clero e os servos.

A nobreza era composta basicamente pelos senhores feudais e suas famílias. Existia ainda uma diferenciação de alta nobreza e baixa nobreza. Era comum, entre nobres, haver uma relação de suserania e vassalagem, em que o suserano doava terras aos vassalos em um acordo de honra, que prometia apoio militar durante uma possível guerra.

O clero era formado pelos membros da Igreja Católica. Era o estamento mais rico e poderoso da Idade Média, controlavam a religião e também o conhecimento (que era muito restrito).

Os servos eram os camponeses e trabalhadores. Eram eles que produziam tudo que seria consumido pela população do feudo, e pagavam impostos aos senhores feudais e ao clero, pela proteção de viver na propriedade e para a manutenção da fé religiosa.

Cultura na Idade Média

A idade das trevas

A Idade Média foi considerada por alguns intelectuais da Idade Moderna como a "idade das trevas", devido ao declínio na produção intelectual, artística e científica em relação ao período dos gregos e romanos.

Para os pensadores iluministas e renascentistas, durante a Idade Média, a Igreja Católica teria impedido o desenvolvimento do conhecimento. Hoje se entende como preconceituosa a denominação de idade das trevas.

Durante a Idade Média aconteceram avanços importantes, sobretudo no desenvolvimento da produção agrícola, além disso, é nesse período que surgem as primeiras universidades.

Também é na era medieval que são desenvolvidos movimentos artísticos importantes, como o gótico e o romântico, que caracterizaram a arquitetura da época, especialmente a de edifícios religiosos, como igrejas e catedrais.

Veja também o que foi o Renascimento.