Obaluaê (Omolu): história do Orixá da cura

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Obaluaê é o deus iorubá e das religiões afro-brasileiras associado à cura, às doenças, ao respeito aos mais velhos, à terra e à morte.

Também conhecido como Omolu, Obaluaiê, Omulu ou Xapanã, ocupa um lugar de destaque nas práticas religiosas de seus devotos. Sua proteção e intercessão é muito requisitada em momentos de dificuldades físicas e espirituais.

O Orixá é saudado com a expressão de origem iorubá Atotô Obaluaê, que significa silêncio para o grande Rei da Terra”.

Culto a Obaluaê
Culto a Obaluaê.

História, significado e sincretismo

A origem e história de Obaluaê remontam às antigas tradições africanas. Na cosmologia iorubá, Omolu era venerado como um Orixá ancestral, associado à terra, à cura e à proteção contra doenças.

Acredita-se que a figura de Omolu tenha se originado na região da atual Nigéria, mais precisamente na cidade de Ifé. Oláwàiye, em iorubá, significa "o rei que é senhor da terra".

Omolu é filho dos Orixás Nanã e Oxalá e irmão de Oxumaré. Nasceu com feridas devido a conflitos entre seus pais. Abandonado à beira do mar, foi resgatado por Iemanjá, a rainha do mar, que o acolheu como filho e ensinou a curar doenças e superar adversidades.

Por conta de suas cicatrizes, Obaluaê passou a cobrir-se com palhas, mantendo somente braços e pernas à mostra. Essa experiência o tornou introspectivo e mal-humorado.

Ao longo dos séculos, a devoção a essa divindade espalhou-se por diferentes regiões da África, ganhando variações regionais em suas lendas e mitos.

Com a diáspora africana e o tráfico transatlântico de escravos, milhões de africanos foram forçados a atravessar o Atlântico e chegaram ao Brasil, trazendo consigo suas crenças religiosas.

Obaluaê na Igreja Católica

No contexto da escravidão, os africanos escravizados enfrentavam a opressão e a proibição de praticar suas religiões tradicionais. Para preservar suas crenças e evitar perseguições, os escravos desenvolveram o sincretismo religioso.

O sincretismo consistia em associar suas divindades africanas aos santos católicos, que os colonizadores portugueses impunham como forma de conversão religiosa.

Nesse processo, Obaluaê foi identificado com São Lázaro, o santo católico padroeiro dos doentes e necessitados. Em algumas tradições, também é sincretizado com São Roque.

Esse sincretismo permitiu que suas crenças ancestrais sobrevivessem ao longo dos séculos, preservando a rica mitologia, rituais e tradições relacionadas à divindade.

Com o tempo, as religiões afro-brasileiras se estabeleceram como um importante meio de preservação e perpetuação das crenças africanas no Brasil. O culto a Obaluaê encontrou um espaço seguro nessa religião, tornando-se uma das principais divindades reverenciadas no panteão dos orixás.

Símbolos e características de Obaluaê

O deus da cura é representado com roupas e adereços característicos, como um manto que cobre todo o corpo, feito de palha da costa. Ele também carrega o Xaxará, espécie de tubo de palha trançada com sementes mágicas no interior.

Relação com a terra e a doença

Obaluaê é frequentemente associado à terra e à cura de doenças. É considerado o Orixá da saúde, sendo invocado para tratar enfermidades e desequilíbrios físicos e espirituais.

Acredita-se que ele possui o poder de curar e aliviar sofrimentos, mas também pode trazer doenças e epidemias quando desrespeitado.

Cores, dia, ervas e oferendas

As cores do Orixá são preto, branco e vermelho. O dia da semana ao qual é associado a segunda-feira, e a data de sua comemoração é em 16 de agosto.

Suas ervas são a pariparoba, mamona, cambará e canela de cachorro. Quanto à oferenda (ebó), sua preferência é a pipoca.

Bibliografia

  • PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das letras, 2001.
  • VERGER, Pierre. Orixás, Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo. Salvador: Currupio, 1997.

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