Aves de rapina
Ave de rapina são grandes carnívoros, que caçam e se alimentam de outros animais. São conhecidas por raptar suas presas, o que explica o seu nome (“rapina” significa roubo, saque).
As aves de rapina usam suas enormes garras para capturar presas, assim como seus bicos afiados em forma de gancho, visão e audição bastante aguçadas.
Essas aves são encontradas em todo o mundo e incluem várias espécies, como águias, falcões, gaviões, corujas e abutres. Também existem aves de rapina no Brasil, como corujas, falcões, urubus, carcarás e outras dezenas de espécies.
Elas têm uma função importante nos ecossistemas, como reguladoras populacionais, contribuindo para o equilíbrio ecológico. Em muitas culturas, as aves de rapina são simbólicas e associadas a mitos. Por exemplo, a águia-americana, símbolo do poder dos Estados Unidos, e a águia estampada na bandeira do México, que remete a uma lenda asteca.
Espécies de aves de rapina
Conheça as mais famosas espécies de aves de rapina:
Águias
As águias são aves de rapina de grande porte e estão entre as maiores aves do planeta. São famosas por sua excelente visão, capaz de detectar uma presa a 3 km de distância. Pertencem à família Accipitridae, da qual também fazem parte outras aves, como gaviões e abutres.
Existem cerca de 70 espécies de águias, sendo a maioria pode encontrada na Europa, na Ásia e na África. Só duas espécies são encontradas na América do Norte: uma delas é a águia-americana (Haliaeetus leucocephalus), símbolo dos Estados Unidos.
Há nove espécies de águia no Brasil, dentre as quais a Harpia harpyja, conhecida popularmente como gavião-real, que ocorre em alguns pontos da Mata Atlântica e na Amazônia. Trata-se da maior espécie de águia do mundo, podendo chegar a mais de um metro de comprimento e dois metros de envergadura (distância entre as pontas das duas asas).
As fêmeas da Harpia, que são maiores que os machos, podem pesar até 9 kg. Com suas garras de 7 cm de comprimento, a Harpia consegue capturar presas relativamente grandes, como preguiças e macacos.
Leia mais sobre as águias.
Gaviões
Os gaviões pertencem à mesma família das águias (Accipitridae) e são parecidos fisicamente com elas. Uma diferença importante entre as águias e os gaviões é que eles são menores (boa parte das espécies pesa menos de 1 kg). Além disso, os gaviões são menos poderosos e imponentes do que as águias.
Os gaviões são animais diurnos: são ativos durante o dia, passando boa parte do tempo planando sobre a mata, à espera do melhor momento para dar o bote em uma de suas presas, geralmente animais pequenos, como lagartos, roedores, pássaros, sapos e insetos.
Existem cerca de 250 espécies de gaviões no mundo. Só no Brasil, há mais de 40 espécies, dentre as quais o gavião-caboclo (Heterospizias meridionalis), que está presente em todo o território brasileiro. Também conhecido como casaca-de-couro, o gavião-caboclo é grande quando comparado a outros gaviões, chega a 65 cm de comprimento.
Falcões
Comparados às águias, os falcões são aves pequenas. Eles têm bico curto e asas longas e pontiagudas. São as menores aves de rapina do mundo. Os maiores indivíduos chegam a medir 60 cm. A maioria das espécies não ultrapassa meio quilo.
Devido ao seu tamanho e ao formato aerodinâmico de suas asas, os falcões são aves de rapina ágeis, capazes de promover ataques extremamente velozes. Diferentemente das águias e dos gaviões, os falcões não são aves planadoras. Quando atacam, eles se projetam no ar como flechas para capturar suas presas (geralmente insetos, lagartos, roedores e outras aves).
Outra característica dos falcões é uma saliência no bico (dente tomial), que serve para quebrar o pescoço das presas. Isso diferencia os falcões dos gaviões e das águias, que matam a caça perfurando-as com suas garras.
Em todo o mundo, há cerca de 60 espécies de falcões, das quais 20 podem ser encontradas no Brasil. A maior espécie de falcão do mundo é a gerifalte (Falco rusticolus), encontrada nas regiões frias do hemisfério norte. As fêmeas, maiores que os machos, podem atingir 60 cm de comprimento e pesar mais de 2 kg.
Corujas
As corujas são aves de rapina predominantemente noturnas. Há mais de 220 espécies de corujas (ordem Strigiformes), distribuídas em quase todas as regiões do mundo, com exceção da Antártida.
As corujas têm características físicas inconfundíveis: suas cabeças são redondas e grandes em relação ao corpo, seu rosto é achatado, os olhos são grandes e voltados para a frente. Seu bico é pequeno e afiado, assim como suas garras, com as quais capturam cobras, lagartos, peixes, roedores e insetos.
As corujas têm a capacidade de girar o pescoço em 270º. A título de comparação, os seres humanos só conseguem girar a cabeça a 80º a 90º, com amplitude total de 180º. Essa capacidade extraordinária das corujas existe por essas aves possuírem órbitas fixas, o que as impede de girar os globos oculares. A rotação da cabeça é uma adaptação evolutiva para compensar a limitação de campo visual.
