Kuarup (ritual indígena)
Kuarup é uma madeira que dá nome a um ritual indígena, cujo significado para os índios é a despedida dos mortos e encerramento do período de luto.
Esse ritual é realizado pelos indígenas da região do Alto Xingu, Mato Grosso, para celebrar a memória dos mortos e liberar suas almas para o mundo espiritual.
Cada morto celebrado no ritual é representado por um tronco de madeira kuarup, que é ornamentado e jogado no rio Kuluene ao final da cerimônia.
Durante a celebração kuarup também é realizado o ritual de passagem das meninas para a vida adulta. Elas são apresentadas para a tribo após um ano de reclusão em suas casas.
A origem do Kuarup
O ritual tem origem no mito sobre a tentativa do Pajé Mavutsinim de ressuscitar seis pessoas mortas. Segundo os índios do Alto Xingú, o Pajé preparou seis troncos de madeira que seriam transformados para terem vida, e avisou que naquela noite quem tivesse relações sexuais não deveria sair de casa.
A experiência de ressurreição começava a surtir efeito, quando um índio que havia tido relações sexuais desobedeceu o aviso e se aproximou. Nesse momento, os troncos pararam de se mexer. Muito descontente, o Pajé disse que a partir daquele momento só tentaria ressuscitar as almas dos mortos.
Desde então, os índios acreditam que após a celebração do Kuarup as almas dos mortos vão se libertar e viver em outro mundo.
A celebração dos mortos ilustres
O Kuarup é uma festa muito importante que acontece uma vez por ano no Parque Indígena do Alto Xingu e dura dois dias. Durante as celebrações há comida, danças, cânticos, rezas e o momento das lamentações - quando são erguidos troncos de madeira pintados e enfeitados com faixas de cor amarela e vermelha e alguns objetos do morto. Cada tronco representa um morto.
Nessa cerimônia, os índios choram pela última vez a partida dos seus entes queridos - a festa marca o fim do período de luto.
Índios de outras etnias são convidados para a celebração, eles acampam nas redondezas da tribo e recebem das famílias de luto, presentes como peixe e beiju - também conhecido como tapioca.
Ritual de passagem das meninas
Também faz parte do Kuarup, o ritual de passagem das meninas da tribo. Durante a cerimônia, elas são apresentadas para a tribo depois de um período de um ano de reclusão dentro de casa. Esse período encerra a puberdade e é compreendido pelos indígenas como um momento de reflexão.
Huka Huka
Após finalizadas as homenagens aos mortos, no segundo dia do ritual, iniciam-se as lutas chamadas Huka Huka, nas quais jovens guerreiros se enfrentam. Nessas lutas, os índios têm como objetivo encostar na perna do adversário ou derrubá-lo.
Durante a noite que antecede a luta, os guerreiros permanecem acordados, em preparação. Eles arranham suas peles com dentes de peixe e passam ervas para que tenham força para enfrentar o adversário.
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