Reticências

Igor Alves
Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

As reticências são um sinal de pontuação representado por três pontos (...). Com grande poder expressivo e sugestivo, costumam ser usadas para interromper falas, mostrar hesitação, prolongar uma ideia ou omitir palavras.

Exemplos:

  1. "Estava prestes a contar, mas... melhor deixar para depois." (interrupção de pensamento)
  2. "Acho que... talvez... não seja a melhor ideia." (hesitação)
  3. "Olhou para o horizonte, suspirou e, lentamente, começou a caminhar..." (prolongamento de ideia)
  4. "Ela olhou para ele e disse apenas: 'Eu...'" (omissão de palavra)

Reticências

Quando usar reticências?

1. Interrupção de pensamento

As reticências podem indicar que uma frase foi interrompida, deixando o final subentendido. Isso é comum em diálogos, onde o personagem deixa de completar sua fala.

Exemplos:

  • "Eu ia te contar, mas... deixa estar."
  • "Joana me disse que... na verdade, melhor esquecer."
  • "Sei que você está com raiva, só que... podemos conversar depois?"

2. Hesitação

Em diálogos ou pensamentos, as reticências podem demonstrar dúvida, insegurança ou um momento de reflexão por parte do falante.

Exemplos:

  • "Queria ir, mas... será que é o certo a fazer?"
  • "Será que ele me ama? Ou será que... não?"
  • "Não sei se devo... o que achas?"

3. Prolongamento de ideia

As reticências podem sugerir o prolongamento de uma ideia, dando a impressão de continuidade.

Exemplos:

  • "O céu estava lindo, as estrelas brilhavam, a noite era calma..."
  • "A natureza é incrível... em todos os seus detalhes."
  • "Eles conversaram por horas, riram, compartilharam histórias..."

4. Omissão de palavras

Em citações ou trechos de textos, as reticências podem ser usadas para omitir uma parte do conteúdo, sem alterar o sentido principal. Em alguns casos, podem aparecer entre parênteses (...) ou colchetes [...].

Exemplos:

  • "Segundo o filósofo, 'a felicidade está relacionada à [...] busca pelo conhecimento'."
  • "As armas e os barões assinalados/ (...) Por mares nunca dantes navegados"
  • "A pesquisa revelou que o aumento da temperatura global... pode ter consequências irreversíveis."

Uso de letra maiúscula e minúscula após as reticências

Maiúscula

Usa-se letra maiúscula após as reticências quando elas substituem o ponto final, ou seja, no fim de um período.

Exemplos:

  • "Você está bem? Parece distante... Talvez precisemos conversar."
  • "Chegamos cedo ao aeroporto... Agora é só esperar pelo embarque."
  • "Ela disse que ligaria mais tarde... Não se preocupe, ela vai aparecer."

Minúscula

A letra minúscula é usada quando as reticências substituem a vírgula, indicando uma breve interrupção.

Exemplos:

  • "Comprei maçãs, bananas... e laranjas."
  • "Júlio me prometeu que viria... mas não apareceu."
  • "Acho que ele... não entendeu o que eu disse."

Exercícios

1. As reticências são usadas para:

a) Indicar o final definitivo de uma frase.

b) Separar itens de uma lista.

c) Demonstrar hesitação, interrupção ou prolongamento de uma ideia.

d) Marcar a conclusão de um argumento.

2. Qual a diferença entre o uso de letra maiúscula e minúscula após as reticências?

a) Não há diferença, o uso é arbitrário.

b) Letra maiúscula indica o início de uma nova frase, enquanto a minúscula indica a continuação da mesma ideia.

c) Letra maiúscula é usada apenas em diálogos, e minúscula em narrações.

d) Letra maiúscula é usada para indicar uma pergunta, e minúscula para uma afirmação.

3. Leia o trecho da seguinte entrevista:

Tenho saído pouco de casa, mas sei quem apoiar e quem não apoiar. As coisas estão diferentes, os cenários são coisas que levo em conta o tempo inteiro [...] Que Brasil é esse?

As reticências ao final do texto servem para:

a) prevenir problemas com críticas infundadas.

b) omitir informações que são irrelevantes.

c) abrir espaço para a imaginação do leitor.

d) enfatizar as críticas feitas no texto.

RESPOSTAS:

1 c), 2 b), 3 b)

Bibliografia:

  • BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 1999.
  • CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Edições João Sá da Costa, 1991.

Veja também:

Igor Alves
Igor Alves
Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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