Vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva (com exemplos)
As vozes verbais indicam a relação entre o sujeito e a ação expressa pelo verbo. Em outras palavras, elas mostram se o sujeito pratica ou sofre a ação. No português, temos três vozes verbais principais: ativa, passiva e reflexiva.
- Voz ativa: o sujeito pratica a ação.
- Voz passiva: o sujeito sofre a ação.
- Voz reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação
Exemplos:
- "O professor corrigiu as provas." (voz ativa)
- "A maçã foi comida por Maria." (voz passiva)
- "O aluno feriu-se durante a aula." (voz reflexiva)
No primeiro exemplo, "O professor" é o agente que realiza a ação, com o verbo "corrigiu" na voz ativa.
No segundo, "A maçã" é o paciente que sofre a ação de ser comida, com o verbo na voz passiva e "Maria" como agente externo.
Por fim, no terceiro, "O aluno" realiza e sofre a ação simultaneamente, com o verbo na voz reflexiva, indicado pelo pronome "se".
Voz ativa
A voz ativa representa a situação em que o sujeito de uma oração pratica a ação expressa pelo verbo. O sujeito, portanto, é o agente da ação, enquanto o objeto é quem sofre a ação. É a forma mais comum de conjugar um verbo.
Exemplos:
- "O menino chutou a bola."
- "Nós viajaremos nas férias."
- "A professora explicou a matéria."
- "Jonas comprou um celular novo."
Voz passiva
Na voz passiva, o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo, ou seja, o sujeito é paciente da ação. A construção passiva é comum em contextos em que se deseja destacar a ação ou o objeto da ação, em vez de quem a realizou.
Exemplos:
- "O relatório foi revisado pelo gerente."
- "As cartas serão entregues amanhã pelos correios."
- "Venderam-se todos os ingressos para o show."
- "Resolveu-se o problema com rapidez."
Existem duas formas principais de voz passiva: analítica e sintética.
Voz passiva analítica
A voz passiva analítica utiliza o verbo auxiliar "ser" ou "estar" e o particípio do verbo principal.
Exemplos:
- "O livro foi lido por Maria."
- "A casa está sendo pintada pelos pintores."
- "As flores serão regadas amanhã de manhã."
Voz passiva sintética
Também chamada de pronominal, a voz passiva sintética é formada pelo verbo na terceira pessoa + pronome "se". Nessa construção, o sujeito paciente não é explicitado, mas pode ser inferido pelo contexto.
Exemplos:
- "Aluga-se apartamentos."
- "Vendem-se casas."
- "Construiu-se um novo hospital."
Voz reflexiva
Na voz reflexiva, o sujeito realiza e sofre a ação ao mesmo tempo, ou seja, a ação recai sobre ele próprio.
É formada por um verbo na voz ativa acompanhado de um pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos), que funciona como objeto direto ou indireto e representa a mesma pessoa que o sujeito.
Exemplos:
- "Thiago cortou-se com a faca."
- "Penteio-me todos os dias."
- "O menino escondeu-se atrás da árvore."
- "Elas prepararam-se para o exame."
Voz passiva recíproca
A voz reflexiva pode também indicar uma ação recíproca, quando dois ou mais sujeitos realizam e sofrem a ação ao mesmo tempo.
Exemplos:
- "Os irmãos abraçaram-se ao se encontrarem."
- "Os amigos cumprimentaram-se na festa."
- "Ajudaram-se mutuamente no projeto."
Conversão das vozes verbais
A conversão de vozes verbais consiste em transformar uma frase da voz ativa para a passiva, ou vice-versa, sem alterar o sentido essencial da mensagem, mas mudando a ênfase da frase. Essa transformação envolve mudanças na estrutura da frase e na função sintática dos termos.
Conversão de voz ativa para voz passiva
Na conversão da voz ativa para a voz passiva, o sujeito da voz ativa passa a ser o agente da passiva, enquanto o objeto direto da voz ativa se torna o sujeito da voz passiva.
Exemplo:
- Voz ativa: "O professor corrigiu as provas."
- Voz passiva analítica: "As provas foram corrigidas pelo professor."
Passos para a conversão:
- O objeto direto "as provas" torna-se o sujeito na voz passiva.
- O verbo "corrigir" passa a ser composto: "foi corrigido" (ser + particípio).
- O sujeito da ativa "O professor" torna-se o agente da passiva, introduzido por "por".
Conversão de voz passiva para voz ativa
Na conversão da voz passiva para a ativa, o sujeito da voz passiva passa a ser o objeto direto da voz ativa, e o agente da passiva torna-se o sujeito na ativa.
- Voz passiva: "O relatório foi revisado pelo gerente."
- Voz ativa: "O gerente revisou o relatório."
Passos para a conversão:
- O sujeito da passiva "O relatório" torna-se o objeto direto na ativa.
- O verbo volta à sua forma simples: "revisou".
- O agente da passiva "pelo gerente" torna-se o sujeito da ativa.
Observação: somente os verbos transitivos admitem transposição de voz, pois verbos intransitivos não têm complemento que possa ser transposto em sujeito.
Exercícios
1. Assinale a opção em que a ordem das orações corresponde à seguinte sequência das vozes verbais: voz passiva analítica/ voz passiva sintética/ voz reflexiva:
a) A mãe escreveu um poema./ As redações foram corrigidas pelo professor./ Eles olharam-se no espelho.
b) A aluna foi atendida pelo professor. / Vendem-se relógios. / O cachaceiro feriu-se com o copo.
c) Os dois olharam-se longamente antes da briga./ O bolo foi confeitado pela avó./ Pescam-se traíras no lago.
d) O general exercita-se todas as manhãs./ O muro da escola foi pintado pelos estudantes./ Gratifica-se, generosamente, a quem devolver o cão desaparecido.
e) Ajoelhe-se e reze ao menos uma vez por dia./ Deus te abençoe, meu filho./ Alegrem-se, o horário político terminou.
2. Indique a voz em que se encontram as orações, conforme o código:
A. ativa
P. passiva
R. reflexiva
a) Olhou-se fixamente no espelho. ( )
b) A vitória foi conquistada pelo Flamengo. ( )
c) Ouviram-se miados a noite toda. ( )
d) A mulher atravessou a rua distraída. ( )
e) Eu me feri com a tesoura. ( )
3. Transpondo-se para a voz ativa a frase: "O trabalho deve ser elaborado pelos especialistas dentro do menor prazo possível", obtém-se a forma verbal:
a) deve-se elaborar
b) será elaborado
c) devem elaborar
d) elaborarão
e) devia ter sido elaborado.
RESPOSTAS: 1 b); 2 a) R, b) P, c) P, d) A, e) R; 3 d)
Bibliografia:
- CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo, Companhia Editora Nacional. 2009.
- CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro, Lexikon, 2013.
- TELLES, V. T. Curso prático de redação e gramática aplicada. Curitiba, Bolsa Nacional do Livro, 1984.
Veja também: