Tudo o que precisa saber sobre o Romantismo
O romantismo foi um movimento artístico, intelectual e filosófico que surgiu na Europa (inicialmente na França, Alemanha e Inglaterra), após a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Na maioria dos outros locais, atingiu seu ápice na metade do século XIX.
O Romantismo buscava transmitir para o povo, ideais sobre o amor, o sentimento, Deus e espiritualidade, o patriotismo e a valorização do indivíduo.
Por isso, o período romântico ficou conhecido pela rejeição a racionalidade, da objetividade e do belo, características do Classicismo, o movimento anterior ao romantismo.
Os românticos defendiam a subjetividade, onde a visão do mundo era focada na idealização de tudo, nas emoções e sentimentos do indivíduo, nunca na realidade.
Por isso, o Romantismo marcou a mudança de pensamento e comportamento do mundo ocidental, iniciando a modernidade.
Romantismo no Brasil
Assim, além do subjetivismo, do culto à natureza, do sentimentalismo e da fuga da realidade, o romantismo no Brasil foi fortemente marcado pelo nacionalismo e pela exaltação do índio.
O romantismo chegou no Brasil em 1836, após a recém-independência do país. Os autores brasileiros buscavam, através dos romances, encontrar a identidade nacional, após a saída dos colonizadores.
As principais características do Romantismo no Brasil são:
- Patriotismo (após a saída dos colonizadores portugueses);
- Textos em prosa ou poesia que são nacionalistas ou regionalistas, exaltando a natureza, a fauna e a flora do país;
- A indicação da mulher amada e idealizada;
Apesar de envolver diversas áreas da arte, o período romântico no Brasil foi fortemente voltado para a literatura e poesia.
Um dos grandes autores romantistas brasileiros foi Gonçalves Dias, autor da famosa poesia “Canção do Exílio”. Esta poesia é um grande exemplo de como a terra brasileira era enaltecida.
Outro autor que abordava tanto a mulher amada e idealizada, além da exaltação da natureza brasileira, foi o José de Alencar.
As fases do Romantismo no Brasil
Primeira Geração
Motivada pela recente Independência do Brasil em 1822, a primeira geração do romantismo brasileiro foi marcada por uma forte necessidade de afirmar a cultura local e romper com a influência europeia.
Assim, as obras frequentemente transmitiam valores nacionalistas e adotavam o indianismo, que exaltavam os índios como heróis representantes da cultura.
Segunda geração
A segunda geração do romantismo brasileiro surgiu na metade do século XIX e foi muito influenciada pelas obras do poeta inglês Lord Byron.
As características mais marcantes desta época eram o pessimismo, a desilusão, a exaltação da morte, a depressão e a solidão. Por esse motivo, o período também é chamado de “ultrarromântico” ou “mal do século”.
Terceira geração
A terceira geração se iniciou por volta de 1860 e possuía um foco altamente político e social, influenciada pelas obras de Victor Hugo.
Assim, os artistas transmitiam em suas obras ideais abolicionistas, críticas sociais e de valorização da liberdade. O período também é chamado de “geração condoreira” em referência a um condor, tido como símbolo da liberdade.
Características do Romantismo
Considerando que o romantismo buscava um afastamento dos valores de urbanização, progresso e racionalidade, a maioria das suas características são oposições diretas a esses padrões.
Esses aspectos pertenciam a movimentos anteriores, como o classicismo. Entre os principais traços do movimento estão:
Idealização
A idealização é uma das maiores características do período romântico, porque os artistas românticos frequentemente se retratavam como heróis rebeldes. O objetivo era mudar a própria vida ou a da sociedade.
Por esse motivo, era comum que a arte romântica retratasse as injustiças sociais e as opressões políticas da época, apresentando a visão do artista sobre o que seria ideal para a questão.
Este homem herói também se manifestava como o indivíduo que buscava uma pátria ou um amor ideal, perfeito, fora da realidade, sempre priorizando as suas próprias expectativas e sentimentos.
Individualismo e subjetividade
Os escritores, pintores e escultores românticos valorizavam o indivíduo, suas próprias opiniões e sua visão sobre o mundo.
Assim, a originalidade era muito importante nas artes. Era ela que conseguia apresentar a visão do autor quanto ao que era produzido.
Através da subjetividade, o indivíduo podia expor suas opiniões e idealizações no discurso pessoal, através de sentimentos e emoções, fugindo da realidade ou do que era concreto.
