Máscaras africanas: o que são, tipos e significados
As máscaras africanas são adereços utilizados em cerimônias e rituais e têm grande importância religiosa, mística e espiritual para diversos povos africanos.
Nessas cerimônias, as máscaras têm como finalidade estabelecer contato com o mundo espiritual e com os deuses.
As máscaras africanas, também chamadas de máscaras tribais, são uma tradição dos países da África Subsaariana, localizados ao sul do Deserto do Saara.
Essa arte africana ficou conhecida no mundo por influenciar obras de artistas europeus do início do século XX, como Pablo Picasso e Henri Matisse.
Máscaras africanas e seus significados
Para cada etnia as máscaras possuem significados próprios e são utilizadas em diferentes celebrações e rituais. As máscaras podem ser usadas como agradecimentos por:
- Boas colheitas;
- Abundância e prosperidade;
- Resolução de disputas;
- Vitória em guerras e conflitos.
Além disso, as máscaras podem simbolizar valores morais, como:
- Humildade;
- perseverança;
- coragem;
- força;
- sabedoria.
As máscaras são usadas em cerimônias de celebração e rituais de iniciação e casamentos, nascimentos e funerais, em cerimônias de preparação para a guerra e rituais para expulsar espíritos ruins.
O significados das diferentes máscaras africanas
Cada grupo étnico pode possuir diversas máscaras, cada uma delas com significados e utilizações diferentes. Conheça algumas das principais máscaras africanas e entenda seus significados.
Máscaras Bwa (Burkina Faso)
O povo Bwa da Burkina Faso, país da África Ocidental, utiliza máscaras de animais para evocar seus espíritos, alguns dos animais representados em suas máscaras são crocodilos, búfalos e falcões.
As linhas em zigue-zague representam as dificuldades que os ancestrais encontraram em seus caminhos e as pinturas em preto e branco representam os opostos: luz e trevas, sabedoria e ignorância, homem e mulher.
Máscaras Kanaga (Mali)
Umas das máscaras mais famosas do povo Dogon do Mali é a Kanaga, uma máscara utilizada em um ritual chamada dama, realizado para garantir a passagem segura dos espíritos para o mundo dos antepassados.
O rosto dessas máscaras é retangular e possui barras que formam duas cruzes no topo da cabeça. As barras inferior e superior representam um pássaro e a força criativa de Deus e também podem representar o céu e a Terra.
Máscaras Bamana (Mali)
O povo Bamana do Mali utiliza a representação dos antílopes em suas máscaras. Esse povo tem uma forte tradição agrícola e sua crença diz que foram os antílopes que ensinaram seus antepassados a plantar.
As máscaras de antílopes possuem vários chifres que saem do topo da cabeça do animal, esses chifres simbolizam o nascimento das plantas a partir dos grãos. Essas máscaras são utilizadas em rituais de iniciação.
Máscaras Baule (Costa do Marfim)
O povo Baule da Costa do Marfim têm forte tradição em máscaras. Em uma de suas celebrações, chamada Goli, esse povo utiliza máscaras redondas que simbolizam o sol e possuem dois chifres de búfalo, que representam a força desse animal.
Essa máscara também é utilizada em festivais de colheita, em ocasiões que recebem visitas importantes ou em funerais de pessoas influentes da comunidade.
Máscaras Punu (Gabão)
As máscaras do povo Punu do Gabão representam rostos de mulher, geralmente com escarificações - técnica utilizada para deixar cicatrizes na pele. O cabelo da máscara se assemelha ao cabelo das mulheres da tribo.
Essa máscara era utilizada em funerais e rituais mágicos e representa uma imagem idealizada dos ancestrais. O branco da máscara simboliza a paz, as divindades, os espíritos mortos e a vida após a morte.
Máscaras Baga (Guiné)
O povo Baga da Guiné utiliza máscaras que representam a beleza feminina nos seios e em cicatrizes no rosto. Os seios são alongados e planos para simbolizar os muitos anos de amamentação.
Muitas das máscaras com rostos de mulher desse povo são representadas com as tradicionais tranças que os povos africanos fazem nos cabelos. Para o povo Baga, as máscaras de mulher só podem ser utilizadas pelos homens nos rituais.
Máscaras Biombo (República Democrática do Congo)
O povo Biombo, que vive na República Democrática do Congo, utiliza máscaras em seus rituais tribais e de circuncisão. Suas máscaras geralmente são vermelhas e essa cor é obtida com o pó de tukula, extraído de uma árvore conhecida como sândalo africano.
