Judaísmo

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O judaísmo, a religião dos judeus, é uma das religiões monoteístas mais antigas. Os judeus acreditam em apenas um único Deus, como o criador do Universo e de todas as leis divinas.

Mesmo sendo uma das religiões monoteístas mais antigas, o número de fieis do judaísmo é um dos mais baixos comparado com outras religiões, como o cristianismo, por exemplo.

Atualmente, existem cerca 14 milhões de judeus no mundo, sendo que a maior parte se encontra nos Estados Unidos da América e em Israel.

O judaísmo foi fundado por Abraão, há cerca de 2.000 anos a.C ou aproximadamente 4.000 anos, no Oriente Médio. Além de Abraão, um profeta muito importante para o judaísmo foi Moisés, considerado o libertador e legislador do povo judeu.

A relação dos judeus com Deus é baseada em uma aliança. Eles se intitulam como “o povo escolhido por Deus” e vivem conforme as leis transmitidas por Ele a Moisés.

Essas leis e mandamentos constam em seus textos e livros sagrados, sendo o principal deles a Torá, que compõe os 5 primeiros livros da bíblia hebraica, equivalentes também ao pentateuco, os cinco primeiros da bíblia sagrada cristã. São eles:

  • Bereshit (Gênesis);
  • Shemot (Êxodo);
  • Vayikrah (Levítico);
  • Bamidbar (Números);
  • Devarim (Deuteronômio).

Outro livro sagrado dos judeus é o Talmude, que contém os comentários e instruções dos líderes espirituais do judaísmo sobre como seguir as leis da Torá.

O judaísmo também é uma religião que influencia diretamente o estilo de vida dos judeus e está muito ligado ao senso de comunidade e família, onde todas as pessoas participam dos mesmos rituais e costumes religiosos em conjunto.

Os cultos e reuniões são realizados nas sinagogas, um templo utilizado para orações e aprendizado das escrituras sagradas, com a presença dos líderes espirituais, os rabinos.

As principais crenças e características do judaísmo são:

  • É monoteísta, ou seja, acredita em apenas um Deus, que é denominado como criador do universo e das leis divinas;
  • Segue os 10 mandamentos e outras leis que constam em seus textos sagrados, enviadas por Deus aos profetas, como Abraão e Moisés;
  • Não é uma religião missionária ou universal, por isso não existe a intenção, por parte dos judeus, de propagar o judaísmo;
  • Acreditam que são o “povo escolhido por Deus”;
  • Acreditam que Abraão é o pai de todos os judeus e Moisés o libertador e legislador enviado por Deus para os judeus;
  • Dependendo da linha judaica, não acreditam que Jesus Cristo é o filho de Deus e o Messias prometido nos textos da Torá;
  • Uma pessoa só é considerada judia se sua mãe é judia.

Origem e história do judaísmo

A tradição conta que o judaísmo surgiu no ano de 2.000 a.C. e seu fundador é Abraão, o primeiro patriarca do povo de Israel e também intitulado o primeiro judeu.

Consta na Torá que Deus chamou Abraão e ordenou que este liderasse seu povo em direção a Canaã, a terra prometida, que atualmente é o território da Palestina.

Neste chamado, se Abraão cumprisse sua promessa, Deus tornaria toda a sua descendência a grande nação na terra prometida. De acordo com as tradições judaicas, esta foi a primeira aliança feita entre Deus e o povo judeu.

Anos mais tarde, a fome assolou o território de Canaã, levando os judeus para o Egito em busca de terras mais férteis, onde foram escravizados por mais de 400 anos.

Foi então que o profeta Moisés, no século XII a.C., recebeu instruções de Deus para libertá-los e levá-los de volta à terra prometida, em um movimento que ficou conhecido historicamente como Êxodo.

É durante este período que ocorrem os famosos episódios da entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai e da abertura do Mar Vermelho.

A volta a Canaã fez do povo judeu uma nação poderosa no Oriente Médio durante o reinado de seus primeiros reis: Saul, Davi e Salomão. Mas outras forças no Oriente, como os Assírios e os Babilônios, ganharam mais poder e acabaram ocupando o território, o que dá início à Diáspora, que foi a dispersão do povo judeu para diversas outras nações.

