Rá: Deus Sol do Antigo Egito

Igor Alves
Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

Rá, também chamado de Ré, é do deus do sol do Egito Antigo. Considerado a principal divindade egípcia, também é associado à criação dos deuses e da ordem divina.

O deus do sol era frequentemente representado como um homem com cabeça de falcão, coroado com um disco solar cercado por uma serpente.

Ilustração do deus Rá
Ilustração do deus Rá.

O nome "Rá" significa, literalmente, "Sol" ou "deus Sol". Era, portanto, a personificação do astro, simbolizando a energia vital que sustenta o universo.

Existem diversas versões sobre seu nascimento, cada uma com suas particularidades e simbolismos. Uma das histórias mais conhecidas conta que Rá emergiu das águas primordiais, o Nun, que representava o caos anterior à criação. O deus teria surgido como uma pequena colina, a Bennu, que se transformou na divindade.

Outra versão conta que Rá nasceu de uma flor de lótus que brotou nas águas primordiais. Em outras representações, teria surgido como uma fênix, ave mítica que renasce das cinzas.

Independentemente da versão, Rá é sempre retratado como o primeiro deus, nascido por conta própria e criador de todos os outros.

Um dos aspectos mais marcantes do mito de Rá é sua ligação com o ciclo diário do Sol. Durante o dia, ele atravessava o céu em sua barca solar, trazendo luz e vida ao mundo. À noite, descia ao submundo (Duat) para enfrentar as forças do caos, especialmente a serpente Apófis (ou Apep), que tentava impedir seu renascimento. Cada amanhecer representava a vitória de Rá sobre o caos e o renascimento da ordem cósmica.

Ao longo de sua jornada diária pelo céu, Rá assumia diferentes formas. Pela manhã, manifestava-se como Khepri, representado por um escaravelho rolando uma bola de esterco. Ao entardecer, o deus assumia a forma de Atum, o Sol poente, navegando em sua barca solar pelo mundo subterrâneo.

O Olho de Rá é uma das representações mais poderosas e temidas do deus. Segundo a mitologia, possuía vida própria, sendo enviado para proteger o mundo de seus inimigos.

Em uma das histórias mais conhecidas, o deus do Sol envia o olho na forma da deusa Sekhmet (ou Hathor, em algumas versões), para castigar a humanidade por sua desobediência. A deusa começa a destruir os humanos, mas o primeiro deus, arrependido, interrompe a destruição ao embriagá-la com cerveja tingida de vermelho, que ela confunde com sangue.

O culto a Rá era centrado em Heliópolis, uma cidade sagrada dedicada ao deus. Faraós frequentemente se apresentavam como "filhos de Rá", consolidando sua autoridade divina. O faraó era visto como a encarnação da divindade na Terra, o que reforçava a legitimidade de seu reinado.

A fusão de Rá com outras divindades

Ao longo da história do Antigo Egito, a figura de Rá sofreu diversas transformações e sincretismos. Essas fusões com outras divindades eram comuns na religião egípcia e refletiam a evolução das crenças e a necessidade de unificar diferentes panteões.

Rá e Hórus (Rá-Horakhty)

Hórus era o deus falcão, associado ao céu e à realeza. A fusão de Rá com Hórus formou Rá-Horakhty, que significa "Rá, o Hórus dos Dois Horizontes". Esse título se referia ao controle sobre o horizonte oriental, onde o Sol nasce, e o horizonte ocidental, onde ele se põe.

Rá-Horakhty simbolizava a soberania divina sobre todo o mundo visível (céu e terra) e o submundo. Ao unir as características dos dois deuses, também representava a autoridade divina do faraó como um líder celestial e terreno. Essa fusão também reforçava a ideia do faraó como o "filho de Rá".

Rá e Amon (Amon-Rá)

Estatueta de Amon-Rá
Estatueta de Amon-Rá, do Egito, 700 a.C.

A fusão entre Rá e Amon foi uma das mais significativas da história do Egito Antigo. Amon, inicialmente um deus do ar e do vento venerado em Tebas, ganhou importância à medida que Tebas se tornou um centro de poder político e religioso.

Durante o Império Novo, Amon foi elevado ao status de deus nacional, e sua união com Rá criou Amon-Rá, uma das divindades mais poderosas do Egito.

Amon-Rá combinava os atributos de Rá, deus do Sol e fonte de luz e vida, com o mistério e o poder invisível de Amon, frequentemente chamado de "o oculto".

Adorado como o rei dos deuses e protetor dos faraós, alcançou seu auge durante as dinastias tebanas, quando o templo de Karnak foi ampliado em sua honra. Essa fusão consolidou a autoridade dos reis de Tebas e o papel da cidade como centro religioso do Egito.

Rá também foi associado a outras divindades, como Sobek (deus crocodilo), Khnum (deus criador) e Ptah (deus artesão). Essas fusões refletiam a busca por uma explicação mais abrangente para os fenômenos naturais e a ordem cósmica.

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Igor Alves
Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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