Ideologias Políticas
Ideologia é um conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais e políticos que caracterizam o pensamento de um indivíduo, grupo, movimento, época ou sociedade.
Uma ideologia estabelece valores e preferências de um grupo e inclui um programa de ação para a execução dos objetivos definidos. O termo ideologia foi criado pelo filósofo Destutt de Tracy, no final do século XVIII.
Abaixo estão listados os principais tipos de ideologias políticas e as suas características:
Ideologia Liberal Clássica e Neoliberal
Desde o século XVII, a ideologia do liberalismo é peça fundamental dos sistemas sociais, econômicos e políticos ocidentais.
Essa ideologia nasceu através dos escritos do filósofo John Locke, tornando-se ainda mais conhecida no século XVIII, depois que o filósofo e economista Adam Smith passou a defendê-la.
As principais características da ideologia liberal clássica são:
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Plena fé nos direitos, liberdade e individualidade.
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Defende políticas e ações destinadas a proteger os valores sociais.
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Acredita que o Estado precisa ter pouco controle sobre o indivíduo.
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Considera a livre concorrência, o livre comércio e a liberdade de escolha como os três princípios básicos de uma sociedade livre e a chave para o progresso.
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Se opõe fortemente às ideologias de totalitarismo, do fascismo, nazismo e comunismo, pois acredita serem ideias que aniquilam a liberdade individual.
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Rejeita a ideia de controle total do Estado ou mesmo de controle excessivo sobre o indivíduo.
Após a globalização, a ideologia clássica se transformou em neoliberalismo. Conhecido por ser produto da ideologia liberal clássica, o neoliberalismo surgiu durante a crise do petróleo, em 1973, através das ideias do economista Milton Friedman.
Assim como o liberalismo clássico, essa nova versão da ideologia acredita que o Estado deve ter a menor interferência possível no mercado de trabalho ou até mesmo na vida dos indivíduos.
Ideologia Fascista
O fascismo é uma ideologia política que vicejou em diversos países europeus entre 1919 e 1945. Além disso, angariou muitos anos Estados Unidos, na África do Sul, no Japão, na América Latina e no Oriente Médio.
O primeiro líder fascista da Europa foi Benito Mussolini. Mussolini criou o nome de seu partido inspirado na palavra latina fasces, que se refere a um feixe de varas com um machado em sua superfície, usado como símbolo da autoridade penal na Roma antiga.
As principais características da ideologia fascista são:
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Nacionalismo extremo e militarista.
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Desprezo pela democracia eleitoral e a liberdade política e cultural.
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Crença na hierarquia social natural e o domínio das elites.
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Desejo por Volksgemeinschaft , expressão alemã traduzida por “comunidade do povo”, onde os interesses individuais seriam subordinados ao bem da nação.
A partir do final da década de 1940, muitos partidos e movimentos de orientação fascista foram fundados na Europa, assim como na América Latina e na África do Sul.
Embora alguns grupos neofascistas europeus tenham atraído muitos seguidores, especialmente na Itália e na França, nenhum foi tão influente quanto os principais partidos fascistas do período entre guerras.
Ideologia Comunista
As ideias comunistas se originaram no século XIX, com as obras de filósofos como Karl Marx e Friedrich Engels. Marx argumentava que o capitalismo, o sistema econômico dominante na época, era intrinsecamente desigual e explorador, e que levaria à sua própria destruição através da luta de classes.
Marx previu que o capitalismo seria substituído por uma sociedade comunista, onde a classe trabalhadora assumiria o controle dos meios de produção e criaria uma sociedade mais justa e igualitária.
As principais características da ideologia comunista são:
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Os meios de produção (fábricas, terras, etc.) não pertencem a indivíduos ou empresas privadas, mas sim à comunidade como um todo. Isso significa que a riqueza gerada pelo trabalho é distribuída de forma mais justa entre todos os membros da sociedade.
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A propriedade privada de bens de produção é abolida, e os bens de consumo são distribuídos de acordo com as necessidades de cada indivíduo.
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O Estado, como instrumento de dominação de uma classe sobre outra, é considerado desnecessário em uma sociedade comunista. As pessoas se autogovernariam através de um sistema de democracia direta.
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A riqueza gerada pelo trabalho é distribuída de forma igualitária entre todos os membros da sociedade, através de mecanismos como a abolição do dinheiro e a distribuição direta de bens e serviços.
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As classes sociais, como a burguesia e o proletariado, são consideradas produtos da propriedade privada e da exploração de uma classe sobre outra. Em uma sociedade comunista, todas as pessoas seriam iguais em termos de direitos e oportunidades.
Veja mais sobre as diferenças entre comunismo e socialismo.
Ideologia Democrática
A ideologia democrática surgiu no fim do século XIX, no movimento do proletariado, como uma variação da ideologia socialista.
O partido social democrata surgiu na tentativa de dosar os excessos do capitalismo com políticas de inspiração socialista.
Essa ideologia foi implantada especialmente na Europa, depois da II Guerra Mundial.
As principais características da Ideologia Democrática são:
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Defende a garantia da igualdade de oportunidades a partir de políticas sociais, sem, no entanto, acabar com a propriedade privada.
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Acredita que o Estado deve intervir na economia para corrigir desigualdades produzidas pelo livre mercado.
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Almeja o bem-estar social sem revolução socialista e sem prescindir do capitalismo.
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Seus principais valores são igualdade e liberdade.
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Defende que o Estado garanta um padrão mínimo de vida, como uma rede de segurança para os indivíduos.
