Loki: deus da trapaça (mitologia nórdica)

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Loki é o deus da mitologia nórdica associado à trapaça, travessuras e magia. Figura complexa e multifacetada, é filho dos gigantes Laufey e Farbauti, mas vive em Asgard, o reino divino, na companhia do principal clã de deuses nórdicos, os Aesir.

Uma das características mais marcantes de Loki é a sua habilidade de se metamorfosear. Ele pode assumir diferentes formas e mudar sua aparência a seu bel-prazer, o que lhe permite se infiltrar em situações e enganar os outros deuses e seres. Essa habilidade também reflete seu caráter imprevisível e instável.

O deus da mentira é conhecido por suas travessuras e piadas, mas também por seu lado sombrio e traiçoeiro. É frequentemente retratado como um deus ambíguo, que tanto ajuda quanto atrapalha os outros deuses. Sua personalidade e suas ações ambíguas muitas vezes geram conflitos e desordem no panteão nórdico.

Filhos de Loki

Loki e seus filhos
Loki e seus filhos Jormungandr, Fenrir e Hel

O deus da trapaça é conhecido na mitologia nórdica por seu caráter sedutor, tendo relacionamentos com diversos seres míticos. Foi casado com Sigyn, uma deusa e filha de um gigante, conhecida por sua lealdade ao marido. Loki também se relacionou com Angrboda, uma giganta com quem teve seus filhos mais conhecidos:

Jormungandr

Também conhecida como a Serpente do Mundo, Jormungandr é uma gigantesca serpente que envolve o mundo. É um dos principais antagonistas nas lendas nórdicas e está destinada a lutar contra Thor durante o Ragnarok, o fim dos deuses.

Fenrir

Lobo gigante conhecido por sua natureza feroz e selvagem, Fenrir foi aprisionado pelos deuses, pois suas ações representavam uma ameaça ao equilíbrio do mundo. Durante o Ragnarok, o lobo se libertará e lutará contra os deuses, causando devastação e morte.

Hel

Deusa do submundo na mitologia nórdica, Hel é descrita como tendo metade do corpo vivo e a outra metade morta, simbolizando sua posição como governante do reino dos mortos.

Histórias e lendas de Loki

O deus da magia desempenha papel central em diversas histórias e lendas da mitologia nórdica. Selecionamos a seguir algumas das mais conhecidas.

O corte dos cabelos de Sif

O deus astuto decide pregar uma peça em Sif, a esposa de Thor. Aproveitando-se do momento em que a deusa está dormindo, corta seus belos cabelos dourados, deixando-a desfigurada e envergonhada.

Quando Thor descobre o que aconteceu, fica furioso e exige que travesso corrija seu erro. Caso contrário enfrentaria a ira do poderoso deus do trovão. Sentindo-se pressionado, Loki se compromete a encontrar uma solução.

O filho de Laufey, então, dirige-se aos habilidosos anões que residem nas profundezas da terra. Com sua astúcia e poder persuasivo, convence-os a forjarem novos cabelos mágicos para a deusa. Esses cabelos são tecidos com fios de ouro e podem crescer como se fossem cabelos naturais.

Com os novos cabelos mágicos em mãos, Loki retorna à Asgard com o presente de Sif, restaurando sua beleza e devolvendo-lhe a confiança.

A trapaça dos construtores de muralhas

Deuses e mortais viveram juntos por muito tempo. No entanto, Odin, o maior dos deuses, decidiu criar Asgard. Ao finalizar a construção da cidade, perceberam que haviam esquecido de construir uma muralha para protegê-la. Então, um cavaleiro se ofereceu para construir o muro em troca da mão da deusa Freya, responsável pelo pomar das maçãs da juventude que mantinham os deuses jovens. Loki concordou com o acordo, desde que o cavaleiro concluísse a tarefa em seis meses.

Para surpresa do deus da trapassa, a construção do muro estava avançada e o cavaleiro estava prestes a terminar no prazo. Odin ficou furioso com o acordo feito e pediu que ele resolvesse a situação.

Loki observou o cavaleiro trabalhando e percebeu que ele contava com a ajuda de seu cavalo, Svadilfari, para transportar as pedras. Então, transformou-se em uma égua branca e distraiu o cavalo, fazendo com que o seguisse até a floresta, deixando o construtor sozinho.

O cavaleiro, na verdade, era um gigante disfarçado que planejava destruir os deuses. Ao ficar sem a ajuda de seu cavalo, ele teve que voltar à sua verdadeira forma para trabalhar mais rápido. Odin pediu a Thor, seu filho, que lidasse com o gigante, e ele o derrotou facilmente com seu martelo, Mjolnir.

Loki desapareceu por um tempo, mas retornou eventualmente a Asgard com Sleipnir, um cavalo de oito patas conhecido como o mais rápido do mundo. Surpreendentemente, o deus da mentira se tornou mãe do cavalo. Ao perceber que Odin se apaixonou pelo animal, decidiu presenteá-lo com o filho, na esperança de que ele esquecesse o problema que quase fez os deuses perderem Freya e as maçãs da juventude.

O roubo do martelo de Thor

Thrym, um gigante de gelo, roubou o martelo de Thor e o escondeu profundamente em seu reino. O ladrão concorda em devolver o martelo apenas se Freya, a deusa do amor e da beleza, se tornar sua esposa.

Os deuses ficam indignados com essa proposta, e Thor se recusa a permitir que a deusa seja sacrificada. No entanto, Loki sugere uma solução alternativa: eles disfarçariam o deus do trovão como Freya e o apresentam como noiva para o gigante.

Thor, relutante, aceita o plano e se veste como uma noiva. Durante o casamento, o gigante percebe algo estranho quando "Freya" devora quantidades enormes de comida e bebida. Loki rapidamente explica que ela passou tanto tempo ansiosa para se casar com Thrym e que está simplesmente consumindo de alegria.

Chega o momento em que o gigante coloca o martelo de Thor no colo de "Freya" como um presente de casamento. O filho de Odin, não conseguindo conter sua raiva, agarra o martelo e desencadeia seu poder, matando Thrym e todos os gigantes presentes.

A morte de Balder

Balder era um dos deuses mais amados, conhecido por sua beleza, bondade e invulnerabilidade a quase todos os perigos. No entanto, Loki descobriu que a única coisa capaz de ferir o deus era o visco.

Aproveitando-se dessa informação, o deus da mentira tramou um plano para causar a morte de Balder. Ele descobriu que Hod, irmão cego do filho de Odin, estava triste por não poder participar dos jogos que os deuses faziam para se divertir. Loki então se ofereceu para auxiliar o deus cego a participar, dando-lhe uma flecha feita de visco.

O deus das travessuras guiou a mão de Hod para ele lançar a flecha, que atingiu Balder fatalmente. Esse acontecimento desencadeou uma série de eventos que culminaram no Ragnarok, a batalha final entre os deuses e as forças do caos.

Bibliografia:

  • BELLOWS, Henry Adams. The Poetic Eddas. New York: Dover Publicatios, 2007.
  • LINDOW, John. O Livro da Mitologia Nórdica. Petrópolis: Vozes, 2019.

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