Palestina

Vinícius Marques
Revisão por Vinícius Marques
Professor de Geografia

Palestina é o nome dado a uma região geográfica no Oriente Médio, que atualmente se concentra em duas áreas: a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

A Palestina ainda não é um país autônomo, apesar dos esforços palestinos para que a região seja reconhecida internacionalmente como um Estado (país) independente. Sua capital seria Jerusalém Oriental.

A região é um território em disputa entre palestinos e israelenses há mais de 70 anos. As divergências entre os dois povos se intensificaram em 2023 com o início da Guerra Israel - Hamas. Conheça o mapa da Palestina:

Mapa da Palestina com os territórios palestinos em vermelho e o de Israel, em azul.

O território palestino está em vermelho. Trata-se de um território não é contínuo, sendo composto por duas áreas separadas por 30 km. A região da Cisjordânia faz fronteira com a Jordânia a leste, e com Israel a oeste, norte e sul.

Já a Faixa de Gaza tem saída para o Mar Mediterrâneo a oeste e faz fronteira com Israel ao longo de grande parte do território, ao sul tem fronteira com o Egito.

O mapa atualizado coloca como israelense, em azul, as áreas da Cisjordânia (pertencente a Palestina), que foram ocupadas pelos assentamentos de Israel. Os assentamentos são vistos como ilegais pela comunidade internacional.

Território palestino

O território que pertence à Palestina é composto duas áreas, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, cerca de 6.020 km².O território da Palestina já foi maior, após diversos conflitos, a região perdeu áreas para Israel. Veja como o território palestino se modificou:

Mapa da Palestina com as mudanças do território ao longo do tempo, de 1917 a situação atual.

Cisjordânia

A região da Cisjordânia, localizada no Vale do Rio Jordão, é a maior parte do território palestino, cerca de 5.655 km². Também é a área mais populosa, com aproximadamente 3,1 milhões de pessoas (em sua maioria, palestinos). Existem 11 cidades na Cisjordânia:

  • Belém,
  • Calquília,
  • Hebron,
  • Jenin,
  • Jericó,
  • Jerusalém,
  • Nablus,
  • Ramallah,
  • Salfit,
  • Tubas,
  • Tucarém.

Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como sua capital, devido à importância histórica e religiosa da cidade. Porém, Ramallah é a capital administrativa da Palestina, onde está a sede da Autoridade Palestina.

A Cisjordânia é parcialmente administrada pela chamada Autoridade Palestina, em áreas divididas em três categorias (conforme os Acordos de Oslo):

  • Área A: controlada pela Autoridade Palestina em termos de segurança e administração civil;
  • Área B: a administração civil é feita pela Autoridade Palestina, mas controle de segurança é feito por Israel;
  • Área C: corresponde a maior porção da região (60%) e é totalmente controlada por Israel, tanto a segurança, quanto a administração civil.

Também existem numerosos assentamentos israelenses na Cisjordânia, considerados ilegais pela comunidade internacional. Os assentamentos são partes de territórios palestinos entregues a famílias israelenses. A maioria está na Área C.

Essas áreas são protegidas pelo exército de Israel, que não permite a entrada de palestinos. Os assentamentos complicam a administração da Cisjordânia, uma vez que inviabilizam a conexão entre cidades palestinas e a circulação de pessoas.

Faixa de Gaza

A Faixa de Gaza é a menor porção do território da Palestina, com aproximadamente 365 km² e uma população de cerca de 2 milhões de pessoas. É uma das áreas mais densamente povoadas do mundo. Está divida em 5 distritos administrativos ou cidades:

  • Cidade de Gaza,
  • Dayr al-Balah,
  • Khan Yunis,
  • Norte de Gaza,
  • Rafah.

A Faixa de Gaza é governada pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) desde 2007, a Cidade de Gaza funciona como capital. O Hamas é considerado uma organização terrorista por vários países e organizações, como Estados Unidos, Japão e União Europeia.

Quem governa a Palestina

A Palestina não é um estado soberano e seu território está dividido e parcialmente ocupado, dificultando a construção de uma unidade governativa. A Autoridade Nacional Palestina (ANP ou AP) é a liderança reconhecida internacionalmente para administrar a região, exercendo controle sobre partes da Cisjordânia.

A ANP é uma entidade governamental estabelecida em 1993 como resultado dos Acordos de Oslo. Originalmente, tinha autoridade sobre partes da Cisjordânia e a Faixa de Gaza. No entanto, em 2007, quando o Hamas venceu as eleições legislativas e passou a governar inteiramente a Faixa de Gaza.

Portanto, hoje, a Palestina é governada por três entidades distintas: Israel e a Autoridade Palestina comandam áreas da Cisjordânia, enquanto o Hamas controla a Faixa de Gaza.

