Versos

Igor Alves
Revisão por Igor Alves
Professor de Língua Portuguesa

O verso corresponde a cada uma das linhas que formam um poema. O tipo de texto que engloba o poema também recebe esse nome, o texto em verso, caracterizado pelas linhas descontinuadas, cuja interrupção é determinada por critérios musicais (métrica, rima, acentuação) ou de sentido. Deste modo, o texto em verso se opõe ao texto em prosa, determinado pelo uso de linhas continuadas.

Cada grupo de versos ou estância do poema é chamado de estrofe, como no exemplo a seguir:

Poema de Drummond (Versos e estrofe)

Vale notar que existem versos de grande extensão que abrangem mais de uma linha. Nesse caso, emprega-se colchetes ( [ ) para indicar tal ocorrência. Observe este exemplo do poema "O Incriado", escrito por Vinícius de Morais:

Eu sou como o velho barco que guardei no seu
[bojo o eterno ruído tio mar batendo.

Classificação dos Versos

Existem basicamente dois tipos de verso: versos regulares ou metrificados e versos livres.

Durante muitos séculos, os poetas deram grande importância ao verso metrificado, isto é, preocuparam-se em fazer com que os versos combinassem no número de sílabas poéticas.

Somente no final do século XIX, e sobretudo no início de século XX, passou-se a usar mais intensamente versos que não combinavam no número de sílabas poéticas, denominados versos livres.

Verso regular ou metrificado

Neste tipo de verso, o poeta preocupa-se em fazê-los todos de um determinado tamanho, isto é, combinando a quantidade de sílabas poéticas. Os versos, neste caso, não são livres, são medidos, ou metrificados.

É importante frisar que as sílabas poéticas diferem das sílabas comuns ou gramaticais. A tonicidade das palavras determina o número de sílabas métricas. A contagem dos sons dos versos, denominada escansão, vai até a última sílaba tônica de cada verso.

No poema de Cecília Meireles, cada verso possui sete sílabas métricas, mas oito sílabas gramaticais.

Na/que/la/ nu/vem/ na/que/la
Man/do/-te/ meu/ pen/sa/men/to
Que/ Deu/s se o/cu/pe/ do/ ven/to

(Cecília Meireles, "Poema do Amor Perfeito")

Os versos regulares são classificados conforme a quantidade de sílabas poéticas que apresentam:

  • Uma sílaba — monossílabo
  • Duas sílabas — dissílabo
  • Três sílabas — trissílabo
  • Quatro sílabas — tetrassílabo
  • Cinco sílabas — pentassílabo ou redondilha menor
  • Seis sílabas — hexassílabo
  • Sete sílabas — heptassílabo ou redondilha maior
  • Oito sílabas — octossílabo
  • Nove sílabas — eneassílabo
  • Dez sílabas — decassílabo
  • Onze sílabas — hendecassílabo ou arte maior
  • Doze sílabas — dodecassílabo ou alexandrino

Verso livre

São os versos que não obedecem a nenhuma espécie de combinação. Tornaram-se muito populares no início do século XX, com o advento do Modernismo, estilo marcado pela ruptura com a tradição, pela busca da liberdade criativa e pela experimentação.

Veja o seguinte exemplo, no qual praticamente todos os versos diferem quanto à quantidade de sílabas poéticas:

Mes/mo as/ flo/res
não/ nas/cem/ mais/ na/tu/ral/men/te.
Nas/cem/ do/ sus/to

To/das/ as/ coi/sas/ pa/re/cem
nas/cer/ mas/ do/ sus/to
A/cor/da/das,/ não/ nas/ci/das
pro/pria/men/te.
(Cassiano Ricardo, "Guerra Fria")

Classificação das Estrofes

As estrofes são classificadas segundo à quantidade de versos que as compõe:

  • Um verso — monóstico
  • Dois verso — dístico
  • Três versos — terceto
  • Quatro versos — quarteto ou quadra
  • Cinco versos — quintilha
  • Seis versos — sextilha
  • Sete versos — septilha
  • Oito versos — oitava (rima)
  • Nove versos — nona
  • Dez versos — décima

Rima

A rima representa a coincidência sonora entre as palavras presentes nos versos. Versos que apresentam essa correspondência são chamados de rimados, enquanto aqueles sem essa harmonização são denominados versos brancos.

É relevante observar que a rima nem sempre ocorre exclusivamente entre as palavras finais dos versos, como frequentemente se pensa. Em alguns casos, a rima pode acontecer entre a última palavra de um verso e outra que está no meio do verso subsequente. Há, inclusive, situações em que as palavras rimam dentro do mesmo verso.

Exemplos:

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo.
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.[...]
(Sá de Miranda, "Comigo me desavim")

Quando alta noite n'amplidão flutua,
Pálida a lua com fatal palor.
Não sabes, virgem, que eu por ali suspiro
E que deliro a suspirar de amor [...]
(Castro Alves, "Não sabes")

Donzela bela. que me inspirei a lira
Um canto santo de fervente amor,
Ao bardo o cardo da tremenda senda
Estanca, arranca-lhe a terrível dor [...].
(Castro Alves, "Exortação")

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Igor Alves
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Educador desde 2009, professor de Língua Portuguesa licenciado pela Universidade Federal do Pará. Criador de conteúdos online desde 2021.
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