Valorização das emoções e sentimentos
Para o romantismo, não existia o lógico, o racional ou até mesmo o concreto. O romantismo defendia que as emoções e os sentidos também eram importantes na formação do raciocínio do indivíduo.
A presença da emoção e dos sentimentos dos autores nas obras é uma das características mais marcantes no movimento. Era comum, principalmente nas obras literárias, encontrar descrições melancólicas, tristes e sentimentalistas.
Exaltação da natureza
Para os românticos, a natureza consistia em uma força incontrolável e transcendental que, apesar de estar relacionada, era distinta dos elementos físicos como árvores, folhas, etc.
Foco na imaginação
Considerando que o romantismo representava uma fuga dos valores da época, os pensadores e artistas românticos frequentemente recorriam à imaginação na produção das suas obras.
Na literatura, por exemplo, o objetivo não era descrever o mundo como ele é, mas sim como ele poderia ser.
Veja também o significado de realismo.
Contexto histórico do Romantismo
O Romantismo surgiu durante o período conhecido como Era das Revoluções, entre os anos de 1774 e 1849. Nesta época, ocorreram grandes transformações políticas, sociais e econômicas no ocidente.
Entre os principais movimentos revolucionários da época estão a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.
Outro grande acontecimento político desse período foi a ascensão da burguesia ao poder, durante a Revolução Francesa.
A burguesia queria transmitir novos ideais à sociedade, quanto aos sentimentos e o valor das emoções e do indivíduo, que foram esquecidos pelos movimentos anteriores, como o Classicismo.
Movidos pelos mesmos ideais de mudança, os artistas românticos passaram a mudar não só a teoria e a prática de suas artes, mas também a própria forma com que percebiam o mundo.
Essa transformação ultrapassou o campo artístico e impactou a filosofia e a cultura ocidental. Esses aspectos passaram a aceitar a emoção e os sentidos como uma forma válida de experimentar a vida.
A influência das revoluções pode ser percebida nas características de idealismo e rebeldia, que foram marcantes nas obras produzidas no período.
O escapismo e o subjetivismo, por exemplo, valorizavam mais os sentimentos individuais do que os coletivos. Ambos são fortes aspectos do Romantismo.
Romantismo na literatura
O romantismo também se tornou um estilo literário inovador, porque permitiu que os artistas utilizassem a emoção e a espontaneidade. Assim, eles podiam explorar mais livremente os recursos artísticos dentro e fora da literatura.
Neste período, os romances literários tinham por base o sentimentalismo romântico e o escapismo (fuga da realidade), e uma constante luta com o amor proibido ou não correspondido.
Por ter um forte apelo nacionalista e patriota, a literatura romântica também enaltece o homem herói, que luta pelo amor e por sua nação. Além disso, os personagens são claramente vulneráveis e melancólicos, expondo suas emoções sempre em primeiro plano.
Alguns dos principais autores europeus românticos foram:
- O francês Victor Hugo, autor das obras Os Miseráveis e O Corcunda de Notre Dame;
- O inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), autor da obra A Balada do Velho Marinheiro;
- O alemão August Wilhelm (1767-1845), autor da obra Ramos de Flores;
No Brasil, alguns dos autores que marcaram o período romântico foram:
- Aluísio Azevedo (1857-1913), autor da obra O Cortiço;
- Casimiro de Abreu (1837-1860), autor da obra Primaveras;
- Gonçalves Dias (1823 - 1864), autor da obra Canção do Exílio.
Romantismo nas artes
A arte romântica era essencialmente baseada no individualismo, na natureza e no imaginário. Esses valores se manifestaram em todos os ramos artísticos da época e inspiraram pinturas, esculturas, poemas, entre outros.
Devido à ênfase na imaginação, os artistas davam muita importância à intuição, ao instinto e à emoção. Por serem muito pessoais e subjetivos, esses sentimentos reforçaram a noção de individualismo, que marcou o movimento.
Para os românticos, o individualismo se manifestava de forma mais plena em contextos de solidão.
Por esse motivo, a arte romântica tende a ser fortemente meditativa. Esse foco no imaginário e no subjetivismo afastava a noção de que a arte era um espelho do mundo. No romantismo a arte criava um mundo paralelo.
O romantismo trouxe um novo conceito de natureza que não se limitava aos bosques, árvores e animais. Para os românticos, a natureza era uma algo superior, transcendental e, por isso, incompreensível aos homens.