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Origem e história da Palestina

A Palestina está localizada na antiga região chamada de Canaã, que durante a Idade do Bronze (3300 a.C. - 1200 a.C.) era habitada por cidades dos cananeus e filisteus. Durante o segundo milênio a.C., os hebreus, um povo semita ancestral dos judeus, estabeleceram-se na região.

Por volta do século X a.C., eles formaram os reinos de Israel e Judá. Este período é importante para o judaísmo, muitos eventos religiosos são associados a esses reinos. Com o tempo, a região foi conquistada por uma série de povos e impérios.

Em 63 a.C., durante o domínio romano, eventos importantes para o cristianismo aconteceram, como a vida de Jesus de Nazaré. No século IV, com a divisão do Império Romano, a Palestina fez parte do Império Bizantino. A conquista muçulmana aconteceu no século VII, sendo incorporada ao Califado Umayyad e ao Califado Abbasid.

Nas Cruzadas (séculos XI e XII), a região foi controlada por europeus. Em 1517, tornou-se parte do Império Otomano, onde permaneceu por quatro séculos. Após a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), a Liga das Nações (antecessora da ONU) concedeu à Grã-Bretanha o Mandato da Palestina (1920 - 1948).

Com o genocídio judeu no Holocausto e a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), a ideia de criar um estado para os judeus ganhou força. Em 1947, a ONU propôs a partição da Palestina em dois estados, um judeu e outro palestino. O plano foi aceito pelos líderes judeus, mas rejeitado pelos palestinos, que teriam ficado com áreas mais precárias.

Em 1948, Israel criou seu estado, que resultou no primeiro conflito armado entre árabes e israelenses, em que os palestinos aliados aos países árabes vizinhos atacaram o estado recém-criado. A guerra foi vencida por Israel, que anexou a maioria do território árabe.

Com o conflito, a Jordânia passou a controlar a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, e o Egito, a Faixa de Gaza. Em 1967, houve a Guerra dos Seis Dias em que Israel também ocupou essas áreas. Em 1987 aconteceu a Primeira Intifada, na qual que os palestinos lutaram contra o domínio israelense.

O conflito terminou em 1993 com os Acordos de Oslo, que estabeleceram a ANP para administrar partes da Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Apesar da assinatura do acordo, o domínio israelense se manteve, o que resultou na Segunda Intifada (de 2000 até 2005), em que Israel se retirou da Faixa de Gaza.

Em 2006, o Hamas venceu as eleições legislativas, rompeu com a ANP e passou a comandar a região. Em 2023, o grupo invadiu território israelense, assassinou cerca de 1200 pessoas e sequestrou mais de 200. Em resposta, Israel atacou a Faixa de Gaza, iniciando a Guerra Israel - Hamas, que já resultou em mais de 30 mil mortos.

Palestina é estado ou país?

Primeiramente é preciso entender a diferença entre um estado e um país. Um estado é entidade política e administrativa com autoridade sobre um território e sua população. País é um termo mais abrangente para uma entidade geográfica e política reconhecida por suas fronteiras, língua e identidade nacional.

Por exemplo: a Escócia é um país que tem suas fronteiras, cultura e identidade bem definidos, mas não é um estado, já que autoridade política e administrativa é feita pelo Reino Unido. Já o Brasil é um país e um estado soberano.

Quando se fala na Palestina, muitas vezes os termos país e estado são usados como sinônimos para se referir ao reconhecimento da autonomia e independência da região. Hoje, a Palestina não é um país ou estado soberano.

Para que uma região seja considerada um estado, é necessário ter população permanente, um território, um governo e a capacidade de se relacionar com outros estados soberanos.

A Palestina tem população permanente, mas não tem um único governo e ao longo dos anos perdeu partes do seu território para Israel. A região também não consegue se relacionar com outros estados soberanos porque não é reconhecida como tal por países e instituições importantes, como Estados Unidos e a ONU.

Apesar do entrave internacional, a Palestina é reconhecida como estado pela maioria dos países que fazem parte da Assembleia Geral da ONU, cerca de 140 nações, incluindo o Brasil.

Saiba mais sobre os países no mapa-mundi.

População da Palestina

Bandeira da Palestina nas cores com listras horizontais preta, branca e verde e um triângulo lateral vermelho.
Bandeira da Palestina.

Calcula-se que a população da Palestina seja de aproximadamente 5 milhões de pessoas, cerca de 3 milhões vivem na Cisjordânia e 2 milhões na Faixa de Gaza. A maior parte da população é composta por árabes palestinos.