Máscaras Kpelie (África Ocidental)
O povo Senufo é formado por diversos grupos étnicos que vivem em regiões dos países Costa do Marfim, Mali, Burkina Faso e Gana. Uma de suas máscaras tradicionais é a Kpelie, que representa uma mulher.
Essa máscara é utilizada por homens em rituais de iniciação, funerais e celebração de colheitas, ela simboliza a beleza feminina e a fertilidade.
Máscaras Kuba (República Democrática do Congo)
O povo Kuba tem mais de 20 máscaras utilizadas em rituais de iniciação e celebrações e uma das máscaras mais importantes é a Mwaash Ambooy, que representa o poder real.
Essa máscara é utilizada apenas pelo rei e por chefes locais e segundo as tradições, ela simboliza o Woot, um herói fundador de quem o povo Kuba acredita ser descendente.
Máscaras Dan (Costa do Marfim)
O povo Dan da Costa do Marfim tem tradições de caça e agricultura e acredita que existem dois mundos: o mundo humano e o mundo espiritual.
Para eles as máscaras são habitadas por forças espirituais e são usadas como proteção e comunicação com o mundo espiritual. Suas máscaras são esculpidas em madeira e representam rostos humanos.
Máscaras Kota (Gabão)
O povo Kota do Gabão esculpia suas máscaras em madeira e as cobriam com chapas de cobre e latão para aumentar o seu poder. A face das máscaras dos Kota têm formato oval e seu corpo forma um losango.
As máscaras kota são conhecidas como emboli ou mbuto e são usadas em cerimônias de iniciação de meninos. Durante o ritual, os anciãos mostram aos jovens que as máscaras são seres humanos como eles.
Máscaras Fang (África Central)
Os Fang são um grupo étnico localizado em uma área que abrange a Guiné Equatorial, o norte do Gabão e o sul de Camarões. Uma de suas máscaras famosas, chamada Ngil, era utilizada em suas sociedades secretas.
As máscaras Ngil eram utilizadas pelos homens em rituais de iniciação de novos membros e de perseguição aos malfeitores. Essas máscaras eram pintadas de branco, possuíam rosto longo e nariz fino.
Máscaras Kwele (África Ocidental)
O povo Kwele, que vive em regiões do Gabão, da República Democrática do Congo e Camarões, acreditava em bruxaria e culpava as bruxas por todos os males sociais e pessoais que enfrentam.
Para se proteger das bruxarias, eles faziam um ritual chama beete, durante o qual faziam a purificação dos espíritos. As máscaras têm chifres e representam um antílope, cuja carne era comida ao final do ritual.
Máscaras Teke (República Democrática do Congo)
As máscaras do povo Teke da República Democrática do Congo são utilizadas em cerimônias como casamentos, funerais e ritos de iniciação. Também podem ser utilizadas para identificar membros com status sociais e políticos superiores.
As máscaras teke são arredondadas e planas, pintadas com formatos geométricos e feitas em madeira.
História das máscaras africanas
As máscaras são tradições dos povos africanos há milhares de anos. Acredita-se que desde o Período Paleolítico, que se iniciou há cerca de 2,5 milhões de anos, as máscaras são utilizadas pelos povos da região.
As máscaras têm importantes significados religiosos e espirituais. Elas são utilizadas em rituais (geralmente por homens) e servem para estabelecer a conexão com os ancestrais e outros seres divinos.
Nesses rituais, a pessoa que utiliza a máscara entra em transe e estabelece contato com esses espíritos. Às vezes, um sábio ou um tradutor acompanha essa pessoa para traduzir as mensagens enviadas.
Os rituais são acompanhados por músicas cantadas e tocadas em instrumentos tradicionais e com danças. Além das máscara, os trajes que cobrem o corpo servem para preservar a identidade da pessoa e garantir que a essência do espírito seja captada.
Como são confeccionadas as máscaras africanas?
As máscaras africanas utilizadas nos rituais e celebrações são elementos sagrados e sua confecção é feita por pessoas designadas para essa função. O ofício de fabricar máscaras costuma ser passado de geração em geração.
Além dos conhecimentos técnicos para confeccionar as máscaras, acredita-se que essas pessoas são capazes de sentir o poder dos espíritos nos materiais utilizados e em suas ferramentas, por isso, estas devem ser manuseadas com cautela.
Grande parte das máscaras é feita em madeira, que são talhadas com facas afiadas. Para esses povos, as árvores possuem um espírito e antes de cortá-las é preciso realizar rituais de purificação e sacrifício.
Os ornamentos das máscaras são feitos com tintas, chifres, sementes, dentes, pedaços de couro e tecido. Além da madeira, também é comum encontrar máscaras feitas em marfim, cerâmica e metais como o cobre e o bronze.
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