Existem 23 espécies de coruja no Brasil. Uma bastante comum é a coruja-buraqueira (Athene cunicularia), que tem hábitos tanto noturnos quanto diurnos e pode ser vista em todo território nacional. Seu nome popular faz referência ao hábito de instalar seus ninhos em buracos no chão.
Leia mais sobre o significado de coruja.
Urubus
Os urubus são aves necrófagas, alimentam-se predominantemente de animais mortos. Por isso, são conhecidos como faxineiros da natureza. Algumas espécies de urubus podem caçar pequenos animais, como cobras e aves, além de se aproveitarem de animais feridos e doentes.
Para localizar seus alimentos na natureza, os urubus utilizam principalmente de sua visão aguçada, capaz de detectar animais mortos a quilômetros de distância. Algumas espécies, como o urubu-de-cabeça-vermelha, conseguem localizar carcaças através do olfato.
Urubus são aves de médio e grande porte: pesam entre 1 e 2 kg e possuem uma envergadura de asas de mais ou menos 1,80 m. Pertencem à família Cathartidae, da qual fazem parte os condores. Há cinco espécies de urubus encontradas no Brasil.
O maior dentre todas as espécies é o urubu-rei (Sarcoramphus papa), que pesa entre 3 e 4 kg e cuja envergadura ultrapassa os 2 m. O urubu-rei ocupa o topo da hierarquia dos urubus, tendo predominância sobre as demais espécies no momento de devorar uma carcaça.
Leia mais sobre urubus.
Condores
Existem apenas duas espécies de condor: o condor-dos-andes (Vultur gryphus) e o condor-californiano (Gymnogyps californianus). Como os próprios nomes já sugerem, ambas espécies só podem ser encontradas nas Américas.
São da mesma família dos urubus (Cathartidae) e, tal como eles, são animais carniceiros. Dotados de uma grande capacidade de planar, têm a habilidade sobrevoar centenas de quilômetros num só dia a fim de localizar seu alimento (animais mortos).
Os condores-dos-andes estão entre as maiores aves voadoras do mundo, podendo chegar a três metros de envergadura de asas e pesar até 15 kg. Essa espécie gigantesca é encontrada na Cordilheira dos Andes e pode ser vista na costa marítima chilena, onde se alimenta de animais marinhos mortos.
Em relação à alimentação, o condor-dos-andes prefere carcaças de animais grandes, como lhamas, alpacas e outros mamíferos. Na costa, alimentam-se de carcaças de peixes, focas, leões-marinhos e golfinhos.
Abutres
Assim como os urubus e os condores, os abutres são aves de rapina necrófagas, ou seja, alimentam-se de carcaças de animais mortos. Só existem na Europa, na Ásia e na África, enquanto os urubus e os condores são restritos às Américas, o que fez com que fossem chamados de abutres do Novo Mundo.
Apesar das enormes semelhanças, inclusive físicas, os abutres não pertencem à mesma família dos urubus e dos condores. Eles são da família Accipitridae, da qual fazem parte aves de rapina diurnas como as águias e os gaviões.
As semelhanças com os abutres do Novo Mundo, embora não sejam genéticas, explicam-se pelo fato dessas aves terem evoluído de forma bastante parecida. Mesmo habitando continentes distintos, os abutres do Novo e do Velho Mundo desempenham papéis parecidos na natureza.
O maior abutre da Europa é o abutre-preto (Aegypius monachus), que pode atingir três metros de envergadura das asas, um metro de altura e pesar até 14 kg. Com isso, são ligeiramente menores do que os condores-dos-andes.
Características das aves de rapina
As aves de rapina têm algumas características físicas bastante específicas, que as tornam excelentes predadoras. Conheça as principais:
- Visão aguçada - conseguem localizar suas presas a grandes distâncias. Possuem muitas células fotorreceptoras na retina, o que contribui para uma visão nítida;
- Garras afiadas - também conhecidas como tarsos, as garras são fortes e variam em tamanho e formato dependendo da espécie;
- Bico curvo e forte - seus bicos afiados são adaptados para arrancar a carne das presas, a forma do bico pode variar conforme a dieta da espécie;
- Asas longas e largas - as asas ajudam a voar bem, sustentando o peso do animal enquanto planam em busca da caça ou no momento de ataque;
- Sistema digestivo especializado - aves de rapina são adaptadas digerir carne muito bem, tendo ácidos estomacais capazes de processar rapidamente a carne e as penas das presas. Algumas espécies também possuem uma estrutura chamada moela, que ajuda a triturar os alimentos antes de serem digeridos;
- Comportamento territorial - essas aves definem e protegem seus territórios de outros animais, com exibições de voo e até mesmo confrontos físicos;
- Diferença em diurnas e noturnas - os hábitos de caça podem variar de uma espécie para outra, algumas aves caçam durante o dia (como as águias), outras durante a noite (como as corujas).
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