Os Judeus só voltariam à região do Oriente Médio após a Segunda Guerra Mundial, com a criação do Estado de Israel, que divide com os palestinos o território que na antiguidade foi conhecido como a terra prometida.

Veja mais sobre o Torá e Êxodo.

Tipos de judaísmo

Judaísmo Ortodoxo

O Judaísmo Ortodoxo, a mais antiga e conservadora linha do judaísmo, acredita que o Messias Salvador prometido por Deus ainda está por vir. Diferente dos cristãos, não creem que Jesus Cristo (Yeshua) seja o messias.

Esta vertente é conhecida por manter e seguir fielmente os costumes, rituais e regras tradicionais e mais antigas, se opondo às linhas judaicas mais modernas e liberais.

Para o Judaísmo Ortodoxo existe apenas um Deus, considerado eterno, sem corpo e indivisível, ao qual seguem fielmente as leis estipuladas que constam nos textos sagrados da Torá e do Talmude.

O judaísmo Ortodoxo também não aceita em sua ordem pessoas que não sejam filhos de mães judias e que, consequentemente, não são considerados judeus.

Judaísmo Nazareno

O Judaísmo Nazareno, foi criado há 2.000 anos, através de Jesus Cristo e vem dos primeiros discípulos judeus de Yeshua (Jesus).

Esta linha judaica acredita que Jesus é o messias enviado por Deus, mas que seu espírito é a própria encarnação de Deus.

A base do Judaísmo Nazareno é que Jesus não foi fundador do Cristianismo, mas sim o próprio Deus que veio encarnado como homem para ensinar como seguir os ensinamentos da Torá, e que retornará à terra.

Esta linha do judaísmo não acredita que existe a trindade, ou seja, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Para este grupo, existe apenas Deus.

Judaísmo Messiânico

O Judaísmo Messiânico é uma corrente judaica nova, criada em 1970, e não é reconhecida pelo Estado de Israel.

É uma vertente que nasceu nos Estados Unidos da América, reconhecendo a figura de Jesus Cristo como Messias e aceitando que Ele é o filho de Deus e veio para salvar e ensinar ao povo judeu e aos gentios (os não-judeus).

Porém, definem que o judaísmo é a religião com ensinamentos e mandamentos para os judeus e o cristianismo para os gentios. Neste caso, os judeus devem seguir a Torá e os gentios, as chamadas “7 Leis Noéticas”, uma aliança feita entre Deus e Noé após o dilúvio.

Os judeus messiânicos acreditam na existência da Trindade Santa (Pai, Filho e Espírito Santo).

Símbolos do judaísmo

Kippa

A kippa é uma espécie de chapéu utilizado pelos judeus para demonstrar o seu temor e respeito por Deus. Ao utilizarem o chapéu, os judeus buscam representar a separação entre o ser humano com Deus, reconhecendo que Deus está acima de todas as coisas.

As mulheres também utilizam um lenço ou chapéu para representar os mesmos aspectos da kippa.

kippa

Estrela de Davi

É um dos principais símbolos do judaísmo, presente até mesmo na bandeira de Israel. A estrela de Davi, também chamada de Magen Davi, tem vários significados para os judeus.

Como é formada por dois grandes triângulos, por exemplo, os judeus costumam dizer que a união de ambos representa o relacionamento do povo judeu com Deus.

A estrela de Davi também era utilizada pelo rei Davi em seu escudo durante as batalhas. Por isso, também simboliza para os judeus a realeza e a presença de Deus nas antigas guerras bíblicas vencidas pelo povo judeu.

estrela de davi

Veja mais sobre a Estrela de Davi.

Menorá

A menorá é um candelabro de 7 velas, que nos livros da Torá, eram acendidas pelo sumo sacerdote, líderes judeus que cuidavam das sinagogas, os templos.

Essas velas nunca podiam ser apagadas. Por isso, eram acendidas com azeite e limpas diariamente.

Para o judaísmo, a Menorá significa os 7 saberes, conhecidos como os 7 orifícios que estão no rosto do ser humano: os dois olhos, dois ouvidos, duas narinas e a boca.