Como todos os pontos, a natureza também era vista de forma subjetiva e sua retratação variava de artista para artista.
Entre as formas mais comuns de interpretação da natureza estavam a ideia de que era um lugar divino, um refúgio do mundo industrializado ou mesmo um poder de cura.
Essa valorização da natureza fez com que, através do romantismo, a pintura de paisagem, antes vista como uma forma inferior de arte, fosse altamente aprimorada.
Principais nomes e obras do romantismo
Confira abaixo os principais artistas românticos, seguidos de algumas de suas obras:
Literatura Europeia
- William Blake - Sete livros iluminados, O casamento do céu e do inferno, Jerusalém, etc.
- Samuel Taylor Coleridge – A balada do velho marinheiro, Kubla Khan, Cristabel, etc.
- William Wordsworth – Solitário qual nuvem vaguei, O prelúdio, Ode ao dever, etc.
Pintura
- Francisco de Goya – Três de maio de 1808 em Madrid (ou Os fuzilamentos de três de maio), Saturno devorando um filho, A maja nua, A maja vestida, etc.
- William Turner – O navio negreiro, Chuva, vapor e velocidade, A batalha de Trafalgar, etc.
- Caspar David Friedrich – Caminhante sobre o mar de névoa, Monge à beira-mar, O mar de gelo, etc
- Eugène Delacroix – A liberdade guiando o povo, O massacre de Quios, A morte de Sardanápalo, etc.
Escultura
- Antoine-Louis Barye – Teseu e o Minotauro, Leão e serpente, Águia e serpente, etc.
- Pierre Jean David – Reavivando a Grécia, A morte de Aquiles, Louis II, etc.
Romantismo em Portugal
O início do romantismo em Portugal acontece em 1825, com a obra chamada Camões, um poema épico do autor português Almeida Garrett (1799 - 1854). Este poema surge num contexto de total euforia nacional, pois D. João VI, que estava no Brasil, decide retornar para Portugal a fim de reaver a coroa portuguesa.
Assim, nasce um sentimento nacionalista, uma das fortes características do romantismo. A partir disso, o romantismo em Portugal começa a crescer, inspirado no período romântico que já estava consolidado em outros lugares da Europa, como a França, a Inglaterra e a Alemanha.
O período romântico lusitano possuiu fortes características que expressavam os discursos do romantismo. Entre elas:
- Subjetividade;
- Sentimentalismo;
- Influência medieval, com foco na religião, em Deus;
- Saudosismo;
- Imaginação e idealização.
O romantismo em Portugal também possui, assim como o período no Brasil, três gerações.
Primeira geração
O início do romantismo em Portugal, em 1825, é marcado com a transição do movimento do arcadismo para o período romântico. Com a volta de D. João VI para o país, o romantismo se inicia com um forte apelo nacionalista, descrito nas obras literárias, retratando figuras políticas como heróis nacionais.
Também é possível ver o homem herói e patriota retratado através de influências medievais, como cavaleiros corajosos, honrados, que valorizam a sua pátria e a Deus.
Os autores mais conhecidos dessa geração são Almeida Garrett (1799 - 1854), Alexandre Herculano (1810 - 1877) e Antônio Feliciano de Castilho (1800 - 1875).
Segunda geração
Conhecida como a fase do ultrarromantismo, a segunda geração do romantismo em Portugal ficou conhecida como a fase mais importante do movimento no país. Neste período, o romantismo ultrapassa a condição da razão, gerando um forte sentimentalismo.
Aqui, os sentimentos predominantes são a dor, a solidão, o desespero e até mesmo a morte. Um dos escritores mais famosos dessa geração foi Camilo Castelo Branco (1825 - 1890), autor das obras Amor de Perdição e Amor de Salvação.
Camilo escrevia com sentimentalismo extremado, através da condição mórbida e sombria, presentes no discurso pitoresco do romantismo.
Terceira Geração
A terceira geração já representa o fim do romantismo em Portugal, na transição do romantismo para as ideias realistas.
Essa fase demonstra uma perspectiva mais social nas obras, com personagens mais conscientes e psicologicamente mais complexos.
O autor que marca esta última geração do romantismo em Portugal é Júlio Diniz (1839 - 1871), autor da obra As Pupilas do Senhor Reitor.
Veja também: Características do romantismo e Iluminismo.