Teoria Geral dos Sistemas
Teoria geral dos sistemas, ou apenas teoria dos sistemas, é o estudo interdisciplinar de diversos sistemas em geral, com o objetivo de descobrir padrões e identificar regras que possam ser aplicadas em diversos campos do conhecimento.
A teoria adota que um sistema é qualquer organismo formado por partes interligadas e interdependentes. É essa amplitude do conceito que faz com que a teoria geral dos sistemas seja aplicável a diversas áreas do conhecimento, seja nas ciências exatas, sociais, naturais, etc.
O propósito da teoria dos sistemas é investigar pontos em comum entre os diferentes campos de conhecimento e descobrir suas dinâmicas, problemas e princípios (propósito, métodos, ferramentas, etc.), a fim de produzir resultados.
A teoria dos sistemas representa algumas mudanças de perspectivas sob alguns aspectos:
- Das partes para o todo. Através da teoria dos sistemas, o foco não é mais o objeto de estudo de cada área, mas sim as relações entre essas diferentes áreas
- De medição para mapeamento dessas relações
- De análises quantitativas para análises qualitativas de dados
- De conhecimento objetivo para conhecimento epistemológico, ou seja, “conhecimento sobre o conhecimento”
Origem da teoria geral dos sistemas
A teoria dos sistemas teve origem no ramo da biologia com os estudos de Ludwig von Bertalanffy, na década de 60. As metáforas utilizadas por Ludwig para se referir a organismos vivos logo foram adotadas por estudiosos da área organizacional na tentativa de melhor entender o funcionamento das organizações.
Em 1966, o psicólogo Daniel Katz e o informático Robert Kahn publicaram o livro “Psicologia Social das Organizações”, popularizando assim a aplicação da Teoria Sistêmica no ramo das organizações. Posteriormente, a teoria passou a ser aplicada de forma análoga em diversas áreas do conhecimento.
Conceitos importantes da teoria geral dos sistemas
A teoria geral dos sistemas apresenta alguns conceitos que são essenciais para a sua compreensão:
Sistema: organismo composto por partes independentes e interligadas.
Fronteiras: limites que definem um sistema e os separa de outros.
Entropia: grandeza que mede o nível de irreversibilidade das alterações sofridas por um sistema físico.
Homeostase ou “estado firme”: resistência a alterações por parte de um sistema com tendência a manter-se em equilíbrio.
Ambiente: contexto externo no qual o sistema está situado.
Entrada, importação ou input: fenômeno ou causa que inicia o funcionamento do sistema.
Saída, exportação ou output: consequência final do funcionamento do sistema. Os resultados devem ser coerentes com o propósito do sistema.
Processamento ou throughput: processo de conversão das importações em exportações.
Retroalimentação ou feedback: reação do sistema a estímulos exteriores. Pode ser positiva ou negativa. Feedbacks positivos fazem o sistema agir de acordo com a entrada recebida enquanto negativo força um funcionamento contrário (resistente).
Características dos sistemas
Segundo Bertanlanffy, apesar de serem formados por diversas partes independentes, os sistemas possuem características e atributos únicos que não existem em nenhuma das partes isoladas que o compõem. Essas características são:
Propósito: os sistemas sempre visam atender uma finalidade que não pode ser satisfeita por nenhuma das suas partes isoladas.
Totalidade: tendo em vista que os sistemas são organismos, qualquer alteração sofrida em uma das partes produzirá consequências em todas as outras.
Tipos de sistemas
Os sistemas podem ser classificados pela sua constituição e pela sua natureza. Com relação à constituição, os sistemas podem ser:
Físicos: são coisas reais e palpáveis como objetos, equipamentos e outros tipos de maquinários como computadores, carros, relógios, etc.
Abstratos: são conceitos e ideias formadas por diversas partes. Pode ser áreas do conhecimento, teorias, argumentos, etc.
Com relação à natureza, os sistemas podem ser:
Abertos: são suscetíveis a influências do ambiente ao seu redor.
Fechados: não interagem com o ambiente ao seu redor.
Exemplos de aplicação da teoria dos sistemas
A teoria geral dos sistemas é aplicável a inúmeras áreas do conhecimento. Para ilustrar como o conhecimento acerca de um sistema pode ser aplicado por analogia a outro, confira os exemplos:
Exemplo 1: O termostato é um aparelho responsável por manter a temperatura estável dentro de um local. Conforme a temperatura aumenta, o termostato responde ligando ou desligando um ar-condicionado ou aquecedor. O termostato, portanto, é um sistema aberto programado para manter-se em homeostase (equilíbrio) conforme recebe inputs (temperatura do ambiente).
A entrada (input) recebida pelo termostato funciona como feedback negativo, pois força uma resposta contrária do sistema. Se a entrada é calor, a saída (output) é frio e vice-versa.
Exemplo 2: O corpo humano, assim como um termostato, mantém seu sistema em homeostase. Conforme a atividade corporal é aumentada (entrada), o corpo responde aumentando a frequência cardíaca para mandar mais sangue para os músculos (saída). Essa atividade diminui a quantidade de oxigênio no sangue e força os pulmões (entrada) a trabalharem mais rápido (saída).
Teoria dos sistemas na psicologia
A teoria dos sistemas é aplicada na psicologia de forma a avaliar a psiquê humana como um sistema aberto, ou seja, que interage através de entradas e saídas para o ambiente exterior.
Eventos traumáticos podem funcionar como input para mudanças no sistema psicológico, que processa o evento e apresenta outputs na forma de sintomas.
Os mecanismos psicológicos de defesa, a exemplo da negação, funcionam como homeostase, ou seja, buscam manter o sistema psicológico em equilíbrio.
Teoria dos sistemas na administração
Na teoria administrativa, as organizações são vistas como sistemas abertos que recebem entradas na forma de energia, suprimentos, pessoas, etc. e fornecem saídas como produtos e serviços.
Teoria dos sistemas na informática
Na informática, um sistema é o conjunto formado por software, hardware e recursos humanos. É uma das áreas mais simples de se identificar a aplicação da teoria geral dos sistemas, tendo em vista que um sistema de informação responde aos inputs inseridos e produz um resultado.
Teoria dos sistemas na geografia
Em diversas áreas da geografia, autores utilizam o termo “geossistema” para designar o conjunto de elementos naturais, sociais, econômicos e culturais que, de forma interdependente, cria o meio em que vivemos.
De forma clara, pode-se dizer que o meio ambiente é um sistema que sofre inputs constantes através da atividade humana (exploração, emissão de gases, urbanização, etc.) e apresenta resultados condizentes.
O aquecimento global é um fenômeno que ocorre através de feedback positivo. Ao contrário do negativo, que visa manter o sistema em equilíbrio, o feedback positivo força o sistema a funcionar no mesmo sentido do input recebido, geralmente resultando em um desequilíbrio.
Conforme a emissão de dióxido de carbono aumenta a temperatura da Terra, as calotas polares, responsáveis por refletir parte da luz solar, derretem, aumentando a quantidade de água no planeta e, consequentemente, a absorção de calor. Nota-se que a saída produzida é igual à entrada recebida (calor).
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