Neste sentido ela representa a iluminação sobre o que se escuta, o se fala, o que se vê e o que se respira.

menora

Shofar

O shofar, um instrumento musical, representa para os judeus o carneiro que foi sacrificado pelo profeta Abraão no lugar do seu filho Isaac.

Este instrumento é utilizado em festividades, principalmente para representar a reverência dos judeus a Deus e a lembrança dos 10 Mandamentos enviados por Deus a Moisés.

shoffar

Os rituais do judaísmo

Bar Mitzvah e Bat Mitzvah

Um dos principais rituais do povo judeu é o Bar Mitzvah, que é a iniciação do menino na vida adulta, por volta dos 13 anos de idade. Ao completar 13 anos, é realizada uma cerimônia onde a criança passa a seguir todos os preceitos do judaísmo. Para as meninas, o nome do ritual é Bat Mitzvah.

Circuncisão

A circuncisão é o ato de retirar a pele, chamada de prepúcio, que cobre o órgão genital do homem e deve ser feito no oitavo dia de vida da criança.

Esse ritual que consta na Torá e foi um pacto feito entre Deus e Abraão, que aos seus 99 anos fez sua própria circuncisão e a dos seus filhos.

Os judeus acreditam que a circuncisão mantém o pacto com Deus, abrindo caminhos para a espiritualidade.

O shabat

O shabat, ou sabá, conhecido como o dia de sábado, é o dia de descanso judeu. É um período de gratidão e contemplação em que não se deve trabalhar, iniciando no por do sol de sexta-feira e acaba no anoitecer de sábado.

As festas tradicionais do judaísmo

As festas judaicas têm datas móveis e seguem o calendário solar, sendo as principais:

  • Pessach (Páscoa) em que se comemora a libertação do povo judeu do Egito
  • Rosh Hashaná, o ano-novo judaico;
  • Yom Kipur, o Dia do Perdão, é o último dia em que os judeus conseguem o perdão divino quanto aos seus pecados do ano anterior;
  • Chanucá, que marca o fim do domínio dos Assírios sobre a terra prometida aos Judeus e a restauração do templo de Jerusalém;
  • Simchat Torá que representa o dia em que Deus entregou os Dez Mandamentos a Moisés.

Veja mais sobre o Hanukkah.

Judaísmo no Brasil

A comunidade judaica brasileira é a segunda maior da América Latina, ficando atrás apenas da Argentina em número de membros.

O Judaísmo no Brasil começou ainda durante o período colonial, em que judeus portugueses emigravam para o país.

No século XVII houve um grande grupo de judeus que se estabeleceu no Nordeste brasileiro, especialmente em Recife, encontrando liberdade de culto durante o período de ocupação holandesa no território.

A Independência do Brasil garantiu a tolerância a outros cultos, além do catolicismo, e mais grupos judeus migraram para Belém, no Norte do país, e para o Rio de Janeiro.

Com a Proclamação da República brasileira, a separação do Estado e da Igreja e a liberdade religiosa, mais imigrantes se estabeleceram no país, principalmente na região do Rio Grande do Sul e grandes centros urbanos como São Paulo.

Diferença entre o Judaísmo e o Cristianismo

As práticas religiosas do Judaísmo e Cristianismo apresentam diversas semelhanças, como a crença no mesmo Deus. Mas a grande diferença reside na crença em Jesus Cristo, o que também vai variar conforme a corrente judaica.

Os judeus seguem os dez mandamentos, os mesmos do cristianismo que foram entregues por Deus a Moisés no Monte Sinai.

O judaísmo não divide com os cristãos a crença no pecado original, ou seja, que todos pagamos pelo pecado cometido por Adão e Eva e que os fez deixar o Jardim do Éden, considerado o paraíso.

O cristianismo segue prioritariamente o que está escrito no Novo Testamento da Bíblia Cristã, a nova aliança feita com Deus através de Jesus Cristo, enquanto os judeus consideram e seguem apenas os textos antigos, a Torá, enquanto base para a sua fé e práticas.

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