Lamarck e Darwin
Qual a diferença entre lamarck e darwin?
Jean-Baptiste de Lamarck foi um naturalista francês que deu os primeiros passos em direção a uma teoria da evolução, reunindo conceitos pré-darwinistas na sua teoria dos caracteres adquiridos.
Lamarck também foi responsável por introduzir a palavra biologia no nosso dia a dia.
Charles Darwin foi um naturalista inglês. Seu trabalho sobre a teoria da evolução através da seleção natural, publicado no livro A Origem das Espécies em 1859, deu início ao nosso entendimento de como a evolução das espécies ocorre.
Jean-Baptiste de Lamarck
O naturalista Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829) criou a teoria dos caracteres adquiridos, que foi desacreditada. Apesar disso, antes que Darwin surgisse com A Origem das Espécies, Lamarck já buscava entender como o processo de evolução dos seres vivos funcionava, culminando ideias pré-darwinistas em sua concepção.
A teoria dos caracteres adquiridos não foi bem aceita na França, mas foi compreendida até certo ponto na Inglaterra.
Mesmo assim, o naturalista não foi capaz de convencer a sociedade em que vivia sobre a evolução das espécies com base na teoria. Mas recebeu elogios de Darwin por sua contribuição em difundir o assunto e por concordar com aspectos do trabalho de Lamarck, como a lei do uso e desuso.
Teoria dos caracteres adquiridos
Para a elaboração de sua teoria, Lamarck utilizou ideias pré-darwinistas sobre a evolução das espécies e as personificou em uma única teoria, a dos caracteres adquiridos. Com base em três pilares, a teoria buscava explicar como as espécies foram originadas, inclusive os seres humanos. Estes pilares eram:
- Melhoramento constante: os seres vivos têm tendência de melhorar constantemente, isto porque os organismos buscariam a perfeição. Por isso, há um aumento na complexidade que vai dos seres menos desenvolvidos (como as bactérias) aos mais desenvolvidos (como os humanos). Neste sentido, a tendência em busca da melhora constante seria uma força externa, comparada até mesmo à atração gravitacional. Esta "força" agiria de forma isolada para gerar uma linha contínua e progressiva de evolução.
- Lei do uso e desuso: a tendência de melhoria constante não estaria atuando sozinha sobre a evolução, pois características favoráveis para a sobrevivência seriam passadas de geração para geração. Já aquelas que não eram utilizadas, não eram recebidas pelos herdeiros. A lei do uso e desuso era uma ideia amplamente aceita na sociedade da época em que Lamarck vivia.
- Naturalismo dependente dos seres vivos: o terceiro pilar da teoria dos caracteres adquiridos é que o naturalismo depende dos seres vivos. Isto para construir uma ideia de que muitos seres seriam incompreensíveis por natureza.
Logo, o naturalista previa que os caracteres adquiridos seriam uma transmissão de habilidades entre uma geração de seres para outra. Esta transmissão causaria desvios na linha evolutiva, o que geraria novas espécies.
Assim como na teoria de Charles Darwin, na teoria dos caracteres adquiridos de Lamarck a lei de uso e desuso também era defendida, abrindo a possibilidade de evolução de outras funções no organismo.
Lamarck também defendia que o ambiente terrestre passa por constantes transformações, o que forçaria os seres a se adaptarem para a sobrevivência da espécie. As mudanças no ambiente levariam a novas necessidades e, com o passar de gerações, os seres desenvolveriam novos comportamentos e órgãos.
Charles Darwin
Charles Darwin (1809-1882) criou a teoria da seleção natural, aceita atualmente para explicar fenômenos da biologia ligados à evolução. Na época em que escreveu a teoria, nos anos 1830, durante expedições em que participava, Darwin tinha consciência da controvérsia que suas ideias poderiam causar.
No entanto, publicou seu trabalho em 1858 para evitar que o naturalista inglês Alfred Wallace publicasse um trabalho com conceitos semelhantes. Contudo, Wallace também é creditado pela teoria da seleção natural, mesmo que Darwin seja reconhecido como o principal responsável pelas descobertas.