O povo árabe palestino tem origem na antiga da região do Levante, área que hoje corresponde a Palestina, Israel, Jordânia, Líbano e Síria. São descendentes de populações que habitaram a área ao longo de milênios, cananeus, filisteus, hebreus, entre outros, que foram influenciados pelo Islamismo e passaram por um processo de arabização.

O idioma falado é o árabe palestino, um dialeto originado do árabe levantino. Atualmente, a maioria dos palestinos são muçulmanos sunitas, que formam a principal comunidade religiosa. O islamismo tem um papel importante na vida cotidiana, na cultura e nas tradições locais.

Apesar de minoria, há cristãos palestinos, que geralmente pertencem as instituições ortodoxas orientais. Cidades como Belém, Jerusalém e Ramallah têm populações cristãs consideráveis.

Os palestinos são jovens, com uma média de idade baixa quando comparado com outros países. Aproximadamente 40% da população tem menos de 15 anos. Os refugiados também marcam a composição demográfica, muitos dos que vivem nos campos de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) na Cisjordânia e na Faixa de Gaza são deslocados das guerra de 1948 e 1967.

Veja também o que é o Islamismo e as bandeiras de todos os países do mundo.

Questão palestina

O termo Questão Palestina se refere ao movimento de luta pela criação do Estado Palestino devido a disputa territorial e política entre Israel e Palestina. O conflitos armados entre os dois povos iniciaram há cerca de 70 anos, com a criação do Estado de Israel na região.

Contudo, as bases para o conflito são mais antigas. Os ancestrais do povo palestino viveram na região há milênios, assim como dos judeus israelenses. Diferentes povos habitaram a Palestina durante muitos anos.

Por volta século I d.C., os judeus foram expulsos pelo Império Romano após se revoltarem e se espalharam por vários países. Já os ancestrais dos palestinos se mantiveram na região e passaram por um processo de arabização, especialmente a partir da conquista muçulmana.

No início do século XX, surgiu o movimento sionista, liderado por judeus que propunham o retorno à Palestina, com o objetivo de criar o Estado de Israel a fim de unir o povo judeu. A região foi escolhida por ser considerada a terra prometida por Deus aos judeus, segundo a religiosidade judaica.

Com a influência do pensamento sionista, a imigração de judeus para a região aumentou. Em 1920, quando a Inglaterra passou a governar a Palestina, as tensões entre os judeus e árabes se acirraram. Os primeiros tinham o apoio inglês para a criação do estado, os segundos temiam perder seu território.

Após a Segunda Guerra Mundial, o apelo à criação do Estado de Israel ganhou força e a ONU propôs a criação de um estado israelense e outro estado palestino. A proposta não foi aceita pelos palestinos, que não provaram que maior parte do território ficasse com Israel, nem que as regiões com menos recursos que lhes fossem destinadas.

Em 1948, Israel declarou sua independência e criou seu estado nos moldes da proposta da ONU, foi atacado por palestinos e outros países árabes em um evento conhecido como Nakba (catástrofe, em árabe). Desde então, os palestinos tem lutado, militar e politicamente, para a criação de um estado palestino soberano.

Em 1964, foi fundada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que se tornou a principal representante política. A OLP é a entidade reconhecida internacionalmente como representante dos palestinos, participando de negociações e promovendo a causa em foros internacionais.

Após a Guerra dos Seis Dias (1967), a resistência palestina se manifestou em duas grandes intifadas (1987 e 2000), ambas resultando em grande violência e mudanças políticas regionais. Para tentar a pacificação e dar certo controle aos palestinos, em 1993, a OLP reconheceu o direito do Estado de Israel existir e assinou os Acordos de Oslo.

Contudo, a paz não foi alcançada, nem a proposta do Estado Palestino avançou. Anos antes, em 1987, fui fundado o Hamas, um movimento islâmico que visa criar o Estado Palestino, mas se opõe à existência de Israel e é o responsável por numerosos ataques contra alvos israelenses.

Considerado um grupo terrorista por diversos países, o Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007 e não tem relações com a Autoridade Palestina. A criação de um estado palestino é dificultada pela divisão política entre a Autoridade Palestina e o Hamas, além da contínua expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, que fragmentam o território palestino.

A falta de confiança entre os dois povos, a ausência de uma liderança palestina unificada e o apoio internacional polarizado perpetuam um impasse na questão, tornando a solução de dois estados ainda distante.

Veja também: Faixa de Gaza e o que é o Judaísmo.

Vinícius Marques
Revisão por Vinícius Marques
Formado pela UNESP - Rio Claro (2016), é professor de Geografia e Ciências Humanas. Atua na educação básica (Ensino Fundamental II e Médio) e cursos pré-vestibular desde 2012, tendo experiência em projetos sociais, escolas públicas e privadas.
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