Simbolismo (movimento literário)

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O que é o Simbolismo:

Simbolismo é um movimento literário que teve início no final do século XIX. No âmbito da literatura, foi um movimento poético que teve a sua origem no final do século XIX, na França. Foi dada a designação de "simbolismo" graças ao soneto "Correspondências" de Baudelaire.

Verlaine, Malarmé e Rimbaud são considerados os autores que deram origem ao movimento. O simbolismo foi um movimento anticlassicista que surgiu como uma reação ao parnasianismo.

O simbolismo abrangeu várias outras áreas de expressão do ser humano. Nas artes plásticas, por exemplo, o simbolismo desvalorizava a visão realista do impressionismo e encorajava a expressão através de símbolos ou ideias. Desta forma, muitas vezes os artistas não pintavam olhando para um objeto, mas usavam a sua memória.

Os principais temas representados pela arte eram fruto da imaginação e de pressupostos oníricos. Artisticamente, o simbolismo foi continuado pelo surrealismo.

A gênese do simbolismo parte do princípio que o mundo envolvente que os nossos sentidos captam não é a realidade suprema, mas apenas um reflexo de revelações absolutas ocultas.

6 principais características do Simbolismo

1. Elementos místicos e transcendentais

Na literatura simbolista é muito forte a presença de temas místicos, transcendentais, ocultos e invisíveis. A intuição e os elementos que fazem parte do mundo espiritual também são usados.

A presença de elementos místicos na escrita tem a capacidade de afastar a literatura simbolista da realidade, fazendo com que ela seja mais subjetiva.

2. Subjetividade

A subjetividade se manifesta de várias maneiras no simbolismo. O tipo de linguagem escolhida pelos autores é um exemplo, muitas vezes sendo pouco precisa e com a influência de divagações e delírios.

A presença de elementos que fazem parte da imaginação e dos sentimentos mais íntimos do autor é outro elemento que demonstra a subjetividade no simbolismo.

Mas a subjetividade simbolista é diferente da subjetividade que existia no romantismo. É mais relacionada aos sentimentos sem lógica ou linha de raciocínio. É diferente do subjetivismo romântico porque tem origem no inconsciente do autor.

Veja a subjetividade no poema "Acrobata da dor" de Cruz e Souza:

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos e convulsionado
Salta, gavroche, salta, clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...

3. Oposição ao realismo e naturalismo

Pela presença de misticismo e de subjetividade a literatura simbolista acabou sendo uma forma de negação de outros movimentos artísticos, principalmente do realismo e do naturalismo.

Essa oposição aparece na literatura simbolista como um certo desprezo do raciocínio mais lógico, do uso da razão em excesso, e de descrições muito fiéis da realidade, como acontecia na literatura realista.

Isso demonstra a necessidade dos autores simbolistas de fugir da realidade que era tão presente em outros movimentos artísticos.

4. Uso de aliteração e assonância

A aliteração e a assonância são duas figuras de linguagem ligadas aos sons, à fonética das palavras. A aliteração é caracterizada pela repetição de letras consoantes e a assonância pela repetição de letras vogais.

O uso dessas figuras de linguagem faz com que o som produzido durante a leitura se torne mais importante do que a escrita. Em muitos casos a importância da sonoridade das palavras é mais importante do que o seu significado. Essa característica reforça o caráter mais subjetivo e poético da literatura simbolista.

Veja um exemplo no trecho do poema "Sonata" do escritor Cruz e Souza:

Do imenso Mar maravilhoso, amargos,
Marulhosos murmurem compungentes
Cânticos virgens de emoções latentes,
Do sol nos mornos, mórbidos letargos.

5. Presença de musicalidade

A musicalidade é constante na literatura simbolista. O uso de recursos da língua portuguesa para dar à escrita uma certa musicalidade é uma característica muito marcante desse período. Para conseguir esse efeito os autores usavam os próprios recursos da língua, como o uso de rimas e a repetição de letras e palavras com sonoridade parecida.

O uso da musicalidade era um recurso usado pelos autores simbolistas para dar ao texto e ao leitor sensações mais subjetivas do que a simples escrita era capaz de transmitir. A musicalidade era usada para aproximar os textos simbolistas da poesia.

6. Sinestesia

A sinestesia é uma figura de linguagem que usa expressões que transmitem sensações sensoriais: olfato, paladar, visão, tato e audição. Os autores misturavam todas as sensações na sua literatura.

Podem ser encontrados nos textos simbolistas expressões sobre o cheiro, o gosto ou a cor de um sentimento, por exemplo.

Os autores usavam a sinestesia para dar aos leitores mais sensações do que as palavras transmitiam, através da mistura da representação de sensações ou sentimentos.

Veja o exemplo na poesia "Soneto do aroma" de Alphonsus de Guimaraens:

Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la que assoma
Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã nasce...
Oh sonora audição colorida do aroma!

Simbolismo no Brasil

Enquanto na Europa o simbolismo alcançou maior popularidade que o parnasianismo, no Brasil isso não se verificou. O simbolismo foi bastante ofuscado pelo movimento parnasiano, que era apoiado pelas elites e pessoas de classes mais altas.

Um dos principais autores simbolistas no Brasil foi Cruz e Souza, autor das obras "Missal" e "Broquéis".

Simbolismo em Portugal

O simbolismo em Portugal teve grandes influências do simbolismo francês e foi responsável pela renovação da poesia portuguesa. A primeira obra considerada simbolista foi "Oaristos", da autoria de Eugénio de Castro e publicada em 1890. Um dos principais representantes do simbolismo português foi Camilo Pessanha.

O simbolismo em Portugal durou de 1890 até 1915, quando o modernismo começou a ganhar preponderância.

Veja também: Onírico.

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