Depois da publicação do livro, a teoria da seleção natural tornou-se a perspectiva dominante sobre a diversidade de espécies na natureza. Isto porque pôde ser provada pela Ciência anos depois da morte de Darwin.
Teoria da seleção natural e sexual
De acordo com Charles Darwin e Alfred Wallace, a alta competição das espécies pela sobrevivência e a alta taxa de fecundidade dão origem à seleção natural.
No entanto, também contam fatores genéticos, além de mutações e isolamento geográfico, contribuindo para o desenvolvimento de mecanismos para a sobrevivência em determinado local.
Na base da teoria da seleção natural está o fato de que características são hereditárias se favoráveis para a multiplicação e desenvolvimento da espécie. As características não favoráveis seriam perdidas com o tempo e o passar de gerações.
Desta forma, a seleção natural agiria sobre o fenótipo, que são as características passíveis de observação de um indivíduo.
Assim, se o fenótipo estiver ligado a um genótipo, o gene será passado às gerações seguintes. Assim, iriam surgindo variações de espécie para espécie, mais adaptadas aos ambientes em que viviam. Enquanto isso, os genes de fenótipos não favoráveis seriam perdidos com o tempo.
O processo de seleção natural pode dar origem a grupos de seres completamente novos, que estariam mais aptos e adaptados à sobrevivência e reprodução.
Para exemplificar: se determinado animal apresentar alguma característica favorável para a sua sobrevivência e reprodução, a característica será passada aos seus descendentes, aumentando as chances de ploriferação da espécie.
Apesar disso, Darwin ainda distinguia os aspectos da seleção natural pela sobrevivência e pela reprodução. Para o naturalista britânico, a seleção sexual se dá quando há luta entre seres do mesmo sexo pela posse de seres do sexo oposto.
Isto é, na seleção sexual, o mais forte teria o direito de passar seus genes para as gerações futuras ao lutar pela reprodução.
Lamarck x Darwin
É bastante interessante pensar na teoria dos caracteres adquiridos de Lamarck em relação à teoria da seleção natural de Charles Darwin. O francês acreditava na evolução em uma época em que a sociedade ainda era muito ligada à religião e à ideia de que a criação de todos os seres vivos era algo divino.
Mas a teoria de Lamarck, apesar de desacreditada, trouxe grandes avanços no entendimento da biologia em seu tempo.
Entretanto, estudiosos da época fizeram experiências um tanto incomuns para refutar a teoria revolucionista de Lamarck, como mutilar ratos para verificar se os filhotes nasciam com as características faltantes dos seus genitores.
Ao se defender, Lamarck acreditava na evolução com o tempo e as necessidades relacionadas ao ambiente. Por não conseguir provar sua teoria, foi rechaçado.
Darwin, por sua vez, elogiou o trabalho de Lamarck, pois acreditava em aspectos da teoria do naturalista francês, como a lei do uso e desuso. Além disso, o trabalho do francês foi creditado pelo britânico pela contribuição em difundir a ideia.
Apesar das semelhanças entre as teorias, Darwin levou o conceito ainda mais adiante, ao pensar em questões genéticas e introduzi-las na sua teoria.
No entanto, enquanto a teoria de Lamarck englobava os seres humanos, Darwin evitou o assunto, apesar de concordar que a seleção natural também age sobre a espécie humana.
Por precaução, Darwin procurou maneiras de provar que a seleção natural acontecia, fazendo experimentos minuciosos com plantas e consultas frequentes a criadores de animais.
Um exemplo de prova da teoria da seleção natural de Darwin são as bactérias resistentes a antibióticos, um problema que tem afetado a saúde pública no mundo inteiro. Bactérias causadoras de certas doenças têm evoluído para resistir a medicamentos, provando uma evolução que ocorre diante de nossos olhos.
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