Versos
O verso corresponde a cada uma das linhas que formam um poema. O tipo de texto que engloba o poema também recebe esse nome, o texto em verso, caracterizado pelas linhas descontinuadas, cuja interrupção é determinada por critérios musicais (métrica, rima, acentuação) ou de sentido. Deste modo, o texto em verso se opõe ao texto em prosa, determinado pelo uso de linhas continuadas.
Cada grupo de versos ou estância do poema é chamado de estrofe, como no exemplo a seguir:
Vale notar que existem versos de grande extensão que abrangem mais de uma linha. Nesse caso, emprega-se colchetes ( [ ) para indicar tal ocorrência. Observe este exemplo do poema "O Incriado", escrito por Vinícius de Morais:
Eu sou como o velho barco que guardei no seu
[bojo o eterno ruído tio mar batendo.
Classificação dos Versos
Existem basicamente dois tipos de verso: versos regulares ou metrificados e versos livres.
Durante muitos séculos, os poetas deram grande importância ao verso metrificado, isto é, preocuparam-se em fazer com que os versos combinassem no número de sílabas poéticas.
Somente no final do século XIX, e sobretudo no início de século XX, passou-se a usar mais intensamente versos que não combinavam no número de sílabas poéticas, denominados versos livres.
Verso regular ou metrificado
Neste tipo de verso, o poeta preocupa-se em fazê-los todos de um determinado tamanho, isto é, combinando a quantidade de sílabas poéticas. Os versos, neste caso, não são livres, são medidos, ou metrificados.
É importante frisar que as sílabas poéticas diferem das sílabas comuns ou gramaticais. A tonicidade das palavras determina o número de sílabas métricas. A contagem dos sons dos versos, denominada escansão, vai até a última sílaba tônica de cada verso.
No poema de Cecília Meireles, cada verso possui sete sílabas métricas, mas oito sílabas gramaticais.
Na/que/la/ nu/vem/ na/que/la
Man/do/-te/ meu/ pen/sa/men/to
Que/ Deu/s se o/cu/pe/ do/ ven/to
(Cecília Meireles, "Poema do Amor Perfeito")
Os versos regulares são classificados conforme a quantidade de sílabas poéticas que apresentam:
- Uma sílaba — monossílabo
- Duas sílabas — dissílabo
- Três sílabas — trissílabo
- Quatro sílabas — tetrassílabo
- Cinco sílabas — pentassílabo ou redondilha menor
- Seis sílabas — hexassílabo
- Sete sílabas — heptassílabo ou redondilha maior
- Oito sílabas — octossílabo
- Nove sílabas — eneassílabo
- Dez sílabas — decassílabo
- Onze sílabas — hendecassílabo ou arte maior
- Doze sílabas — dodecassílabo ou alexandrino
Verso livre
São os versos que não obedecem a nenhuma espécie de combinação. Tornaram-se muito populares no início do século XX, com o advento do Modernismo, estilo marcado pela ruptura com a tradição, pela busca da liberdade criativa e pela experimentação.
Veja o seguinte exemplo, no qual praticamente todos os versos diferem quanto à quantidade de sílabas poéticas:
Mes/mo as/ flo/res
não/ nas/cem/ mais/ na/tu/ral/men/te.
Nas/cem/ do/ sus/to
To/das/ as/ coi/sas/ pa/re/cem
nas/cer/ mas/ do/ sus/to
A/cor/da/das,/ não/ nas/ci/das
pro/pria/men/te.
(Cassiano Ricardo, "Guerra Fria")
Classificação das Estrofes
As estrofes são classificadas segundo à quantidade de versos que as compõe:
- Um verso — monóstico
- Dois verso — dístico
- Três versos — terceto
- Quatro versos — quarteto ou quadra
- Cinco versos — quintilha
- Seis versos — sextilha
- Sete versos — septilha
- Oito versos — oitava (rima)
- Nove versos — nona
- Dez versos — décima
Rima
A rima representa a coincidência sonora entre as palavras presentes nos versos. Versos que apresentam essa correspondência são chamados de rimados, enquanto aqueles sem essa harmonização são denominados versos brancos.
É relevante observar que a rima nem sempre ocorre exclusivamente entre as palavras finais dos versos, como frequentemente se pensa. Em alguns casos, a rima pode acontecer entre a última palavra de um verso e outra que está no meio do verso subsequente. Há, inclusive, situações em que as palavras rimam dentro do mesmo verso.
Exemplos:
Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo.
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.[...]
(Sá de Miranda, "Comigo me desavim")
Quando alta noite n'amplidão flutua,
Pálida a lua com fatal palor.
Não sabes, virgem, que eu por ali suspiro
E que deliro a suspirar de amor [...]
(Castro Alves, "Não sabes")
Donzela bela. que me inspirei a lira
Um canto santo de fervente amor,
Ao bardo o cardo da tremenda senda
Estanca, arranca-lhe a terrível dor [...].
(Castro Alves, "Exortação")
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