O que é etnocentrismo (com exemplos)
Etnocentrismo é um conceito da Antropologia que nomeia a ideia de que um grupo étnico ou cultura é o centro do mundo.
É o pensamento de que uma cultura ou etnia é melhor, ou mais importante que as outras.
O termo é formado pela justaposição da palavra de origem grega "ethnos", que significa "nação, tribo ou pessoas que vivem juntas", e "centrismo" que indica o centro.
Uma pessoa etnocentrista considera as normas e valores da sua própria cultura melhores do que as das outras. E é a partir dela, que enxerga e julga as outras culturas.
Isso pode representar um problema, porque frequentemente dá origem a ideias infundamentadas, preconceito e discriminação.
Uma visão etnocêntrica demonstra, por vezes, desconhecimento dos diferentes hábitos culturais, levando ao desrespeito, a depreciação e intolerância por quem é diferente. Em casos mais extremos, origina atitudes preconceituosas, racistas e xenófobas.
Este fenômeno pode atingir proporções drásticas quando culturas tecnicamente mais frágeis entram em contato com culturas dominantes e etnocêntricas.
Exemplos de etnocentrismo
Nazismo
Um dos mais marcantes exemplos de etnocentrismo da história é o nazismo. O nazismo é uma ideologia alemã, pregada por Adolf Hitler e seu seguidores, que defendia a ideia de superioridade racial alemã.
Segundo os nazistas, os povos germânicos pertenciam a uma raça pura e superior, que chamavam de raça ariana, e consideravam todas as outras "raças" inferiores.
Com base nesse pensamento, os alemães exterminaram milhões de judeus e outras etnias, o terror do genocídio ficou conhecido como Holocausto.
Hitler ganhou apoio da população alemã, atribuindo aos judeus a culpa da situação precária em que a Alemanha se encontrava no final da Primeira Guerra Mundial.
Entenda mais sobre o que foi o holocausto.
Colonização
Outro exemplo de etnocentrismo foi a colonização europeia nas Américas e na África. Ao chegarem nos territórios, os europeus se depararam com povos de hábitos e culturas diferentes das suas.
Julgavam-se superiores aos povos locais, os europeus impuseram os seus costumes, tradições, religião e idioma. No Brasil, os indígenas foram obrigados a seguir a religião cristã, sendo catequizados pelos jesuítas, e também eram forçados a adotar nomes portugueses. Esse processo é chamado de aculturação.
Os africanos, levados ao Brasil para serem escravizados, também tiveram suas tradições proibidas. Suas práticas religiosas foram condenadas e demonizadas, tendo sobrevivido na clandestinidade.
A crença europeia de que eram culturalmente superiores aos indígenas e negros escravizados justificou violências e dominação, cujos reflexos são presentes na sociedade brasileira até hoje.
Saiba mais sobre o que é aculturação, o que é relativismo e o que foi a colonização.
Movimentos supremacistas
São exemplos atuais de etnocentrismo. Os movimentos supremacistas são organizações descentralizadas que resgatam valores, geralmente, ligados ao nazismo.
Estão presentes em todo o mundo e acabam por disseminar ideias discriminatórias, vendo outras etnias, religiões ou mesmo nacionalidades como inferiores. Esses grupos se baseiam em pensamentos racistas, xenófobos e homofóbicos. São considerados criminosos em muitos países, inclusive no Brasil.
O que é etnocentrismo religioso
O etnocentrismo abrange vários aspectos da vida social e cultural, entre elas, a religião. Etnocentrista religioso é aquele que vê as outras religiões a partir da sua própria crença religiosa, julgando-as como erradas ou até perversas.
O etnocentrismo religioso acaba por provocar a intolerância religiosa e a discriminação. Mundialmente, um exemplo de religião que sofre devido ao etnocentrismo religioso é o islamismo. Seus praticantes são envoltos em estereótipos e acabam por viver a discriminação.
Já no Brasil, as religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, são as que mais sofrem com a intolerância religiosa.
Etnocentrismo no Brasil
O principal fenômeno social, cultural e econômico de caráter etnocentrista no Brasil foi a colonização. Durante esse processo, houve a inferiorização das culturas das populações indígenas e dos povos africanos.
Muitas línguas indígenas e tradições indígenas não conseguiram sobreviver a este período e deixaram de existir. Já os costumes africanos eram vistos como ruins e demonizados.
Esse processo acabou por fazer com que os valores dominantes na sociedade brasileira fossem os herdados dos europeus, especialmente as noções de bom e mau e religiosidade cristã.
Mesmo após o fim do domínio português, os valores europeus, também vistos como "valores ocidentais", se mantiveram como os predominantes.
Apesar da resistência dos povos originários e de ascendência africana, o que permitiu que as suas culturas não fossem abolidas e pudessem também moldar a cultura brasileira, ainda hoje algumas de suas práticas são alvo de discriminação.
Veja também o que é eugenia.
Diferenças entre etnocentrismo e relativismo cultural
O relativismo cultural é uma corrente de pensamento ou doutrina da Antropologia, cujo objetivo é estudar e entender as diferenças culturais.
Enquanto o etnocentrismo observa a outra cultura a partir dos seus próprios valores, o relativismo cultural tenta abordar as culturas de maneira mais isenta e sem olhar julgador.
É importante destacar que o relativismo cultural é uma ideologia que defende que os valores, princípios morais, o certo e o errado, o bem e o mal, são convenções sociais intrínsecas a cada cultura.
Um ato considerado errado em uma cultura não significa que o seja também, quando praticado por povos de diferente cultura.
Veja também o que é relativismo cultural e alteridade.