O que é Indústria Cultural (com exemplos)
Indústria cultural é o nome que se dá à produção e distribuição de itens de cultura com vistas à obtenção de lucro. É um conceito que se refere à produção em série de bens culturais, como ocorre com outros tipos de mercadoria. São exemplos de produtos da indústria cultural filmes, programas de TV, telenovelas, campeonatos esportivos, shows musicais, programas de rádio, livros, discos etc.
Esse conceito foi criado na década de 1940 pelos filósofos alemães Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969). Ambos faziam parte da chamada Escola de Frankfurt, um grupo de pesquisadores dedicados à formulação de uma teoria crítica da sociedade contemporânea. Dentre os temas pesquisados pelos teóricos de Frankfurt, encontram-se a arte, a cultura e a mídia.
A indústria cultural, como o próprio nome já diz, é um fenômeno que surgiu com o processo de industrialização, mais especificamente durante a Segunda Revolução Industrial (1850-1945). Nesse período, houve grandes avanços no setor das telecomunicações, como a invenção do rádio e inovações técnicas que permitiram a evolução das técnicas de impressão. No século XIX, há a consolidação da imprensa como o primeiro meio de comunicação de massa.
Um dos primeiros produtos da indústria cultural foram os romances de folhetim. Os folhetins eram histórias publicadas em capítulos nos jornais, à semelhança das atuais telenovelas.
Tal como qualquer outra mercadoria, os itens da indústria cultural são produzidos em série e distribuídos pelos meios de comunicação de massa, como a TV, o rádio e a internet. Hoje em dia, os serviços de streaming para assistir filmes e séries, como a Netflix, ou para ouvir música, como o Spotify, são grandes distribuidores dos produtos da indústria cultural.
Como o objetivo de qualquer indústria é a obtenção do lucro, a produção de bens culturais atende à lógica do mercado. Assim, o trabalho de criação artística, em vez de atender unicamente às necessidades expressivas de seu criador, passa a se submeter à ideia do lucro. Se a primeira temporada de uma série não deu o lucro esperado, o estúdio que a produziu dificilmente investirá numa segunda temporada.
Uma das críticas que se faz à indústria cultural tem a ver com o seu caráter repetitivo. Se o objetivo do produtor de bens culturais é obter lucro, aposta-se naquilo que o consumidor já conhece. Existem “fórmulas do sucesso”, seja em filmes, livros ou canções. Apostar nessas fórmulas costuma dar bastante certo. A regra é: dar ao consumidor aquilo que ele quer.
A filósofa Marilena Chauí, em seu livro Convite à Filosofia, afirma que a indústria cultural faz com que a arte perca o seu caráter experimental. Segundo ela, os bens artísticos produzidos pela indústria cultural tendem a confirmar aquilo que já foi “consagrado pela moda e pelo consumo”.
Outra crítica que se faz à indústria cultural é o fato de se transformarem os itens da cultura em mero entretenimento. Obras mais reflexivas ou críticas costumam ser encaradas como coisas que não vendem. Por isso, é comum que se opte por produzir materiais agradáveis, simplificados, superficiais e de fácil absorção. Segundo os críticos, a cultura industrializada provoca sérias consequências sociais, como a alienação, a fuga da realidade e o conformismo.
Adorno e Horkheimer, os criadores do conceito, foram grandes críticos da indústria cultural. Segundo eles, a produção cultural em série faria dos indivíduos meras “marionetes” do poder econômico, já que o consumo da cultura de massa não contribui com o pensamento crítico e com a reflexão. Pelo contrário: torna o indivíduo alienado e conformado.
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Indústria cultural e cultura de massa
A cultura de massa é o produto da indústria cultural. Todos os bens culturais, do audiovisual aos produtos impressos, que se submetem à lógica do mercado podem ser classificados como cultura de massa. Um outro nome que se pode dar à cultura de massa é “cultura industrial” - produtos feitos em série com vistas à obtenção de lucro.
Segundo os críticos dessa definição, não se pode falar em uma cultura “de” massa, já que esses bens culturais não são produzidos pelas massas. O mais correto seria falar de cultura “para” as massas, ou seja, um conjunto de bens culturais produzidos para o consumo delas, já que a cultura de massa não é produzida pelo público que a consome.
A filósofa Marilena Chauí chama a atenção para a separação promovida pela indústria cultural entre dois tipos de obras: as “caras” e as “baratas”. As primeiras são destinadas a uma elite cultural, que tem recursos para pagar por essas obras caras. Já as segundas são produtos destinados à massa.
Assim, em vez de democratizar o acesso à cultura, a indústria cultural faria uma separação entre os bens de consumo de uma elite e os bens de consumo da massa. A cada grupo social é destinado um tipo de bem cultural.
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