Hoje, a ideologia democrática compete com o liberalismo como principal ideologia nos países democráticos.
Países como a França, Alemanha e os países nórdicos favorecem a ideologia social-democracia, enquanto Reino Unido e Estados Unidos favorecem o liberalismo.
Ideologia Socialista
O socialismo teve suas raízes no século XIX, em resposta às condições precárias dos trabalhadores durante a Revolução Industrial na Europa. A ideologia tem como base a busca pela igualdade social e econômica, defendendo a propriedade coletiva dos meios de produção. Ela enfatiza o papel do Estado na regulação da economia e na redistribuição da riqueza, visando garantir condições de vida dignas para todos os cidadãos.
Para o socialismo, diferentemente do comunismo, ainda pode haver formas de propriedade privada, mas esta é limitada e controlada pelo Estado em prol do bem-estar coletivo.
Características principais:
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A propriedade dos meios de produção (fábricas, terras, etc.) não pertence a indivíduos ou empresas privadas, mas sim à comunidade como um todo. Essa propriedade pode ser pública, cooperativa ou de outras formas que garantam o controle social sobre os recursos produtivos.
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A riqueza gerada pelo trabalho é distribuída de forma mais justa entre todos os membros da sociedade, através de mecanismos como impostos progressivos, programas sociais e serviços públicos universais.
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O socialismo busca reduzir as desigualdades sociais de renda, classe, gênero, raça e outras formas de discriminação. Isso é feito através de políticas que promovem a igualdade de oportunidades e o acesso universal a direitos básicos como educação, saúde e moradia.
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A solidariedade é um valor fundamental no socialismo, que se baseia na ideia de que todos os membros da sociedade são interdependentes e devem cooperar uns com os outros para o bem comum.
Ideologia Capitalista
O capitalismo surgiu gradualmente ao longo dos séculos XVI e XVII, especialmente na Europa Ocidental, com o surgimento do comércio, das empresas e da acumulação de capital. Trata-se de um sistema econômico onde as entidades privadas possuem os fatores de produção. Seus quatro lemas são: empreendedorismo, bens de capital, recursos naturais e trabalho.
Os donos de bens de capital, recursos naturais e empreendedorismo exercem controle através de suas empresas.
As principais características da ideologia capitalista são:
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O Estado intervém pouco no mercado de trabalho.
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O trabalhador é assalariado.
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Os proprietários controlam os fatores de produção e obtêm sua renda de sua própria propriedade.
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Exige uma economia de mercado livre para ter sucesso e distribui bens e serviços segundo as leis de oferta e demanda.
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Há divisão de classes sociais.
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A propriedade privada predomina.
Ideologia Conservadora
O conservadorismo nasceu ainda no século XVI, porém ficou conhecido após a Revolução Francesa, quando o irlandês Edmund Burke, pai do conservadorismo, argumentou com veemência contra as ideologias e teorias da revolução.
As ideias de base do conservadorismo são a preservação dos princípios e valores das instituições sociais, como a igreja, família e comunidade, além do desenvolvimento honrado dos indivíduos.
As principais características da ideologia conservadora são:
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Os valores: liberdade política e econômica e ordem social e moral.
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É fundamentado na doutrina cristã e tem na religião a sua base.
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Acredita que apenas o sistema político-jurídico garante a igualdade necessária entre as pessoas.
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Acredita na meritocracia, onde a desigualdade social é consequência das diferenças entre os indivíduos e seus esforços.
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Acredita que qualquer mudança deve ser leve e gradual.
Ideologia Anarquista
A ideologia anarquista surgiu na metade do século XIX, após a Segunda Revolução Industrial. O teórico Pierre-Joseph Proudhon e o filósofo russo Mikhail Bakunin são considerados os seus maiores idealizadores.
Uma das maiores curiosidades dessa ideologia, que já deixa claro seu posicionamento político e social, é a origem da palavra. Anarquismo originou-se da palavra grega anarkhia, que significa "sem governo".
As principais características da ideologia anarquista são:
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Estabelecimento de uma sociedade sem classes, formada por livres e iguais.
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Condena a existência da polícia e forças armadas.
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Acredita que os partidos políticos devem ser extintos.
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Defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém responsável.
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É contra qualquer tipo de dominação, seja ela religiosa, econômica, política ou social.
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É a favor da igualdade, seja ela de raça, gênero, político, econômico e social.
Os adeptos da ideologia anarquista buscam uma revolução social, que seja feita principalmente pelos trabalhadores que sintam dominados e oprimidos por algum tipo de autoridade.
Ideologia Nacionalista
O nacionalismo ganhou força nos séculos XVIII e XIX, coincidindo com o surgimento dos Estados-nação modernos. É uma ideologia baseada na premissa de que a lealdade e a devoção do indivíduo ao Estado-nação superam outros interesses, sejam eles individuais ou de grupo.
As principais características do nacionalismo são:
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Enaltece o país, sua cultura, história e povo.
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Os interesses da nação estão acima dos interesses do indivíduo.
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Defende a cultura de pertencimento e a identificação com a pátria.
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Acredita na preservação da nação e no cuidado das fronteiras do país.
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Manutenção da língua nativa e das manifestações culturais.
No Brasil, o nacionalismo ficou conhecido pelos slogans "Brasil, ame-o ou deixe-o" e "Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil". Ambos foram criados durante a ditadura militar de 1964.
Bibliografia:
- CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2000.
- EAGLETON, Terry. Ideologia: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2019.
Ver também:
